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27.10.22

Quatro idosos por dia são vítimas de violência. Muitas vezes na família

Paula Sofia Luz, in DN

O último relatório da APAV, referente ao ano de 2021, revela que uma média de quatro idosos por dia são vítimas de violência. A partir de Coimbra, a Fundação Bissaya Barreto e a linha SOS Pessoa Idosa registaram o dobro dos pedidos de ajuda. Agressões de familiares aumentam.

Um total de 1594 pessoas idosas foram vítimas de crime e de violência no ano passado, o que corresponde a uma média de quatro pessoas por dia. Os dados são da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e foram disponibilizados a propósito do Dia Internacional da Pessoa Idosa, que se celebrou no início do mês.

No que diz respeito ao perfil da vítima, esta é geralmente do sexo feminino (cerca de 75,5%), com idades compreendidas entre os 70 e os 74 anos. Já o autor do crime é, em cerca de 52,3% das situações, do sexo masculino e com uma média de idades (16%) acima dos 65 anos. Em cerca de 29% dos casos, a vítima é pai ou mãe do autor do crime.

"Reconhecendo que a violência contra as pessoas idosas constitui um problema social e de Saúde Pública, consideramos que o seu eficaz combate pode contribuir para um futuro mais inclusivo, onde todos sejam respeitados ao longo do ciclo de vida, nomeadamente no contexto de um envelhecimento ativo e saudável", refere a APAV.

Duplicam pedidos de ajuda

Os números continuam a revelar aquilo que a pandemia escondeu durante dois anos. Neste caso, é a violência contra os os idosos, mais precisamente daqueles que se encontram em casa, aos cuidados de familiares. Em 2021, o serviço da linha SOS Pessoa Idosa, da Fundação Bissaya Barreto, contabilizou um total de 1812 contactos telefónicos, e-mails e articulações interinstitucionais, o que significa o dobro do que ocorrera no ano anterior.

Desde o início de 2022 e até ao final do verão, os pedidos de ajuda recebidos deram origem à abertura de 244 processos internos, "que obrigaram ao acompanhamento frequente e intervenção, bem como a articulações interserviços", refere uma nota que acompanha um relatório daquela instituição, sediada em Coimbra.

"As denúncias foram realizadas por e-mail/formulário (52,5%), por telefone (47%) e presencialmente (0,5%)", acrescenta o mesmo documento.

"O que verificamos é um aumento de pessoas idosas que são vítimas a residir com familiares - e é uma diferença significativa", confirma ao DN Marta Ferreira, uma das técnicas responsáveis pelo serviço. "Anteriormente o número mais elevado dirigia-se a pessoas a residirem sozinhas. Esta residência partilhada nós cremos que pode ficar a dever-se à pandemia e ao encerramento temporário de alguns serviços, como os Centros de Dia - que fez com que filhos se mobilizassem para casa dos pais ou que contratassem cuidadores para minimizar os danos do contexto pandémico -, e de algum encerramento temporário de serviços de apoio, que são fundamentais para pessoas nestas idades". E aquilo que deveria ter sido benéfico, como a convivência com os familiares, acabou por se revelar o contrário.

"Por outro lado, quando as pessoas já estão a iniciar um quadro de demência, os profissionais que realizam todo o apoio - que nem sequer é profissionalizado - muitas vezes notam que temos por trás desta violência situações de cansaço do cuidador, prevalência elevada de dependência física e situações de saúde mental", sublinha Marta Ferreira.

A responsável lembra que, em anos anteriores, a linha registava um elevado número de mulheres em situação de viuvez. "Aqui, no caso das mulheres casadas, não se refere propriamente a situação de violência conjugal, mas sim o facto de termos enquadrada a categoria de casal como vítimas."

Secundando Lisboa, Setúbal passou a ser o distrito com mais denúncia de casos, ultrapassando o Distrito do Porto. O serviço da Fundação Bissaya Barreto considera que tal fica a dever-se "ao facto de termos uma comunicação muito fácil com as entidades locais, comparativamente com outras zonas do país. E acreditamos que este passa-a-palavra pode ter tido bons resultados em edições anteriores, e que este aumento do número de casos é também pela facilidade que as pessoas têm em denunciá-los, beneficiando por terem visto ou por terem sabido de outras situações bem resolvidas. Temos um grande apoio por parte da PSP e da GNR (do Apoio 65) que fazem aqui um bom acompanhamento", considera.

