Mostrar mensagens com a etiqueta "Habitação Hoje"-Jovens. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta "Habitação Hoje"-Jovens. Mostrar todas as mensagens

21.9.23

Regresso a casa dos pais é solução para quem não consegue ser economicamente independente

por Diogo Pereira - Antena 1, in RTP


Há cada vez mais jovens a regressar para casa dos pais por não ser capaz de pagar uma renda e viver financeiramente independente.
Sandra Faria é um desses casos e aos 27 anos viu-se forçada a dar um passo atrás e a voltar para casa da mãe.

Refere que os preços incomportáveis, no mercado de arrendamento e esta foi a única solução que encontrou.


1.9.23

No país em que habitação não rima com nova geração

Paulo Baldaia e Salomé Rita Sonoplasta,  in Expresso

Neste episódio, conversamos com as jovens jornalistas Mara Tribuna e Raquel Albuquerque sobre os desafios da nova geração


Encontrar quarto para estudantes universitários deslocados ficou ainda mais difícil este ano. Com o curso completo, mesmo em empregos que oferecem melhores remunerações, pagar casa própria é impossível e muitos jovens com talento emigram. O governo português sugeria que seja a Comissão Europeia a liderar o combate contra os altos preços da Habitação mas, por cá, o problema começa nos salários. Neste episódio, conversamos com as jornalistas Mara Tribuna e Raquel Albuquerque.


Neste podcast diário, Paulo Baldaia conversa com os jornalistas da redação do Expresso, correspondentes internacionais e comentadores. De segunda a sexta-feira, a análise das notícias que sobrevivem à espuma dos dias. Oiça aqui outros episódios:

23.8.23

“A questão estrutural é o mercado de trabalho”

Joana Ascensão, in Expresso


Um jovem que até aos 30 anos aufira um salário baixo, perante os preços da habitação e o custo de vida em geral, terá maior dificuldade em se autonomizar mesmo passada essa “fronteira” de idade. Por consequente, atrasa alguns ciclos de vida. A fatura pode chegar para outras gerações, com o desequilíbrio do “contrato social”

Por que razão os jovens saem cada vez mais tarde de casa dos pais?

Se olharmos para os jovens até aos 24 anos, deve-se ao facto de estarem a frequentar o ensino superior. Já os jovens da faixa etária seguinte, dos 25-34 anos, estarão em plena vida ativa e numa idade de maior autonomização e de construção de um percurso profissional. Neste segundo grupo, sem dúvida que a razão estrutural tem que ver com o mercado de trabalho e as dinâmicas de funcionamento, cuja precariedade e baixos salários afetam mais os jovens do que os seniores. Outro fator conhecido e muito discutido são as insuficiências do mercado de habitação, um fenómeno que não está a afetar só as grandes cidades, mas a avançar paulatinamente para o interior do país e para as cidades médias.

Como se explica esta disparidade salarial entre gerações?

Com o grande aumento das pessoas com ensino superior, seria de esperar que a formação qualificada fosse valorizada no mercado de trabalho. A geração anterior entrou num mercado com menos pessoas qualificadas e, portanto, essas pessoas não tinham tanta “concorrência”. Hoje em dia já não é assim. Se o ensino superior continua a garantir alguma vantagem salarial, ela tem diminuído com o tempo. Depois, a economia portuguesa sempre foi assente em baixos salários. Há algumas profissões bem remuneradas, mas, como se sabe, em muitas não só não há perspetivas como não há valorização.

Que consequências sociais o tombo de uma geração pode ter para o país?

O adiamento da entrada na vida adulta tem impacto na natalidade, por exemplo. Teoricamente, quanto mais tarde se sai de casa dos pais, mais tarde se tem filhos. Claro que se pode ter filhos em casa dos pais, mas se pensarmos num projeto de vida que passe por uma conjugalidade e vida em comum, sabemos que esse projeto será adiado. Ora, o adiamento da natalidade tem consequências sociais além dos próprios jovens. Vemos políticas públicas que tendem a favorecer esses projetos, como as creches gratuitas, mas dificilmente resultam se tudo à volta dificultar.

Esta geração dos baixos salários conseguirá suportar as reformas dos que se irão aposentar daqui a 20 anos?

