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18.9.17

Pensar o envelhecimento

Diogo Queiroz Andrade, in Público on-line

A estratégia que é hoje apresentada ao governo tem potencial para mudar tudo, ou quase tudo, na relação que hoje estabelecemos com a terceira idade. Com vinte por cento da população portuguesa acima dos 65 anos, era urgente traçar um plano para alterar esta constante promoção da juventude como ideal social. Até porque o número de idosos ainda vai aumentar: a esperança média de vida vai continuar a subir e não há imigrantes suficientes para dar vazão à necessidade de gente nova na pirâmide etária.

Esta corajosa estratégia que é hoje entregue ao Governo inverte todo o paradigma. A ideia passa a ser viver mais tempo, mas vivê-lo de forma activa e saudável, um direito que todos temos. E isso exige uma abordagem transversal que dê mais oportunidades aos séniores e que ponha o resto da sociedade mais preparada para lidar com essa faixa etária. Não basta abrir vagas na universidade sénior, é preciso preparar as universidades para lidar com estes novos estudantes. Não basta oferecer check-ups a quem passa a barreira dos 65 anos, é preciso garantir que eles os fazem e isso passa pelos médicos de família. Ou seja, a adopção desta estratégia exige um repensar de toda a estrutura da sociedade, que tem de se orientar mais para os mais velhos que vamos ser. E o plano também vai por esse caminho, ao propor medidas como o combate à discriminação pela idade e na promoção de investigação sobre o envelhecimento – área em que Portugal pode investir de forma decisiva como factor distintivo a nível internacional.

Todo este trabalho terá agora de ser acompanhado dos problemas de fundo: como é que se vai financiar um sistema de saúde e pensões desequilibrado em termos etários? Como é que se vai rentabilizar para o país a experiência e conhecimento dos cidadãos mais idosos? Como é que se vai fornecer novas competências aos cidadãos idosos que queiram e possam continuar activos? Como é que isso que relaciona com uma digitalização da sociedade e do trabalho em que apenas as capacidades criativas serão valorizadas?

São perguntas que não têm resposta para já, mas que serão o inevitável passo seguinte desta estratégia. Assim ela seja aceite pelo governo e acolhida pelas outras forças políticas, para que não seja mais uma medida que se muda ao sabor dos mandantes e que não se consegue tornar estrutural.

2.8.17

Idosos com mais de cinco medicamentos devem ter justificação

in Diário das Beiras

Médicos devem sinalizar e justificar obrigatoriamente estes casos

Os médicos devem sinalizar e justificar obrigatoriamente os casos de idosos que tomam mais do que cinco medicamentos, uma medida defendida na Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável. O documento, que vai ser colocado a partir desta terça-feira em consulta pública, traça várias medidas para desenvolver políticas que melhorem a qualidade de vida das pessoas idosas. Uma das ações defendidas é a definição de uma “estratégia de combate à polimedicação de justificação obrigatória para mais de cinco medicamentos”. Segundo Pereira Miguel, coordenador do grupo de trabalho interministerial para a Estratégia do Envelhecimento Ativo e Saudável, a ideia não é estabelecer um limite para a prescrição ou toma de medicamentos, nem sobrecarregar os médicos com trabalho burocrático. “Não estamos a dizer qual é a solução a aplicar. Não é uma solução fechada. Mas pretende-se criar um mecanismo que faça um alerta” para a toma de mais de cinco medicamentos, disse à agência Lusa, lembrando que “os medicamentos têm interações entre eles”. Pereira Miguel refere que os profissionais de saúde devem estar alerta para a polimedicação, apercebendo-se de que medicamentos outros especialistas prescreveram aos seus doentes.

Programa de vigilância da saúde das pessoas idosas A Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável propõe ainda que sejam criadas uma espécie de “bandeiras vermelhas” para sinalizar idosos com necessidade especial de acompanhamento, como pessoas que recorrem mais às urgências ou que faltam sistematicamente a consultas ou até com sinais de negligência, num programa de vigilância da saúde das pessoas idosas. Esta medida extravasa a área da saúde e devia envolver as autarquias, a PSP, a GNR, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, entre outras entidades. O documento que esta terça-feira é colocado em consulta pública defende ainda a criação de um programa de vigilância da saúde das pessoas idosas.

Neste programa deve ser fomentada a realização de avaliações regulares “com vista à deteção precoce de défices funcionais, défices psíquicos ou doenças crónicas a partir dos 50 anos” e tendo em conta as necessidades particulares de homens e mulheres. No caso de doentes com várias patologias (comorbilidades) sugere-se a adoção de um plano individual de cuidados, um instrumento de intervenção integrada nos diferentes níveis de cuidados. A Estratégia para o Envelhecimento Ativo e Saudável define medidas que envolvem vários setores, da Saúde à Educação e passando pela Solidariedade e Segurança Social. Por isso, Pereira Miguel propõe a criação de uma comissão interministerial que acompanhe e monitorize o que se vai realizando e implementando.