30.3.11

Constrangimentos no mercado de arrendamento trazem desalento à procura

Por Luísa Pinto, in Público On-line

O peso do mercado de arrendamento nas pesquisas residenciais que são realizadas começou a sofrer uma erosão. Apesar de se manterem com uma relevância entre os 15 e os 20 por cento da procura, no último catálogo de estudos divulgado pela associação do sector, referente aos meses de Janeiro e Fevereiro, nota-se que também neste segmento começa a haver algum desalento e menos buscas.

As dificuldades no acesso ao financiamento bancário para compra de habitação já são “endémicas”, segundo a Associação Portuguesa das Empresas de Mediação Imobiliária (Apemip), e o peso estrutural no lado da procura do segmento de arrendamento tem-se mantido nos 20 por cento – e isso não mudou no último bimestre. Porém, e em termos das pesquisas residenciais realizadas, a procura de casas para arrendar não só foi a mais baixa desde Dezembro de 2009, “como sofreu uma forte erosão nos principais distritos imobiliários do país”, lê-se no ultimo catálogo de estudos da Apemip.

Em Lisboa, a procura de casas para arrendar passou a representar 23,4 por cento das pesquisais imobiliárias efectuadas nos motores de busca da associação (PortaYes), uma queda de quase três pontos percentuais. No Porto, passou de 24,4 por cento para 21,2 por cento, e em Setúbal passou de 15,8 por cento para os actuais 13,4 por cento.

A Apemip encontra algumas razões para este “desalento”. Em primeiro lugar, “o desajustamento do mercado imobiliário no seu segmento de valor mais baixo, com a procura a exceder largamente a oferta” – a uma incidência de pesquisa de 20,3 por cento, face a uma disponibilidade imobiliária que se cifra em 8,3 por cento.

Em segundo lugar, a Apemip refere a incapacidade de a “oferta imobiliária se adaptar rapidamente às necessidades de um mercado de arrendamento que, “forçado” pela conjuntura actual, cresceu e tende a cristalizar-se como nicho de mercado com uma dimensão considerável”. Por fim, a “já endémica restritividade bancária, apontada pela generalidade dos actores, como um dos principais obstáculos que o sector enfrenta, foram ao longo do último trimestre de 2010, três dos seus principais traços distintivos”.

Segundo a Apemip, 46,4 por cento dos interessados que pesquisam casa para arrendar, procuram um imóvel com renda mensal situada entre os 300 e os 500 euros, quando a oferta apenas consegue assegurar 32,5 por cento de fogos disponibilizados nestas condições.