8.9.10

Portugal devolveu dois milhões por usar do Fundo da Globalização

por Carla Aguiar, in Diário de Notícias

Mais de metade das verbas dadas por Bruxelas para apoiar vítimas de deslocalizações não foram usadas.

Portugal teve de devolver cerca de dois milhões de euros a Bruxelas por não ter utilizado mais de metade do total das verbas que lhe tinham sido atribuídas através do Fundo da Globalização, no prazo fixado. O valor foi confirmado ao DN pelo presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que gere as candidaturas àquele fundo, destinado a apoiar os desempregados vítimas de reconversões sectoriais e deslocalizações relacionadas com a globalização, com acções de formação.

Apesar de a taxa de desemprego rondar os 11% e o desemprego de longa duração se situar num nível recorde em Portugal, Francisco Madelino disse ao DN que a sobra de verbas se deveu a uma "candidatura sobreorçamentada optimista", partindo do pressuposto que todos os desempergados seriam envolvidos na medida, e "pessimista" na integração no mercado de trabalho. "Cerca de 30% dos trabalhadores elegíveis ao fim de um ano estavam empregados", disse. Na candidatura referente ao sector automóvel, os trabalhadores em condições de serem apoiados eram 1544, mas só menos de metade (636) é que o foram. Os restantes, diz o IEFP, "voltaram ao emprego". Já nos têxteis, foram mais os trabalhadores apoiados: em 1588 potenciais, "passaram pelas medidas 1068".

Francisco Madelino avança ainda outra explicação: "Algumas medidas mais dispendiosas, como o apoio ao empreendedorismo tiveram menos adesão, em troca de outras mais baratas".

A primeira candidatura de Portugal àquele fundo europeu foi entregue em 2008, para apoiar 1100 desempregados do sector automóvel. A última foi aprovada por Bruxelas na semana passada, visando a reinserção profissional de 839 trabalhadores da Qimonda, envolvendo 2,4 milhões de euros.