27.10.11

Crise pode tornar pensões mais cobiçadas pelos familiares

in Jornal de Notícias

A Associação de Apoio à Vítima alertou, esta quinta-feira, que a crise económica e financeira pode levar a um aumento da violência sobre os idosos, nomeadamente o aproveitamento das pensões por parte de familiares.

"Temos algum receio, nos tempos que correm com a crise financeira (...) de algum aproveitamento abusivo de pensões ou outro património por outros familiares ou de pessoas chegadas. Nalguns casos até mesmo de situações de sequestro", afirmou o director executivo da Associação de Apoio à Vítima (APAV), João Lázaro.

O responsável da APAV, que falava à agência Lusa à margem de um seminário organizado pela associação e que decorre, esta quinta-feira, em Odivelas, subordinado ao tema "O envelhecimento activo e sem violência", disse temer que a crise origine um retrocesso no combate à violência e silencie as vítimas.

"Quem trabalha no terreno sabe que muitas das situações de violência poderão não ser denunciadas ou rompidas pelas próprias vítimas por falta de alternativas, uma vez que muitas delas ficam financeiramente mais dependentes", sublinhou.

João Lázaro referiu também que o número de casos registados de violência contra idosos tem vindo a aumentar desde 2000, mas que esses números podem também significar que as pessoas estão a perder o medo de denunciar.

"Os dados de participação no Ministério Público e na Procuradoria-geral da República parecem começar a reflectir mais aquilo que na prática acontece. Isso por um lado é encorajador, mas por outro lado demonstra que há ainda muito a fazer ao nível da formação e do melhoramento dos instrumentos jurídicos", disse.

No seminário participou também Maria João Quintela, da Direcção Geral da Saúde, que abordou o tema do envelhecimento saudável e defendeu a necessidade de se olhar de forma diferente para as pessoas com mais idade.

"A nossa sociedade está cheia de preconceitos em relação à idade e, no entanto, ninguém envelhece da mesma forma. De uma vez por todas temos de decidir se é bom ou mau vivermos mais tempo", argumentou.

Sexta-feira assinala-se o Dia Mundial da Terceira Idade, uma data proclamada pelas Nações Unidas.