27.10.11

Consumidores com mínimos históricos de confiança

in Jornal de Notícias

O indicador de confiança dos consumidores atingiu, este mês de Outubro, um nível historicamente baixo, enquanto o indicador de clima económico também se aproximou de níveis negativos recorde.

Segundo dados divulgados, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o indicador de confiança dos consumidores (medido através de inquéritos a particulares) caiu este mês porque as famílias manifestaram pessimismo quanto à evolução de todas as componentes do índice: o desemprego, a variação dos seus rendimentos, a capacidade de poupar e a situação económica geral do país.

Quanto ao indicador de clima (calculado através de inquéritos a empresas vários sectores de actividade), baixou em Outubro, como ocorreu em todos os meses deste ano, aproximando-se dos mínimos atingidos em Abril de 2009.

Estes resultados vêm na sequência do anúncio pelo governo de novas medidas de austeridade visando garantir o cumprimento de metas orçamentais - como por exemplo o cancelamento dos subsídios de férias e Natal para funcionários públicos e pensionistas.

Ao mesmo tempo, as previsões oficiais para a evolução da economia portuguesa agravaram-se. No início de Outubro, o Banco de Portugal reviu as suas projecções para uma quebra de 1,9% do PIB este ano e 2,2% no próximo, e uma taxa de inflação de 3,5% em 2011 e 2,4% em 2012.

Perante este cenário o indicador de clima económico caiu para -2,9 pontos, próximo do mínimo histórico (-3,1), atingido em Abril de 2009 (mês em que o INE passou a utilizar uma nova amostra para os seus cálculos).

Este mês, a degradação da confiança foi transversal a quase todas as séries de base do indicador de clima económico. Em várias registaram-se mínimos históricos.

No indicador relativo à construção e às obras públicas, as expectativas do sector continuam a ser muito negativas, tendo-se atingido valores mínimos tanto na apreciação da carteira de encomendas actual como nas perspectivas de evolução de emprego de curto prazo.

Também no comércio se atingiram recordes negativos relativamente às expectativas de evolução da actividade nos próximos três meses, tanto entre grossistas como retalhistas.

É igualmente nas expectativas quanto à evolução da actividade no curto prazo que se registam recordes negativos no sector dos serviços. O INE assinala valores mínimos históricos na confiança nas actividades de informação e comunicação, artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas.

Relativamente ao inquérito aos consumidores, o recorde negativo atingido este mês é resultado de um pessimismo crescente dos inquiridos em relação a todas as questões colocadas. No entanto, o "contributo mais expressivo" veio das expectativas sobre a evolução da situação económica nacional, assinala o INE.