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2.8.23

Quais os concelhos onde as casas valem mais? E onde valem menos?

Rita Robalo Rosa, Jornalista, in Expresso


Lisboa e Fundão estão separados por mais de 200 quilómetros, e por quase 3000 euros no valor do metro quadrado, segundo os dados do INE divulgados esta quarta-feira. Veja onde as casas valem mais e onde valem menos


Em junho, o valor mediano com que os bancos avaliaram as casas em Portugal atingiu um novo recorde, de 1518 euros por metro quadrado (m2), mais oito euros que em maio, segundo os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Lisboa leva o ‘ouro’: é o município onde as casas são avaliadas com o valor mais alto. Já o Fundão está na ponta oposta da tabela.


O valor mediano das avaliações bancárias da habitação registado em junho representa um aumento de 7,9% face a junho de 2022 e uma subida de 0,5% face ao mês anterior.

Por tipo de alojamento continua a ser nos apartamentos que se encontra o valor mais alto por metro quadrado (1692 euros, mais 8,3% que no mês homólogo). Já as moradias foram avaliadas em 1173 euros por m2, mais 4,5% que em junho do ano passado.

Desde pelo menos 2011, quando a série do INE começou, que o m2 dos apartamentos tem um valor superior ao das moradias - o que não significa que os apartamentos sejam mais caros: o preço unitário de cada imóvel dependerá da respetiva área, e as moradias, na sua maioria, têm um tamanho superior.

De recordar que o valor mediano das avaliações está também dependente do número de avaliações bancárias feitas pelos bancos às casas dos portugueses e, no mês em análise, o número de avaliações diminuiu em relação ao mês anterior. Foram feitas cerca de 23 mil avaliações, menos 1,4% que em maio e menos 21,3% que junho do ano passado.


O PRIMEIRO LUGAR DE LISBOA

Lisboa continua a ser, de longe, o concelho onde as casas são avaliadas com o valor mediano mais elevado: 3708 euros por m2, mais 46 euros que em maio e mais 279 euros que em junho. A capital tem uma diferença de mais de 700 euros para Cascais (2957 euros por m2) e uma diferença de mais de 1500 euros para o último entre os 10 concelhos onde as casas valem mais, Loures (2161).

Neste ranking, metade dos concelhos pertence à AML. Além dos três já mencionados, encontram-se também Odivelas e Oeiras.

Do Algarve há quatro municípios, sendo Lagos aquele que tem o valor mais elevado da região (2571 euros por m2). Além de ser o concelho algarvio com o valor do m2 mais elevado, foi também o concelho do país em que o m2 mais se valorizou desde junho de 2022, tendo registado um acréscimo de 518 euros.

Face a maio, a maior subida do valor do m2 foi verificada em Tavira (mais 213 euros), também um dos concelhos mais caros.

Além dos já referidos, todos os outros municípios presentes neste ‘top 10’ viram o valor mediano da avaliação bancária subir face ao mês anterior e face a junho de 2022.

E se analisarmos todos os concelhos para quais há dados disponíveis (118 dos 308 municípios portugueses), verifica-se que o valor mediano com que os bancos avaliaram as casas caiu em 37 municípios, ficou igual em cinco e subiu nos restantes, quando comparado com o mês anterior. Já face ao mês homólogo, apenas houve um recuo no valor do m2 em dez municípios.

FUNDÃO TEM O METRO QUADRADO MENOS VALIOSO


É no Fundão que os bancos avaliaram as casas em junho com o valor mais baixo: 752 euros por m2, menos cinco euros que em maio e menos 17 euros que em junho do ano passado.

Nesta zona, perto da Serra da Estrela, há mais dois concelhos neste ‘top 10’ com o m2 mais barato: Castelo Branco e Guarda. Os restantes encontram-se espalhados pelo país.

Entre estes dez concelhos, só no Fundão e em Castelo Branco é que o valor do m2 recuou face a maio (em Castelo Branco o m2 caiu 54 euros). Comparando com junho de 2022, o m2 desvalorizou-se em metade dos concelhos (Fundão; Anadia com menos 101 euros; Elvas, menos 28; Portalegre, menos nove; e Póvoa de Lanhoso, menos 139).

No entanto, apesar de serem os concelhos com o m2 mais barato, os maiores recuos não foram registados entre estes municípios. O município com a maior queda no valor do m2 face a maio foi Silves (menos 131 euros) e face a junho foi Esposende (menos 204 euros).

