26.10.11

Censos 2011: Interior do país está a "extinguir-se"

in Jornal de Notícias

O Interior do país está em extinção, com o acentuar das assimetrias em relação ao Litoral, na última década, e cada vez mais despovoado e envelhecido, alertou a presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia.

Numa análise aos resultados preliminares dos Censos de 2011, comparando com os de 2001, a responsável, Maria Filomena Mendes, acentuou à agência Lusa a progressão na dicotomia Litoral/Interior existente no país.

"A dicotomia Norte/Sul que tínhamos antes desapareceu e passámos a ter uma dicotomia Litoral/Interior. Já entre 1991 e 2001 havia um país diferente no Interior e um país diferente no Litoral", afirmou.

Agora, continuou, os que os dados dos Censos 2011 mostram é que, adicionalmente, na última década, "o Interior está a extinguir-se e [a população] está a passar para as regiões mais litorais".

O Interior "está todo a perder população, porque a nossa fecundidade baixou muito nos últimos anos e não há nascimentos que consigam compensar os óbitos", explicou.

Daí que, sublinhou, o Interior esteja, "neste momento, "despovoado e envelhecido", sendo uma vasta área do território nacional "sem crescimento e sem atractividade".

No país, segundo a presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia, acabam por existir "duas bolsas, que são as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto", onde a população cresce.

A estas, disse, juntam-se a Lezíria do Tejo, "com aqueles concelhos mais colados à área metropolitana de Lisboa, ainda com algum crescimento", e o Algarve, "com um crescimento significativo".

Em termos de decréscimo populacional no país, a NUT II (Nomenclatura de Unidade Territorial) Alentejo, que engloba os 47 concelhos da região e 11 da Lezíria do Tejo, é a que perdeu mais habitantes, com uma variação negativa de 2,3 por cento, numa comparação entre 2001 e 2011.

Maria Filomena Mendes, também docente na Universidade de Évora, argumentou que o Alentejo segue a tendência verificada em todo o interior do país. O que se passa, acrescentou, é que o Alentejo já perde população "há mais anos", em comparação com outras regiões nacionais.