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2.4.20

Um Palácio só para eles: bicharada "ocupa" jardim deserto do Porto

Mariana Correia Pinto, in Público on-line

Habituamo-nos a vê-los por ali. Pavões, patos, galinhas e galos, gaivotas e pombas. Os jardins do Palácio de Cristal, no Porto, são “casa” para muitos deles e a bicharada raramente estranha a presença humana. Por estes dias, no entanto, a “casa” não só é deles como é apenas deles.

Com o encerramento do jardim ao público por causa do surto de coronavírus, ficaram com a exclusividade do espaço e circulam mais livres do que nunca. Se alguém se aproxima, é possível que seja brindado com um passo no mesmo sentido. Talvez em busca do alimento a que alguns os habituaram, apesar de não ser aconselhável fazê-lo.

A Câmara do Porto sublinha que nada mudou: os bichos não eram alimentados antes e não o são agora. Simplesmente porque “sobrevivem pelos próprios meios, encontrando alimento nos recursos naturais”. Noutras cidades, como Madrid, Barcelona ou Roma, há relatos de “assaltos” da bicharada à cidade. No Porto, para já, pavões, patos e galinhas parecem satisfeitos com o espaço: um Palácio só para eles.

30.3.20

Carta aberta ao primeiro-ministro: "Onde está a linha de crédito para salvar a minha família?"

Maria Ibéria*, in DN

oje é o nosso dia 16º dia de auto isolamento voluntário e eu nem sequer tenho ido à rua para levar o lixo ou ir buscar o correio. É o meu marido que se encarrega dessas duas tarefas. Hoje, quando voltava a entrar em casa, trazia na mão a fatura da luz (como é possível termos gasto tanto se nem sequer aquecedores ligamos?) e uma outra carta, do emprego. Era a carta do anunciado despedimento.

Há quatro dias ligaram para ele a dizer que devido à recente situação do coronavírus, bla, bla, bla... o posto dele iria ser suprimido. Na carta sabemos agora a data certa: próximo dia 20 de abril. Até lá, o meu marido está a trabalhar em teletrabalho, como todos os seus colegas, como os chefes que tomaram a decisão de despedi-lo e que quase todos os dias aparecem nas reuniões do zoom para dizer que a empresa está unida e vai sobreviver.

E sabem o mais irónico? Decidiram contratar um personal trainer para oferecer esse serviço de forma gratuita a todos os colaboradores. Ah sério? Agora que todos os ginásios estão a fazer isso pelas redes sociais... despedem o meu marido e contratam um personal trainer? Para essa pergunta, eu não tenho resposta. A única resposta que tenho é a da carta de despedimento.

A partir de 20 de abril, o meu marido não tem trabalho, se bem que, quando esta crise passar, alguém vai ter de fazer o trabalho dele... Será que vão voltar a chamá-lo? Pois, é provável, só que isto não se faz. Não se aproveita a mínima oportunidade para despedir o elo mais fraco. Sim, o meu marido, nessa grande empresa, é o elo mais fraco porque nem sequer contrato de trabalho tinha. Era um famoso recibo verde, desses a que chamam falsos, aqueles que dizem: assim que seja possível vamos fazer-te um contrato. Não creio que vá ser agora...

Enquanto o meu marido era despedido, o primeiro ministro de Portugal anunciava as medidas com as quais quer evitar os despedimentos. Irónico, não é? Há linhas de crédito às quais as empresas podem recorrer para evitar isso. A sério, senhor primeiro ministro António Costa? Permita-me duvidar de que acreditava no que estava a dizer. Portugal é um país de serviços, de empresários individuais, que é quase o mesmo que dizer: "Montei um café ou um cabeleireiro para ganhar um ordenado que de outra forma ninguém me daria".

"Nós somos as pessoas que consomem. Nós somos os clientes de muitos outros empresários que neste momento também estão parados."

Muitas das pessoas que trabalham para esses empresários são comissionistas - nem sequer têm postos de trabalho. A sério que acredita que alguma dessas pessoas vai contratar uma linha de crédito para salvar o que quer que seja?

E por falar em comissionistas e empresários a título individual... não é que a mulher do meu marido, ou seja, eu, está nessa situação? Eu também tenho o meu próprio negócio que com o auto isolamento voluntário ficou completamente parado. O que significa que a dia 20 de abril, não só não vai entrar o rendimento habitual do meu marido, mas também o meu.

Mas nós somos pessoas formadas, ambos com carreiras universitárias, com uma boa casa, com carros, com férias no estrangeiro todos os anos. Nós somos essas pessoas que consomem, que compram coisas, que vão jantar fora de vez em quando... Nós somos os clientes de muitos outros empresários que neste momento também estão parados.

E a minha pergunta é muito direta para o senhor primeiro ministro de Portugal: o que podemos fazer depois de dia 20 de abril para voltar ao normal? Será que adiar o pagamento do IMI, que também é em abril ajuda? Será que prorrogar o empréstimo da casa durante uns meses, ajuda? Será que suspender o pagamento à Segurança Social por um período, ajuda? Será que reduzir os impostos que pagamos na fatura da água ou da luz, ajuda?

Eu não sou primeira ministra, mas sou mãe de família e tenho dois filhos. E sabe uma coisa, senhor primeiro ministro, eles não sabem nada da carta que hoje o meu marido recebeu. Nem sabem nada das vendas da mãe estarem a zeros. Nem sabem, nem vão saber. Porque a nossa missão como pais é proteger os nossos filhos. É mantê-los longe do medo. E é assim que estamos a viver este auto isolamento, com alegria e amor, com brincadeiras e com normalidade. Mas eu espero o mesmo do Estado social onde vivemos.

