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10.2.17

Liliana Rodrigues defende papel da escola pública no combate aos estereótipos de género

Liliana Rodrigues, Dnotícias

Foi ontem aprovado na Comissão dos Direitos da Mulher e Igualdade dos Géneros, por larga maioria, o relatório sobre a Igualdade entre homens e mulheres na União Europeia em 2014/2015, documento que faz o diagnóstico da situação até 2015 e aponta recomendações com o objectivo de ajudar os decisores da União Europeia e os seus cidadãos a melhorar o seu trabalho neste domínio.

A Europa é um dos líderes mundiais em termos de direitos das mulheres e da igualdade entre os géneros. No entanto, a verdade é que ainda está apenas a meio caminho da plena igualdade. O ritmo actual é ainda lento e tem sofrido alguns reveses, como sucede com a Polónia.
O documento que foi a votação integra 37 alterações introduzidas pela eurodeputada Liliana Rodrigues e que vão no sentido de “fazer frente aos movimentos anti-igualdade de género que, nos últimos anos, têm ganhado terreno público em alguns Estados-Membros, visando reforçar os papéis de género tradicionais e colocando em risco as realizações entretanto conseguidas nos domínios da igualdade dos géneros. Importa, por isso mesmo, insistir em políticas que visem acelerar essa igualdade numa União que ainda caminha a ritmos distintos nesse domínio”.
Para a deputada socialista, o combate à desigualdade entre os géneros deve começar na educação pré-escolar e requer um constante controlo pedagógico de currículos, objectivos de desenvolvimento e resultados de aprendizagem, uma vez que o “impacto dos estereótipos de género na educação e na formação, assim como as decisões tomadas pelos estudantes na escola podem determinar as escolhas que fazem ao longo da vida e tem fortes implicações no acesso ao mercado de trabalho”.

Para além deste ponto de partida inicial, Liliana Rodrigues destaca nas suas recomendações: a importância de os Estados-Membros reforçarem a legislação nacional tendo em vista o assegurar de uma educação pública gratuita de qualidade que combata os estereótipos de género e a influência negativa de valores veiculados por alguma publicidade e alguns meios de comunicação social e que promova uma educação sexual responsável; o envolvimento dos homens como parceiros no empoderamento das mulheres e ainda a luta contra a violência doméstica e o ciberassédio.

“O ensino público tem a responsabilidade de fazer um investimento consistente na igualdade de género”, entende Liliana Rodrigues, acrescentando que “precisamos também de uma integração da perspectiva de género mais forte e que se debruce sobre as causas estruturais da pobreza feminina”, uma vez que, nas palavras da deputada madeirense, “assistimos a uma verdadeira feminização da pobreza, com vários estudos a mostrar, de forma clara, que as políticas de austeridade tiveram um impacto enorme nas mulheres e na igualdade de género, sendo elas as mais afectadas pelos cortes no sector público, uma vez que representam cerca de 70% da força de trabalho neste sector”.

A este ritmo de progresso serão necessários mais 70 anos para obter a igualdade de salários, 40 anos para que as tarefas domésticas sejam igualmente repartidas, 30 para que a taxa de emprego das mulheres atinja os 70% e 20 anos até alcançar um equilíbrio entre os dois géneros na política.

“Não podemos dar-nos ao luxo de esperar décadas para atingir uma efectiva igualdade entre os géneros e a Comissão não ajudou quando optou por não apresentar uma estratégia para a igualdade de género, enfraquecendo muitos dos nossos esforços nesse sentido”, diz Liliana Rodrigues.
A disparidade salarial continua nos 16,5% e, de acordo com o Eurostat, em alguns Estados-Membros aumentou nos últimos 5 anos. A disparidade nas pensões encontra-se nuns alarmantes 40%. De 11% a 30% das mulheres não têm acesso a uma pensão. A maior disparidade entre homens e mulheres na Europa diz respeito à baixa representação das mulheres em posições económicas de topo na área económica, facto que revela a baixa inclusão da perspectiva de género nas políticas económicas da UE.

22.12.14

Os manequins 'imperfeitos' que nos lembram que ninguém é 'perfeito'

Por Inês Garcia, in Público on-line (Life Style)

Uma organização suíça que luta pelos direitos de portadores de deficiência instalou manequins com deficiência nas montras das lojas. E filmou o resultado. O vídeo tornou-se viral.

No Natal, as montras enchem-se de manequins, em variações natalícias infinitas, privilegiando sempre o brilho e o glamour característicos da época. Em Zurique, vestidos com lantejoulas pretas, fatos e smokings agraciaram o corpo de manequins, não com as medidas, formas e detalhes considerados ideais, mas com deficiências físicas.

Com pés amputados, malformações na coluna, escolioses ou cadeiras de rodas, os manequins expostos em cinco lojas de uma das ruas mais movimentadas de Zurique, a Bahnhofstrasse, são representações tridimensionais, em tamanho real, de personalidades muito conhecidas na Suíça, casos de Jasmin Rechsteiner (Miss Handicap 2010, uma 'embaixadora' para portadores de deficiência), do apresentador de rádio e crítico de cinema Alex Oberholzer, do atleta Urs Kolly, da blogger Nadja Schmid e do actor Erwin Aljukic.

O objectivo da Pro Infirmis, a organização responsável pela campanha “Because who is perfect?” (“Porque quem é perfeito?”, em português) realizada por Alain Gsponer, era questionar as pessoas sobre o significado da “perfeição” e chamar a atenção para o quotidiano das pessoas com deficiência.

“Muitas vezes vamos atrás de ideais em vez de aceitar a vida com toda a sua diversidade. A Pro Infirmis esforça-se especialmente para promover a aceitação da deficiência e a inclusão de pessoas com malformações”, explicou Mark Zumbühl, director de comunicação da organização.

No vídeo foi documentado o processo de criação dos manequins e as reacções dos protagonistas ao resultado final. “É um choque”, disse uma das participantes, com uma malformação na coluna. “É especial vermo-nos desta forma quando habitualmente nem nos conseguimos ver ao espelho”, acrescentou.

Na movimentada rua, quem passou pelas montras das lojas não ficou indiferente. Uns tiraram fotografias, outros posaram da mesma maneira. O Telegraph realça que além de um convite a deixar os “preconceitos de lado”, o vídeo é também uma forma de “desafiar” as próprias pessoas que têm deficiências a olharem para si próprias de maneira diferente. A Bustle, uma revista online dedicada às mulheres, refere que “a luta para garantir que este tipo de corpo é representado, especialmente na indústria da moda, ainda é um processo em desenvolvimento”, congratulando a organização pela iniciativa.

O vídeo partilhado no canal de Youtube da organização a 2 de Dezembro, por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência – assinalado a 3 de Dezembro em todo mundo – teve já mais de sete mil partilhas, 19 milhões de visualizações, 55 mil “gostos” e os comentários ultrapassam os quatro mil.

Mas enquanto uns agradecem o “esforço” da organização e aplaudem o “vídeo comovente”, a discussão na caixa de comentários continua com utilizadores a apontar que esta é uma nova forma de “voyeurismo” ou “propaganda da tristeza”.