15.9.10

Pobreza: Presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade pede mais caridade aos centros sociais paroquiais

in Correio do Minho

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse hoje, em Fátima, que “talvez” haja centros sociais paroquiais a mais e caridade a menos, considerando que esta deve ser a matriz das instituições.

Aos jornalistas, à margem da XXVI Semana da Pastoral Social, o padre Lino Maia afirmou que as instituições sociais “fazem um trabalho excelente”, embora, “por vezes, até por causa da cooperação” e “também por algum envolvimento excessivo” dos dirigentes, “esquecem um bocado a sua origem”.

“Esquecem, no fundo, que o centro social paroquial só tem legitimidade enquanto instituição criada por razões de caridade, não apenas de solidariedade social, mas de caridade”, declarou, defendendo ser necessário “preservar a matriz cristã que é essencialmente a prática da caridade”.

Questionado sobre os desafios que se colocam aos centros sociais paroquiais na atualidade, o dirigente explicou que “o grande desafio” é, “para além de manterem as respostas que estão a dar”, abrirem-se “às situações de emergência que estão a surgir”.

“Esta é a questão: as instituições devem apenas cumprir aquilo que está acordado com o Estado ou devem ter uma elasticidade para responder às situações de fome, de desemprego, de solidão e outras?”, questionou.

Para o padre Lino Maia, “a resposta é manter as respostas que têm, mas abrirem-se de facto a estas novas situações e para iss o tem de estar envolvida a comunidade”.

“As comunidades, por vezes, veem que os centros sociais paroquiais têm bons infantários, boas creches, bons lares, bons centros de dia, trabalhos excelentes”, reconheceu, apontando a importância de respostas para as pessoas que, de repente, ficaram sós ou não têm com que pagar a renda da casa.

Confrontado com o facto de se estar a pedir mais a estas instituições quando se fala da sua sobrevivência e sustentabilidade, o presidente da CNIS reconheceu que “as instituições não podem fazer muito mais porque financeiramente estão com dificuldades”.

“Agora eu continuo a apelar para o envolvimento da comunidade e a comunidade è sensível”, comentou.

Segundo Lino Maia, “não houve até hoje nenhuma instituição a fechar portas” devido a dificuldades financeiras, reiterando que estão “sempre com dificuldades”.

“Há sempre uma comunidade que apoia, um dirigente que apoia, uma empresa que apoia, um engenho e uma arte que vêm ao de cima”, comentou, acrescentando que estas entidades “estão a responder a mais solicitações, a empregar mais gente e isto de facto é bonito”.

De acordo com dados disponibilizados hoje, da Direção Geral da Segurança Social, existiam a 31 de dezembro último 4949 instituições particulares de solidariedade social no país, sendo que destas 1174 eram centros sociais paroquiais.