O serviço existe desde maio de 2014. Marta Ferreira nota o aumento de casos denunciados, paulatinamente, ao longo dos anos. "Temos feito alguma alteração nas estratégias de intervenção, porque estamos no terreno e começamos a perceber o que é que resulta melhor. E no caso das pessoas idosas estes casos têm de ser tratados de forma muito personalizada e muito especial. Temos tentado aprimorar e fazer uma intervenção personalizada a quem precisa de ajuda. É a grande diferença ao longo dos anos", sublinha Marta, que integra uma equipa constituída por psicólogas, assistentes sociais, e uma psicogerontóloga.

Muitas situações de violência são continuadas no tempo, "e às vezes por parte de filhos". Não raramente, são famílias "multiproblemáticas, com problemas de saúde mental, alcoolismo ou toxicodependência", lembra a responsável.

23.1.19

APAV lança campanha de sensibilização sobre violência contra idosos

in JN

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) lançou na segunda-feira uma nova campanha de sensibilização sobre violência contra idosos, um crime que aumentou mais de 30% nos últimos anos.
A campanha tem como principal mensagem "Olhar para o lado é ser cúmplice deste crime" e visa alertar os portugueses para esta "realidade ainda obscura da violência praticada contra as pessoas idosas", refere a APAV em comunicado.

"Reconhecendo que a violência contra as pessoas idosas é uma questão social, de segurança e de saúde pública, considera-se que o combate eficaz deste problema contribui para um futuro mais inclusivo, em que todos sejam respeitados em cada ciclo da vida, nomeadamente no contexto de um envelhecimento ativo e saudável", sublinha a associação.

Os últimos dados divulgados pela APAV referem que, entre 2013 e 2017, a associação apoiou 5.683 pessoas idosas, em que a maioria (4.556) foi vítima de crimes e de violência.

A maioria das vítimas eram mulheres (3.619) e em 37,4% dos casos as vítimas eram mãe ou pai do agressor e em 27,6% das situações era cônjuge.

Estas pessoas sofreram de vitimação continuada (79%) e em 12% dos casos viveram nesta situação entre dois a seis anos, com as agressões a ocorrerem sobretudo (53,3%) na residência comum e em 28,8% na residência da vítima.
A APAV apoia as pessoas idosas e as suas famílias, prestando-lhes apoio jurídico, psicológico e social, e conta com a colaboração de outras instituições, públicas e privadas, com o apoio dos vizinhos e conhecidos das vítimas, cujo papel pode ser "muito importante, sobretudo na denúncia das situações de violência".

Segundo a associação, "a consciencialização da população conduziu ao incremento do número de pessoas apoiadas".

Contudo, salienta, "há ainda muitos obstáculos, como as barreiras mentais, a dificuldade de acesso e compreensão da informação, a dependência, a vergonha e a fragilidade persistem aliadas à perceção pouco generalizada do problema".
Para contornar estes obstáculos, a APAV lançou esta nova campanha, que consiste num vídeo que retrata o julgamento de um filho que coagiu, extorquiu e maltratou a mãe durante cinco anos.

À pergunta da juíza, protagonizada por uma atriz, se "agiu sempre sozinho", o agressor, também ator, disse que não, explicando que contou com o silêncio dos vizinhos da mãe, do irmão e até da cabeleireira da mãe.
"A violência sobre as pessoas idosas aumentou mais de 30% nos últimos anos, olhar para o lado é ser cúmplice desde crime, não desvalorize. Ligue 116 006", apela a APAV na campanha.

Segundo dados do Eurostat, Portugal será um dos Estados-Membros da União Europeia com maior percentagem de pessoas idosas e menor percentagem de população ativa em 2050.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) receia que este aumento, associado a uma certa quebra de laços entre as gerações e ao enfraquecimento dos sistemas de proteção social, venha a agravar as situações de violência.

29.10.18

Portugal é um dos cinco países da Europa que pior trata os idosos

in Correio do Minho

Um estudo da Organização Mundial de Saúde que envolveu 53 países coloca Portugal no grupo dos cinco piores no tratamento aos mais velhos, com 39% dos idosos vítimas de violência.
Os dados foram apresentados recentemente pela médica e vice-presidente da Comissão de Protecção ao Idoso, Antonieta Dias, que afirmou que “Portugal é o país da Europa que menos investe nas pessoas da terceira idade”.
“Estamos no topo da Europa como o país que menos investimento tem para os idosos. É um estudo que está publicado e ao qual não podemos ficar alheios, para desempenharmos a nossa função de defesa de direitos humanos, de defesa dos direitos dos idosos e de defesa da cidadania”, disse Antonieta Dias.

