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2.8.18

“Avós escravos”: os reformados que são obrigados pelos filhos a tomar conta dos netos

in SapoLifeStyle</i>

Socióloga usa a expressão “avós escravos” para classificar os reformados que tomam conta dos netos porque os filhos os impõem e eles são incapazes de dizer “não”. Um terço dos avós espanhóis está nessa situação. Alguns falam de “esgotamento”.

Pode ser amor, mas não foi uma decisão tomada por iniciativa própria. Cerca de 30% dos avós espanhóis que cuidam dos netos fá-lo por decisão dos filhos. A conclusão é de um relatório da Associação de Serviços Integrais para o Envelhecimento Ativo (SIENA), divulgado pelo suplemento de educação do El Mundo.

O estudo foi feito com 750 inquiridos com mais de 60 anos (e até aos 69), 75% dos quais mulheres e 25% homens Cerca de 86% dos participantes afirmou ter netos, os outros 14% ainda não são avós. De entre os primeiros, 73% disse tomar conta deles - 38,7% alguns dias por semana; 23,5% todos os dias.

Sònia Díaz, socióloga e responsável de projetos da SIENA, usou o termo “avós escravos” para classificar aqueles que são obrigados a tomar conta das crianças e não conseguem dizer que não aos filhos”.

E referiu ainda que, se 46,8% dos avós cuidadores confessou ter tomado essa decisão em conjunto com os filhos, 30,8% admitiu terem sido os pais das crianças a decidir. Só 12,6% garantiu que a oferta partiu deles próprios.
Facto preocupante é que cerca de metade dos participantes concordou que o “avô-escravo” faz sentido, ainda que mais de um terço não goste do termo e diga que cuidar dos netos “é um prazer”.

As tarefas dos avós cuidadores são variadas e passam por levar as crianças à escola, tomar conta delas nos tempos livres e dar-lhes as refeições.

A socióloga atribui e fenómeno à transformação evidente do modelo de família e às consequências da crise económica que se instalou na Europa, e naquele país, há quase uma década. E define dois tipos de avós:
Os que cuidaram dos filhos e agora cuidam dos netos como uma herança natural, e que se sentem felizes com isso.

Os que cuidam dos netos e não conseguem impor limites aos filhos.26

Neste último caso, e como defende a especialista espanhola, vários avós dizem sentir-se angustiados devido ao excesso de responsabilidade e à diminuição de energia, havendo quem fale mesmo de “esgotamento”.

1.7.14

Portugal é o país com mais mães com filhos menores de seis anos a trabalhar a tempo inteiro

in Público on-line

Estudo europeu mostra também que os avós portugueses são dos que mais cuidam dos netos.

Portugal é o país com o maior número de mães com filhos até aos seis anos a trabalhar a tempo inteiro e um dos países em que os avós cuidam mais dos netos, revela um estudo europeu.

O estudo A prestação de cuidados pelos avós na Europa faz uma análise comparativa sobre as políticas familiares e a sua influência no papel dos avós enquanto prestadores de cuidados infantis na Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Espanha, Suécia, Suíça, Portugal, Espanha Itália e Roménia.

Segundo o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, mais de 40% dos avós dos países europeus analisados prestam cuidados aos netos sem a presença dos pais, sendo que os países do sul da Europa — Portugal, Espanha, Itália mas também a Roménia — são os que apresentam uma maior percentagem de avós a cuidar de netos a tempo inteiro.

Os autores do estudo explicam que nestes quatro países "as prestações sociais pagas aos pais e às mães que ficam em casa são limitadas" e "há pouca oferta de estruturas formais de acolhimento de crianças e poucas oportunidades das mães trabalharem a tempo parcial".

Entre os países estudados, Portugal apresenta "a mais elevada percentagem de mães com filhos com idades inferiores aos seis anos que trabalham a tempo inteiro".

Em Portugal, Espanha, Itália e Roménia, as mães trabalham frequentemente mais de 40 horas por semana, adianta o estudo financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, que será apresentado na terça-feira, em Lisboa.

