26.4.11

Jorge Sampaio em defesa dos serviços públicos essenciais

in RR

O antigo Presidente da República considera que Portugal é um país de “profundíssimas desigualdades”.

Jorge Sampaio defendeu ontem, na RTP, o Estado Social, considerando que os serviços públicos essenciais têm que ser garantidos.

“Nós temos, segundo todos dizem, dois milhões de pessoas abaixo do limiar da pobreza e temos quatro milhões que não pagam IRS. Nisto, estão seis milhões de pessoas, ou seja, a maioria da população portuguesa. Estas pessoas não podem ir para um hospital privado, não têm dinheiro para isso, não há seguro que pague isso. E isto demonstra que temos que defender os serviços públicos que são essenciais para um país de pessoas onde há profundíssimas desigualdades”, argumentou.

Na mesma entrevista, o antigo chefe de Estado deixou um renovado apelo à unidade, considerando que o momento actual do país “não se compadece com crispação de nenhuma espécie”.

“Estamos cheios de crispação, estamos cheios de falta de diálogo e, portanto, é preciso apresentar aos portugueses uma face aberta, responsável e, digamos, sincera com as opções que entretanto cada um for capaz de pôr em cima da mesa”, considerou.

Antes, na cerimónia que assinalou os 37 anos da Revolução de 25 de Abril, Jorge Sampaio apelou também à responsabilidade de todos para enfrentar os momentos difíceis que temos à frente: “A hora exige tudo de todos nós”.

O ex-Presidente foi um dos chefes de Estado pós-25 de Abril que participou e discursou nas cerimónias da Revolução, que ontem tiveram lugar no Palácio de Belém. Na sua intervenção, Sampaio mostrou-se bastante crítico face à sociedade civil, que acusou de “comodismo, alheamento, indiferença e má língua inconsequente, como se tudo lhes fosse devido e eles não devessem nada ao país”.