Nota: Dos 308 concelhos portugueses, só há dados disponíveis de junho para 118, logo a presente a análise só tem esses municípios em consideração

27.7.23

Estado da Habitação em Portugal. Preço das casas subiu ao dobro do ritmo do rendimento das famílias

Diogo Camilo, in RR

Estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos aponta caminhos para combater a crise da habitação nas grandes cidades. Para comprar uma casa nas freguesias mais baratas de Lisboa ou Porto, é preciso ter poupanças entre 20 e 30 mil euros e pertencer à classe dos 20% mais ricos. Portugal é o segundo país da OCDE com mais jovens adultos a viverem com os pais.

Os preços no setor da habitação estão a subir acima da inflação há dez anos, enquanto que o rendimento das famílias sobe a metade do ritmo. O baixo número de novas casas construídas na última década, o crescimento do alojamento local e da compra por estrangeiros têm levado a que quase 80% dos jovens adultos portugueses vivam ainda com os pais.

Estas são algumas conclusões de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), sobre a crise da habitação nas grandes cidades, que aconselha a olhar para as políticas lá fora, como a habitação social, e que aponta os erros que levaram a esta situação, considerando que o mercado imobiliário em Portugal tem uma "oferta inelástica", ou seja, que cresce pouco em reação à subida de preços.

Os autores salientam que, para que um casal consiga comprar uma casa na freguesia mais barata de Lisboa ou do Porto, sem gastar metade do seu orçamento num alojamento, é necessário que ambos pertençam à classe dos 60% mais ricos na capital e dos 80% mais ricos no Porto.

Ao mesmo tempo, o valor de “entrada” para a casa disparou: passou de 30 mil para 56 mil euros no concelho de Lisboa, e de cerca de 16 mil para 37 mil euros no concelho do Porto, entre 2017 e 2022.
Preço das casas está a subir desde 2014

Índice subiu os preços sempre acima da taxa de inflação. Última vez que a inflação esteve acima do crescimento dos preços no setor foi há 10 anos.

Qual o impacto da evolução de preços na acessibilidade dos jovens à habitação?

A maior discrepância entre os preços praticados no ramo imobiliário com a realidade aconteceu durante a pandemia da Covid-19. Em 2020, o rendimento dos portugueses, o PIB per capita, caiu oito pontos percentuais, ao passo que os preços das casas subiram 8%.

Com a subida da inflação e, consequentemente, das taxas de juro no ano passado, as famílias das classes mais baixas ficaram mais vulneráveis, por terem uma taxa de esforço - o peso do crédito à habitação no total de rendimentos - bastante mais elevada do que as outras.

Segundo o estudo da FFMS, uma das consequências do aumento dos preços das casas a partir de 2017 em Portugal, foi a deterioração da acessibilidade ao mercado da habitação. Tal levou a que, para que conseguissem comprar ou arrendar uma casa, famílias precisem de utilizar uma percentagem maior do seu rendimento.

No caso de uma pessoa a viver sozinha, é mais difícil a compra e arrendamento de casa. Para que um jovem consiga comprar uma casa mediana em Lisboa ou no Porto, mesmo na freguesia mais barata, precisa de ter um rendimento compatível com a classe dos 20% mais ricos de cada cidade e ter poupanças entre 20 e 30 mil euros para dar de entrada.

Estrangeiros dão mais mil euros por metro quadrado que portugueses

A procura de habitações por parte de estrangeiros e imigrantes também não ajudou no acesso habitacional. Em 2022, o investimento imobiliário representava 13% do PIB, quando em 2008 o mesmo investimento era apenas relativo a 4% do PIB.

Segundo o estudo, de 2012 a 2022, foram atribuídos mais de 10 mil Vistos Gold, utilizados por estrangeiros extracomunitários que recorrem ao programa de autorizações de residência para atividade de investimento imobiliário, num investimento de 6 mil milhões de euros.

Por seu lado, o visto para nómadas digitais foi atribuído a mais de 26 mil estrangeiros nos últimos cinco anos.

Em média, uma casa é vendida em Portugal por um preço de 1.565 euros por metro quadrado. No mesmo período, estrangeiros compraram casa a um valor mediano de 2.411 euros por metro quadrado - quase mais mil euros por metro quadrado do que o valor pago por compradores portugueses.

As regiões com as maiores discrepâncias são Lisboa e Porto. Na Área Metropolitana de Lisboa, os estrangeiros pagam mais 1.581 euros por metro quadrado que os portugueses. Na Área Metropolitana do Porto, a diferença é de 1.222 euros por metro quadrado.

