7.11.19

Trabalho dos voluntários da Web Summit vale cerca de um milhão de euros

Joana Gonçalves, in RR

Cerca de 2.700 voluntários ajudam no funcionamento da máquina de um dos maiores eventos tecnológicos do mundo. A Renascença perguntou a uma empresa de recursos humanos quanto vale este trabalho.

A mais recente edição da Web Summit, a decorrer esta semana em Lisboa, arrancou com um número recorde de 70 mil participantes, de mais de 160 nacionalidades diferentes. E em linha com o cenário de edições anteriores, também este ano a organização contou com o apoio de milhares de voluntários.

De acordo com a informação divulgada esta quarta-feira pela organização da cimeira tecnológica, a edição deste ano, a 4.ª em Portugal, soma 2.700 voluntários que, ao que a Renascença apurou, cumprem 9 horas de trabalho diário, com direito a um dia para visitar a feira e assistir às conferências.

A carga de trabalho pode chegar às 18 horas diárias no caso dos voluntários que optam por trabalhar menos dias. À Renascença, uma das mais relevantes empresas de recursos humanos em Portugal adianta uma estimativa de custo, que avalia o trabalho destes voluntário em 976.860 euros, tendo em conta o valor do pedido e não apenas o valor de tabela.

“Para um evento de quatro dias, onde a necessidade é de 2.700 hospedeiras/comissários durante 9h/dia, o valor a considerar, em jeito de estimativa, é de 976.860 euros”, adianta a Randstad, tendo já em conta o dia de descanso, para visita à cimeira, a que todos os voluntários têm direito.

A Randstad esclarece ainda que, “perante estes perfis, e face à muito curta duração da atividade, [os voluntários] são regra geral prestadores de serviços, o que por outras palavras significa que respondemos a estas consultas com uma realidade de recibos verdes (fatura-recibo)”.

“O perfil não é exigente em termos de competências técnicas, mas pedem-nos pessoas com uma presença física apelativa e exigente, com forte capacidade de comunicação, simpatia e disponibilidade”, acrescenta a empresa especializada em recursos humanos e trabalho flexível.

Apesar de cumprirem uma carga horária exigente, os voluntários encaram a participação na Web Summit como uma oportunidade única para “reforçar a rede de contactos”.

“Vim porque tenho muito interesse por assuntos internacionais e acho que esta é uma experiência que me vai ajudar a desenvolver outro tipo de qualidades, para além de conhecer outras pessoas”, explica à Renascença Mariana Pinho.

Enquanto voluntária da Web Summit, a estudante de 20 anos está encarregada de orientar os participantes à entrada do Altice Arena e no interior do pavilhão.

“Nos dias em que venho faço o turno das 7h às 16h, portanto chego aqui às 6h30 e depois às 16h, quando acabar o turno, vou visitar um pouco a Web Summit antes de me ir embora.”

Contactada pela Renascença, a organização da Web Summit remete uma resposta oficial para o final da conferência.

Costa diz que ministro da Educação já foi voluntário e "fez-lhe bem"
Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro, António Costa, responde que muitos jovens são voluntários para conhecerem um grande evento por dentro e para reforçarem a sua formação.

“Este evento, como grande parte dos eventos, vive de diversas formas e também de muitos voluntários. E por que é que são voluntários? Muitos deles são voluntários porque acham que é uma excelente oportunidade para poderem conhecer o evento por dentro, participarem por dentro nesta experiência, terem contacto com toda esta realidade e isso também contribui para a sua própria formação”, defende António Costa.

“Temos um programa específico de apoio às ‘startups’ portuguesas, que é um concurso que abrimos todos os anos, que designamos ‘Road to Web Summit’, para apoiar ‘startups’ portuguesas a estarem aqui, apresentaram os seus projetos sem terem de costear a sua participação aqui. Muitos destes voluntários estão aqui para poderem viver esta experiência por dentro”, sublinha.

O primeiro-ministro deu mesmo o exemplo do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que foi voluntário durante a Expo98.

“Há 21 anos, lembramo-nos todos do que foi a Expo98 e nessa altura houve dezenas, centenas, milhares, de voluntários. O senhor ministro da Educação foi aqui voluntário no Expo98 e foi, não porque a Expo estivesse aqui a explorar, mas porque quis viver por dentro esta experiência que também a Expo lhe proporcionou”, declarou António Costa.

Tiago Brandão Rodrigues disse não teria como participar na Expo sem ser como voluntário e o primeiro-ministro respondeu: “e fez-lhe bem essa experiência de voluntariado”.
[notícia atualizada às 20h10 - com declarações do primeiro-ministro]