Não sabemos. A sustentabilidade da Segurança Social está assegurada, entre aspas, nas condições atuais e previstas. Sabemos que as pessoas daqui a 20, 30 ou 40 anos vão receber reformas muito mais baixas do que receberiam se se reformassem agora. Mas o contrato social de bem-estar que existe na Europa é baseado na solidariedade entre gerações, em que uma geração assegura o bem-estar da geração que a antecedeu. De facto, não é por acaso que as políticas europeias estão preocupadas com a empregabilidade jovem e a sua inclusão social — porque ela, pensada de forma ampla, incluindo a habitação, é fundamental para manter este contrato social. No futuro vamos ter menos população: menos pessoas terão de sustentar mais pessoas e mais idosas. Se as medidas que temos são eficazes? Tenho as minhas dúvidas.

31.7.23

Esmagadora maioria dos jovens entre os 15 e 24 anos ainda vive com os pais

Por Lusa, in TSF

É o quarto valor mais elevado na União Europeia.


A independência é cada vez mais difícil de alcançar para os jovens portugueses e a esmagadora maioria, entre os 15 e os 24 anos, ainda vive com os pais, apesar dos crescentes níveis de qualificação no país.


Em Portugal, 95% dos jovens entre os 15 e os 24 anos ainda viviam com os pais no ano passado. É o quarto valor mais elevado na União Europeia e quando comparado com a realidade no país há duas décadas (em 2004, eram apenas 86%) traduz "uma mais difícil independência".


As conclusões constam de um relatório da Pordata divulgado no domingo e que traça um retrato dos jovens, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que decorre entre terça-feira e domingo em Lisboa.

Em média, os jovens não conseguem sair de casa dos pais até aos 30 anos.

"Há vários fatores que explicam isso", disse à Lusa o presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), referindo, como exemplo, as condições de trabalho dos jovens em Portugal.

De acordo com os dados, seis em cada 10 jovens empregados têm vínculos de trabalho precário - uma realidade que afeta 14% dos trabalhadores entre os 25 e 64 anos - e cerca de metade diz estar nessa situação por não conseguir encontrar trabalho permanente.

Portugal é o 5.º país da União Europeia com maior proporção de jovens com vínculos de trabalho precários e posiciona-se em 7.º no que respeita às maiores taxas de desemprego jovem, que afeta um em cada cinco.

O relatório identifica ainda um número significativo de jovens (quase 25%) em situação de pobreza ou exclusão social.

Por outro lado, Gonçalo Saraiva Matias refere a questão da habitação como fator explicativo e recorda um estudo divulgado na quinta-feira pela FFMS, e que confirma a subida do preço das casas.

"Na última década, houve o aumento muito grande dos preços da habitação e uma diminuição da oferta. Perante um cenário de empregos precários, empregos mal pagos, e de um aumento muito grande do preço da habitação, é evidente que o número de jovens a viverem com os pais aumenta e a capacidade de os jovens saírem de casa cedo diminui", explicou.

Estes indicadores contrastam, no entanto, com os crescentes níveis de qualificação, acima da média europeia. A esmagadora maioria dos jovens entre os 20 e os 24 anos têm, no mínimo, o ensino secundário e 30% concluíram o ensino superior.

"De acordo com a avaliação das competências digitais, a partir de um conjunto de atividades realizadas nos diferentes dispositivos eletrónicos, Portugal encontrava-se em 5.º lugar entre os países da União Europeia em que os jovens, entre os 16 e os 24 anos, apresentam competências digitais básicas ou acima do básico", acrescenta o relatório.

Ainda assim, Gonçalo Saraiva Matias não considera que a melhoria das qualificações dos jovens e a cada vez maior dificuldade em serem independentes representem cenários contraditórios e entende que explicam o motivo para a emigração de muitos jovens.

"O país ofereceu aos jovens oportunidades de formação que aproveitaram, mas depois não lhes oferece oportunidades no mercado de trabalho e por isso eles saem", sustentou.

Inverter essa tendência implicaria, por exemplo, "criar condições para os jovens terem bons empregos e bons salários em Portugal" e políticas públicas de habitação sobretudo direcionada aos jovens, defendeu o presidente do Conselho de Administração da FFMS.

Quanto a outros indicadores, o retrato da Pordata aponta melhorias nos hábitos de saúde dos jovens em Portugal, com a diminuição a percentagem de jovens que afirma nunca praticar desporto (um em cada 3) ou que fuma diariamente (9%).

No que respeita à religião, sete em cada 10 jovens dizem ser católicos, enquanto cerca de 22% dizem não ter religião.