A especialista frisou que “neste momento somos o país que tem piores condições para cuidar dos idosos, porque falta fazer o investimento credível e acompanhado do idoso”.
Para Antonieta Dias, este “investimento credível e acompanhado”. consiste, nomeadamente, “em criar mais alojamentos, investir nos cuidadores, nas pessoas que acompanham os idosos e alargar o leque de investimento em relação ao apoio da terceira idade”.

A responsável apresentou “uma proposta desafiante, que é fazer com que as instituições que têm lucro invistam esses lucros na realização de outros lares, que permitam acolher as pessoas que têm condições económicas mínimas”.

“Grande parte dos idosos tem reformas de 400/500 euros e não pode pagar mil euros para estar institucionalizado durante um período temporário ou definitivo. O meu desafio é que todos comecemos a despertar para esta problemática e fazer com que os lucros das casas que institucionalizam os idosos sejam investidos em lares adaptáveis aos nossos rendimentos. Estamos na Europa, mas os nossos rendimentos estão a léguas de distâncias de todos os europeus”, frisou.

No seu Relatório de Prevenção contra os Maus Tratos a Idosos, a OMS analisa as agressões nos últimos cinco anos contra os mais velhos, num universo de 53 países europeus, e conclui que “Portugal tem um sério problema no que respeita aos maus tratos contra idosos”.

Da lista negra fazem parte apenas mais quatro países: Sérvia, Áustria, Israel e República da Macedónia.

O presidente da Comissão de Protecção ao Idoso, Carlos Branco, citou dados da Associação de Apoio à Vítima relativos a 2016.

“Em Portugal é já possível aferir um aumento do número das vítimas idosas, apresentando agora 1 009 pessoas idosas vítimas de crime (em média três por dia e 19 por semana). Das 1 009 vítimas registadas em 2016, contra 774 em 2013, 679 tinham idades entre os 65 e os 79 anos (67,4%) e 330 tinham entre 80 e mais de 90 anos (32,6%)”, disse.

Em declarações à Lusa, Carlos Branco considerou que face ao envelhecimento da população, “os apoios existentes não são suficientes” e que, por esse motivo, “a sociedade civil tem de organizar no sentido de tentar mitigar estas situações”.

O responsável disse que a Comissão de Protecção ao Idoso avançou há cerca de um ano com a criação da provedoria do idoso, porque “a nível local, não obstante o trabalho meritório das misericórdias, das próprias autarquias e associações que estão no terreno, não existe nenhuma instituição que se dedique e que se ocupe concretamente dos idosos”. Essa figura, de acordo com Carlos Branco, enquadra-se sempre no município, por serem “as entidades mais próximas das populações, conseguindo de forma hábil diagnosticar os problemas sociais locais”.
“Preconizamos que esse provedor seja indicado pela rede social, a câmara municipal valida em sede de executivo e assembleia municipal e, depois, terá de ser validado pela comissão de proteção ao idoso, com quem vai trabalhar”, explicou.

Portugal é um dos cinco países da Europa que pior trata os idosos DR Dados revelam um realidade preocupante no nosso país que ainda continua sem dar a atenção devida aos idosos Maioria das vítimas são mulheres A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima revela que entre 2013 e 2017, os processos de pessoas idosas vítimas de crime e de violência aumentaram 22 %. Só em 2017, a APAV apoiou 944 pessoas idosas, o que equivale a uma média de 18 pessoas apoiadas por semana. Este aumento de casos, contudo, bem como os registados pelas estatísticas oficiais da Justiça, não reflecte a realidade diária das vítimas – ainda mais trágica e silenciosa.
Na maioria, as vítimas são mulheres , com idades entre os 65 e 69 anos, casadas e a viverem numa família nuclear com filhos, o que faz com que a maioria das situações de violência aconteça em casa.

A violência contra as pessoas idosas constitui um problema social, de segurança e de saúde pública, e o seu combate eficaz pode contribuir para um futuro mais inclusivo, onde todos sejam respeitados ao longo do ciclo de vida, nomeadamente no contexto de um envelhecimento activo e saudável.

A APAV está disponível para ajudar através de diferentes serviços, nomeadamente através da Linha de Apoio à Vítima 116 006 – dias úteis, das 9 às 21 horas , o número gratuito e confidencial da APAV.