Onde metade das casas são AL

O estudo aponta ainda o impacto do alojamento local (AL) nas grandes cidades. Em algumas freguesias do centro de Lisboa, mais de metade das casas são afetas a AL. Cerca de 90% das unidades existentes até ao ano passado foram criadas entre os anos de 2014 e 2019.

O fenómeno do alojamento local chocou de frente com o mais baixo número de novos fogos a serem construídos no país, em 2015, e nos anos anteriores e seguintes. Entre 2013 e 2022 foram construídas apenas 150 mil novas casas no país, quatro vezes menos que na década anterior.

As causas da pouca oferta indicadas no estudo, que citam especialistas do mercado imobiliário, incluem o excesso de burocracia, a dificuldade de acesso ao financiamento bancário e a imprevisibilidade nos processos de licenciamento.

Agregados familiares na OCDE

Portugal é o 2.º país com maior percentagem de jovens adultos a viverem com os pais

Este país não é para novos que querem sair da casa dos pais

Portugal é o segundo país com maior percentagem de jovens adultos a viverem com os pais, com quase 80% das pessoas entre os 20 e 29 anos a viverem com um ou os dois pais.

Na Dinamarca, a percentagem é de apenas 11%. Na OCDE, a média é de 51%. Apenas a Coreia do Sul tem uma percentagem maior de jovens adultos a viverem em casa dos pais (79%).

Em Portugal, um em cada quatro agregados familiares são compostos por apenas um indivíduo a viver sozinho. Esta percentagem, de 23,2%, quase duplicou nos últimos 30 anos - era de apenas 12% em 1992.

Com a pandemia, o número de filhos que voltaram a viver com os pais disparou: de 2019 para 2021, a percentagem de pessoas a viverem sozinhas caiu cinco pontos percentuais (p.p.), enquanto a percentagem de casais com filhos em casa subiu 6,5 p.p.

Ao contrário da última década, há hoje um maior número de agregados familiares, com menor dimensão, causado pela reestruturação da vida familiar, indica o estudo.

Evolução da composição dos agregados familiares

Com a pandemia, o número de filhos a voltarem a viver com os pais disparou. Número de pessoas a viverem sozinhas duplicou nos últimos 30 anos.

No estudo, os autores apontam que o aumento dos preços da habitação tem superado os aumentos salariais e que isso levou a um agravamento das desigualdades.

O aumento dos preços das casas, a partir de 2017, levou a uma deterioração da acessibilidade à habitação, com um crescimento significativo da procura em Lisboa e Porto que leva à subida de preços.

O estudo refere ainda que Portugal “é um mercado com uma oferta inelástica, ou seja, que cresce pouco em reação à subida de preços, tornando-os mais voláteis”.

Estudo defende subsídios para inquilinos e proprietários

Para combater o problema habitacional, os autores do estudo propõem uma estratégia a curto, médio e longo prazo, de maneira a criar oferta, expandir as cidades, prestar apoio a famílias em situação mais difícil e dar qualidade habitacional aos cidadãos de forma sustentável, inclusiva, harmoniosa, acessível, e com menor volatilidade de preços e rendas.

No imediato, os especialistas defendem apoios a famílias em situações mais vulneráveis, como, por exemplo:

• Subsidiação da procura habitacional que deve focar-se no arrendamento;


• Subsidiação de proprietários para responder ao aumento das taxas de juro;

• Controlo de rendas durante um período de curta duração. "Sendo uma medida que preocupa os autores deste policy paper, pelo impacto negativo na oferta de casas no arrendamento, o eventual controlo de rendas deve ser de curta duração, circunscrito a limitação de crescimento de rendas, e idealmente complementado com um regime mais flexível de proteção de arrendatários a implementar no médio prazo", referem os autores do estudo.

Em relação ao alojamento local, os especialistas defendem que as restrições "devem ser adotadas a nível local atendendo à realidade de cada bairro/freguesia".

Consideram ainda que "as restrições absolutas à procura de estrangeiros são de evitar, porque deprimem a atividade económica e têm impacto reduzido devido aos direitos constituídos a nível europeu".

