16.12.10

Violência no namoro: Metade das vítimas perdoa agressor

in Jornal Público

Um estudo que a investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) Suzana Lucas está a desenvolver revela que “50 por cento das vítimas de agressão no namoro perdoam o agressor”.

Suzana Lucas considera, de acordo com o mesma investigação, que aquela atitude resulta, em grande parte dos casos, do facto de “o amor se sobrepor à própria violência”.

Há, no entanto, outros factores, afirmou hoje Suzana Lucas à agência Lusa, à margem de uma conferência sobre “violência no namoro”, promovida pela Associação Académica de Coimbra (AAC).

A convicção, por parte da vítima, que a agressão que sofreu resultou de um ato isolado, que “o outro vai mudar” o seu comportamento ou “o medo de represálias” são as razões mais frequentemente apontadas pelas vítimas para justificaram o perdão ao agressor, acrescenta a investigadora.

Embora acredite que aquela atitude reflecte, de algum modo, a realidade, o estudo incide “apenas sobre 274 adolescentes vítimas de violência no relacionamento amoroso”, adverte Suzana Lucas, sublinhando que a investigação que está a desenvolver, no âmbito do seu doutoramento na FPCEUC, abrangerá mais de dois mil casos.

“Não são só os casais heterossexuais que vivem a violência”, alertou, por outro lado, durante a sua intervenção na conferência, Suzana Lucas, que também é autora do primeiro estudo sobre violência no namoro realizado em Portugal, em 2003.

“Tanto a mulher como o homem são vítimas de violência”, mas o tipo de agressão é, normalmente, diferente, frisa a investigadora, referindo que o agressor masculino pratica, na maior parte das situações, “violência física”, enquanto a mulher adopta mais a agressão “verbal e psicológica” e/ou “provoca ciúmes”.

Promovida pelo pelouro de Intervenção Cívica da AAC, em colaboração com a FPCEUC, a conferência integra-se na acções de “informação e sensibilização dos estudantes para este tipo de questões” que os atingem “tanto como ao resto da sociedade”, admite Patrícia Damas, representante da AAC.