13.1.11

Igreja Católica pede mais atenção à protecção social devido ao aumento de pobreza

in Jornal Público

A Igreja Católica recomendou hoje uma maior atenção às medidas de protecção social, sublinhando que se verificam cada vez mais situações de pobreza por todo o país, e criticou o Estado por não ter respondido a algumas “propostas inovadoras”.

“As recomendações são sobretudo a uma atenção às medidas de protecção social, porque achamos que há aqui uma certa crise da protecção social das pessoas, sobretudo daqueles que tinham rendimento social de inserção e foi cortado com estes reajustamentos e ficaram aflitos e há situações que vão crescendo”, defendeu o porta-voz da Pastoral Social, em declarações aos jornalistas, no final da reunião do Conselho Consultivo da Comissão Episcopal.

O bispo Carlos Azevedo lembrou que neste momento “os hospitais não têm capacidade e mandam pessoas para as instituições da Igreja Católica”, situação que se repete ao nível da Segurança Social, porque “não tem dinheiro”, o que revela a tal “crise da proteção social”.

“Sabemos que o desemprego vai continuar a aumentar neste ano e ao longo do próximo ano e, portanto, mais situações se vão agravar e também aqui o Estado tem de estar muito mais atento e dentro da sua míngua atender a quem mais está aflito, porque às vezes parece que está mais atento a quem tem muito e não tão atento a quem não tem nada”, sublinhou Carlos Azevedo.

Da reunião saiu a constatação de que se verificam cada vez mais situações de pobreza que “aparecem um pouco por todo o país” e um balanço do trabalho desenvolvido pelo Fundo Social Solidário, criado recentemente e que já atendeu 323 pessoas.

“A experiência do Fundo Social Solidário fez notar como há uma generosidade grande por parte das pessoas para socorrer e para partilhar mesmo estando em necessidade, o que é surpreendente em como começa a haver um sentido de partilha de bens entre as várias comunidades”, frisou.

Ao mesmo tempo, o bispo realçou que da parte do Estado não tem havido resposta, mesmo quando essa resposta tem que ver com propostas concretas apresentadas pelas instituições da Igreja Católica.

De acordo com o porta-voz da Pastoral Social, são sobretudo propostas de autoemprego que contam agora com a ajuda de instituições bancárias.

“Estamos continuamente atentos para que não seja uma ajuda que no mês seguinte vai voltar a ser pedida e a pessoa nunca sai da sua situação, mas antes começar a encontrar respostas de autoemprego e para isso é preciso algum fundo económico e há instituições bancárias que estão dispostas a fazê-lo”, revelou.

No final, Carlos Azevedo deixou ainda o apelo para que “nesta hora tão grave do ponto de vista social” haja uma participação e uma responsabilização cada vez maior por parte da sociedade portuguesa.