[notícia atualizada às 09h25 de 27 de julho de 2023]

13.7.23

Qual o preço das casas em Lisboa? E em Almeida? Veja o valor no seu concelho

Rita Robalo Rosa, in Expresso

O preço mediano do metro quadrado (m2) subiu para 1565 euros, segundo os dados do INE. Houve uma desaceleração, mas não foi essa a tendência em todo o país. Lisboa, sem surpresa, tem o m2 mais caro, mas… qual é o município com o m2 mais em conta?


preços do metro quadrado (m2) dos imóveis para habitação, mas o mesmo não aconteceu em todos os concelhos do país. Lisboa, o concelho com o m2 mais caro do país, registou uma aceleração dos preços, mas o mesmo aconteceu em Barcelos, Loures, Famalicão e outros municípios por Portugal fora.

Nos primeiros três meses de 2023 o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 1565 euros por metro quadrado (m2), correspondendo a um crescimento de 7,6% face ao mesmo período do ano passado. Ou seja, houve uma desaceleração face ao último trimestre do ano passado, uma vez que nesse período a variação homóloga tinha sido de 10,7%.

No período em análise, “o preço mediano da habitação aumentou, face ao período homólogo, em 20 sub-regiões NUTS III, destacando-se os crescimentos da Lezíria do Tejo (17,5%), Algarve (16,6%), Leiria (15,9%), Cávado (15,6%) e Área Metropolitana de Lisboa (15,2%)”.

Por outro lado, o preço caiu no Alto Tâmega (-2,6%), em Terras de Trás-os-Montes (-2,8%), em Viseu Dão Lafões (-6,5%), na Beira Baixa (-13,5%) e no Baixo Alentejo (-13,3%).

Em relação ao último trimestre do ano passado, os preços desaceleraram em 14 das 25 sub-regiões NUTS III, mas aceleraram nas restantes, nomeadamente na Área Metropolitana de Lisboa (subida de 13,9% no último trimestre de 2022 e de 15,2% no primeiro trimestre deste ano).

A AML tem dos concelhos com o metro quadrado mais caro e, o município que dá lugar à capital é mesmo aquele com o preço mais elevado. Aliás, se no resto do país houve, no geral, uma desaceleração dos preços, o mesmo não aconteceu em Lisboa: os preços das casas tinham crescido 8% em termos homólogos no último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023 cresceram ainda mais: 9,2%.

Foi, aliás, a primeira vez desde o primeiro trimestre de 2020 (início da série), que a cidade lisboeta registou uma taxa de variação homóloga superior à do país.

Olhando para os outros 23 municípios com mais de 100 mil habitantes, em 14 houve uma desaceleração dos preços, “destacando-se com decréscimos superiores a 10 pontos percentuais [p.p.], Coimbra (16,5 p.p.), Santa Maria da Feira (14 p.p.), Vila Franca de Xira (11 p.p.) e Funchal (10,2 p.p.). Destaque também para o Porto, onde os preços desaceleraram 1,6 p.p.

Apesar da desaceleração geral, em 14 concelhos com mais de 100 mil habitantes das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto o crescimento homólogo dos preços foi superior à média nacional, “tendo o município de Loures (26,5%) registado o valor mais elevado".

Apesar de, no geral, os concelhos com mais de 100 mil habitantes terem os preços mais elevados do país, no ‘top 5’ entram dois municípios que não chegam a esse patamar de habitantes, mas que se encontram numa região cujos preços são, tradicionalmente, mais elevados, em parte graças ao turismo: Loulé e Lagos.

Por outro lado, os concelhos com o preço do m2 mais baixo estão longe de chegar aos 100 mil habitantes. Por exemplo, o município com o m2 mais barato, Figueira de Castelo Rodrigo (Guarda), nem chega aos 6 mil habitantes, segundo os Censos mais recentes, de 2021.

Lisboa é, claramente, o município mais caro, com o m2 a vale quase 4000 euros. O Porto, a segunda maior cidade do país, apesar de não comparecer no ‘top 5’ não anda longe: a cidade do Norte do país ficava em oitavo lugar, com o m2 a valer cerca de 2,6 mil euros.

Nota: O INE não tem dados disponíveis para os concelhos de Freixo de Espada à Cinta (Bragança), Penedono (Viseu), Vimioso (Bragança), Manteigas (Guarda), Barrancos (Beja), Calheta (Madeira), Corvo (Açores) e Santa Cruz das Flores (Açores).

23.6.23

Renda passa de 300 para 900 euros e família vê-se obrigada a viver na rua

in SIC


Carla e o marido vivem na rua, juntamente com os dois filhos, desde fevereiro por não conseguirem pagar a renda da casa onde viviam. Agora, perderam o emprego e os jovens deixaram de ir à escola.