5.5.23

OMS decretou o fim da pandemia de covid-19 como emergência sanitária global

Marta Leite Ferreira, in Público



Director-geral da OMS decretou em conferência de imprensa que a covid-19 deixou de ser considerada uma emergência sanitária global. Nível máximo de alerta estava activo desde 30 de Janeiro de 2020.



Mil, cento e cinquenta (1150) dias depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado a covid-19 uma pandemia, chega outro anúncio histórico: a doença provocada pelo SARS-CoV-2 deixou esta sexta-feira de ser considerada uma emergência sanitária global.



Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, confirmou que aceitou a recomendação do comité de emergência para baixar o nível de alarme: "É com grande esperança que declaro o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global." E prosseguiu: "Ontem [quinta-feira], o comité de emergência reuniu-se pela 15.ª vez e recomendou-me que declarasse o fim da emergência global. Eu aceitei esse conselho."


Desde que o coronavírus foi detectado na cidade chinesa de Wuhan até agora, a covid-19 já foi responsável pela morte de cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo, quase 27 mil das quais em Portugal. O nível máximo de alarme em torno da covid-19 foi decretado pela primeira vez a 30 de Janeiro de 2020, há 1191 dias. A 11 de Março desse ano foi, então, considerada uma pandemia.


Nesse dia, as autoridades portuguesas registavam um total de 59 casos confirmados de infecção desde o dia 2 de Março. Agora, e de acordo com as informações mais recentes da Direcção-Geral da Saúde (DGS), são já perto de 5,6 milhões os casos diagnosticados com o SARS-CoV-2, que durante muito tempo era conhecido sobretudo como "novo coronavírus". A sua disseminação condenou a população portuguesa (e de milhões de pessoas por todo o mundo) ao confinamento domiciliário em vários períodos até 2022.


As escolas encerraram, as ruas ficaram desertas e os profissionais de saúde enfrentaram provações históricas para atenderem aos milhares de casos internados que acorriam aos hospitais em todo o mundo. Nos piores momentos da pandemia, o país assistiu à morte de centenas de pessoas por dia à conta da covid-19 enquanto se habituava às novas rotinas (muitas delas já abandonadas): era preciso usar máscaras, realizar testes rápidos antes de se aceder a restaurantes e manter o isolamento sempre que havia um contacto de risco.


Até agora, a covid-19 era considerada uma "emergência sanitária global" (o nível de alerta máximo emitido pela OMS) por tratar-se de um evento extraordinário, representar um risco à saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional e requerer uma resposta internacional coordenada.


Mas o Comité de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional concluiu, numa sessão deliberativa esta quinta-feira, que a covid-19 já não pode ser considerada "um evento incomum ou inesperado", mesmo tendo em consideração que o vírus continua a evoluir e a circular. Por isso, já não obedece aos parâmetros para ser classificada como emergência sanitária global.


Na conferência de imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus adiantou que a pandemia está "em tendência de queda, com a imunidade da população a aumentar devido à vacinação e infecção, a mortalidade a diminuir e a pressão sobre os sistemas de saúde a decrescer". Num comunicado publicado entretanto pela OMS, a organização considerou que "está na hora de fazer a transição para a gestão de longo prazo da pandemia" porque "a covid-19 é agora um problema de saúde estabelecido e contínuo".