"Nós, portugueses, estamos a lavar as mãos para evitar mais contágios. Estamos a ficar em casa para evitar os contágios. E estamos a manter a calma para ultrapassarmos este grande desafio."

Se neste momento há um pai para todos os portugueses, esse pai só pode ser o Estado, no nome do atual governo. Não quero saber de dívidas, nem de contas públicas. Quero saber que quando uma família - e não falo da minha, falo de todas as que estejam em situação semelhante neste momento - precisam de um pai, de um governo à serio, esse governo não se lave as mãos com linhas de crédito.

Porque nós, portugueses, estamos a lavar as mãos para evitar mais contágios. Estamos a ficar em casa para evitar os contágios. E estamos a manter a calma para ultrapassarmos este grande desafio. Mas depois de dia 20 de abril, quando o dinheiro deixar de entrar... diga-me, senhor primeiro ministro, onde está a linha de crédito a qual eu posso recorrer para salvar a minha família?

27.3.20

Coronavírus: vítimas de violência doméstica já podem pedir ajuda por SMS

Ana Cristina Pereira, in Público on-line

Depois do e-mail de emergência (violencia.covid@cig.gov.pt), Governo lança serviço de mensagens curtas (3060), um reforço da linha telefónica para vítimas de violência doméstica (800 202 148).

No isolamento, estamos consigo. Escreva quando não pode falar. SMS 3060. Se é vítima de violência, peça ajuda.” Há um novo serviço de mensagens curtas destinado a acudir vítimas de violência doméstica em tempo de quarentena. Funciona sete dias por semana, 24 horas por dia, não custa um cêntimo e não é rastreável, isto é, não surgirá na factura emitida pela operadora de comunicações.

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A ideia partiu de Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade. Preocupada com a eventual escalada de violência doméstica num período de confinamento, pensava numa forma eficaz de socorrer as vítimas. Primeiro, ocorreu-lhe um e-mail de emergência (violencia.covid@cig.gov.pt). Depois, pôs-se a pensar que “20% da população portuguesa não tem e-mail”. Veio-lhe então à cabeça uma linha SMS. “Tinha de ser gratuita e confidencial. Tinha de haver garantia de não registo do número nas facturas.”

Falou com Ana Veríssimo, responsável pelos projectos de responsabilidade social da Fundação Vodafone Portugal. Em poucos dias, a empresa criou uma linha de apoio com o número 3060. Desde esta sexta-feira, quem enviar uma mensagem de texto rápido a pedir ajuda deverá encontrar, do outro lado, uma equipa da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), articulada com a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, como já acontece com a linha telefónica (800 202 148) e com o e-mail de emergência (violencia.covid@cig.gov.pt).

Por estes dias, Rosa Monteiro não larga o telefone. “A SONAE e a Associação Nacional de Empresas de Distribuição vão garantir os abastecimentos das casas abrigo, em caso de necessidade”, diz. “Empresas tecnológicas estão a ceder-nos computadores para as crianças nas nossas respostas terem mais meios para se ligarem as escolas. Vamos ter números locais distribuídos nas gasolineiras, redes de transportes públicos...” A lista de contactos locais disponíveis na Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, por distrito/concelho, também está a ser distribuída em farmácias, hipermercados e noutros serviços ainda abertos ao público.

O confinamento em casa, recomendável para evitar a propagação do coronavírus, será um desafio para todos, em particular para as famílias com uma história de violência. Circula uma campanha apelando a uma maior vigilância social. Organizou-se um piquete por distrito. E foram asseguradas mais cem camas para acolher mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. A rede conta agora 677 camas em casas-abrigo e 168 em casas de emergência, o que inclui respostas específicas para vítimas homens, vítimas LGBT, vítimas com doença mental e vítimas com deficiência.

A secretária de Estado descreve o esforço de divulgação de informação e o reforço da capacidade da rede nacional como respostas “no domínio da intervenção em contexto de crise pandémica”. Para já, não recebeu das forças de segurança indicação de aumento de ocorrências deste tipo de crime. E parece-lhe precoce relacionar as duas mortes recentes com a covid-19. “Ainda estão a decorrer as investigações.”

26.3.20

Violência doméstica em tempo de confinamento ao lar preocupa São Brás

in Jornal do Algarve
Online


O Município de São Brás de Alportel mostrou-se hoje preocupado com o possível agravamento do fenómeno de violência doméstica, num contexto singular de forçado isolamento social e confinamento ao lar como o que se vive devido ao novo Coronavírus.

Contudo, a autarquia diz-se empenhada na proteção da população nas mais variadas áreas e a “criar soluções alternativas para prosseguir as suas resposta sociais no contexto atual de prevenção da propagação do Coronavírus COVID-19”.

O município informa que apesar do encerramento temporário do seu atendimento presencial regular, no Centro de Apoio À Comunidade, o Pólo de Atendimento da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), está assegurada com atendimento telefónico disponível com o número 963 725 830.

Até que estejam reunidas as condições de segurança e saúde públicas, este serviço vai funcionar de segunda a sexta-feira, das 9:30 às 12:30 e das 14:00 às 17:00.

Recorde-se que habitualmente o do Pólo de Atendimento da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) funciona no Centro de Apoio à Comunidade de São Brás de Alportel.