13.4.15

Comunidade cigana atua na Casa da Música

Catarina Ferreira, in Jornal de Notícias

"Amo-te, amo-te, amo o teu amor...." Artur, guitarrista de serviço, canta o refrão celebrizado por Xano, enquanto rasgueia a guitarra por rumba. Sónia Baptista, professora do Balleteatro, e Diogo, adolescente cigano, arrancam palmas e olés dos demais, enquanto dançam no ensaio do projeto "Romani", no bairro da Biquinha.

Este domingo, a cena repetiu-se no ensaio aberto, na Casa da Música (CdM), às 15 horas. A estreia está marcada para 29 de Abril, dia Mundial da Dança.

Iara balanceia os cabelos longos e negros e abre as mãos em leque, consegue arrancar Melissa e o seu meio sorriso para que dance com ela. Passada a improvisação, Sónia Baptista passa a comandar as técnicas e a comunidade cigana, repetindo o sapateado originalmente criado por uma bailarina do Seixo. Ao seu lado está Andreia que sabe a sequência de cor, mas num segundo falha-lhe um pé e corre porta fora nervosa. As amigas saem com ela, responde irritada "Achas que eu vou dançar na Casa da Música?".

A volatilidade deste coletivo de quase 90 pessoas, entre as comunidades ciganas do Seixo e da Biquinha, os músicos da CdM e os alunos finalistas do Balleteatro é "muito interessante e traz adrenalina", explica Isabel Barros, diretora do Balleteatro.

Lilia Pinto, da divisão de promoção social da Câmara de Matosinhos, explicou que " há uma série de regras da comunidade que é preciso respeitar. Por exemplo, este domingo, um membro da comunidade foi operado e há um défice significativo do número de pessoas presentes. Estão todos no hospital, há um sentido de comunidade muito forte".

O objetivo deste trabalho é aceitar, valorizar e dignificar a cultura cigana. Quando lhes foi proposta a ideia de fazer uma coisa com o Balleteatro para ser apresentada na Casa da Música, foram feitas reuniões com os grupos. "No Seixo, como a igreja Filadélfia está associada, foi mais fácil. Na Biquinha, ainda é um processo em construção, eles são bastante imprevisíveis. Mas é preciso ter um número certo para a Casa da Música poder fechar a folha de sala", contou Lurdes Queirós, vereadora de ação social da Câmara da Matosinhos.

Quanto à apresentação na Biquinha, ficou com a parte do projeto das danças do Mundo. No Seixo, como a comunidade faz parte da Igreja Filadélfia, farão músicas e danças exclusivamente relativas ao culto, concluiu a vereadora.