24.1.12

"Só se preocupam com empresas e esquecem as pessoas"

in Diário de Notícias

O diretor da Deco defendeu que para combater a crise financeira é preciso "controlar melhor" os direitos dos consumidores, acusando o poder político de estar apenas centrado nas empresas e de esquecer as pessoas, os compradores.

"A forma de resolver estas crises não é retirando direitos aos consumidores, mas reforçando os que existem, isto não quer dizer criar mais direitos, mas sim controlar melhor", defendeu o diretor da Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (Deco), Luís Silveira Rodrigues, em declarações à agência Lusa.

Para o diretor da Deco, parte da situação financeira atual é resultado de uma "ineficaz regulação de determinados sectores de atividade" e da falta de aplicação das normas existentes, como aconteceu com a banca que concedeu empréstimos a famílias "ultrapassando todas as normas de prudência".

"Quer as taxas de juros que praticou quer os critérios que utilizou para dar créditos a particulares e a empresas, a banca ultrapassou todas as normas de prudência", lembra Luís Silveira Rodrigues, defendendo que o regulador se deveria preocupar mais com o grau de endividamento das famílias em detrimento dos resultados da banca.

Luís Silveira lembrou os alertas lançados pela Deco que chamavam a atenção para o facto de as famílias estarem a atingir "graus de endividamento insuportáveis", recordando a reação do regulador que garantia "não existir um problema de endividamento em Portugal".

"O regulador está preocupado apenas com os resultados da banca e não se preocupa com o grau de endividamento das famílias", acusou o diretor da Deco.

Para Luís Silveira Rodrigues, o pensamento e atuação dos governantes também está no sentido errado: "O que sentimos da parte do poder político e da Comissão Europeia é que é preciso salvar a economia e a economia são as empresas".

"Claro que isto não é o discurso oficial, mas sim o que lemos nas entrelinhas e que vemos na atuação. A grande preocupação da União Europeia é a regulação do mercado interno e, no segundo nível, a proteção do consumidor", lembrou.

Para o responsável da Deco, o discurso vai "no sentido errado" uma vez que "não será desta maneira que se vai resolver a crise nem evitar que surjam crises semelhantes".

Luís Silveira acredita que "2012 ainda será um ano de grande preocupação para os consumidores", esperando que 2013 seja finalmente "um ano de viragem".