O estudo atribui esta "maior dependência dos cuidados intensivos prestados pelas avós" há pouca oferta de estruturas formais de acolhimento de crianças a preços acessíveis.

Com excepção da Roménia, nestes países há menos avós a prestar cuidados ocasionais ou menos intensivos sem a presença dos pais.

Os países com maior recurso a estruturas formais de acolhimento de crianças (Suécia e Dinamarca) são os que apresentam as percentagens mais reduzidas no que se refere à prestação de cuidados infantis intensivos pelas avós.

A investigação adverte que, tendo em conta que as avós entre os 50 e os 69 anos "que não exercem empregos remunerados são as que apresentam maiores probabilidades de prestar cuidados infantis, os planos dos governos europeus para o aumento das idades de reforma e da participação feminina na vida profissional em idades mais avançadas são susceptíveis de entrar em conflito com o papel dos avós no que se refere à prestação de cuidados infantis".

Para os autores do estudo, "isto terá implicações significativas ao nível da participação das mães mais jovens no mercado de trabalho e na obtenção de pensões e de segurança financeira por parte das mulheres de meia-idade".

O estudo refere também que Portugal tem assistido a um aumento dos agregados familiares de avós com três gerações, enquanto a Inglaterra e o País de Gales, França e Alemanha Ocidental têm assistido a uma diminuição da percentagem de adultos com 35 ou mais anos a viver neste tipo de família.

"Tanto os agregados familiares de avós com três gerações como os sem continuidade geracional estão associados à pobreza e falta de recursos socioeconómicos em todos os países estudados", salienta.

Os adultos que vivem em agregados familiares com avós apresentam maiores probabilidades de serem mulheres, divorciadas, viúvas ou separadas, com níveis de instrução mais baixos e economicamente inactivas, "o que é particularmente notório nos que vivem em agregados familiares de avós sem continuidade geracional".

9.4.13

Há avós que são afastados dos netos quando ficam sem dinheiro para ajudar a família

por Filomena Barros, in RR

Casos são enunciados pelo Instituto de Apoio à Criança. Há outras razões a contribuir para o afastamento dos netos, como a morte de um dos progenitores.

Está a aumentar o número de casos de avós que perdem o acesso aos netos, em algumas situações apenas porque deixaram de dar apoio financeiro aos filhos. As queixas chegam aos "dossiers" vermelhos do gabinete jurídico do Instituto de Apoio à Criança.

"Tenho muitos avós a sofrerem muito pela perda do contacto com os netos. E isto por determinadas razões, como deixarem de poder ajudar os filhos a pagar a prestação da casa e, portanto, os progenitores retiram o acesso da criança aos avós", revela à Renascença Ana Perdigão, responsável pelo apoio jurídico do Instituto de Apoio à Criança.

Mas há outras razões a contribuir para o afastamento dos netos. "Em situações em que morre um dos progenitores e o que sobrevive corta, de uma forma abrupta, o contacto da criança com os pais do que faleceu, o que é um maltrato para ambas as partes", diz a mesma responsável.

Ana Perdigão refere que, com as queixas dos avós, têm vindo a aumentar os processos relativos à regulação das responsabilidades parentais e as situações de menores em perigo. Defende, por isso, novas regras, "sobretudo no incumprimento das pensões de alimentos e na necessidade de alterar os acordos da regulação das responsabilidades parentais". A propósito deste último ponto, Ana Perdigão dá um exemplo.

"Se um dos progenitores [decidir] emigrar, é um acto de particular importância. Porque é um acto de particular importância, o outro progenitor terá de se pronunciar", exemplifica.

Falta de recursos para responder a quem precisa
A crise tem trazido uma realidade que até agora ficava fora do Instituto de Apoio à Criança. "Em muitos dos atendimentos jurídicos, acabo por accionar o Banco Alimentar contra a Fome, o que não acontecia até há dois anos", refere Ana Perdigão.

A crise atinge as famílias, mas também as instituições que tentam assegurar o apoio. "Confrontamo-nos muitas vezes com a falta de recursos, não só humanos, mas também financeiros, o que nesta área não é tudo, mas ajuda muito e concorre para muitas situações poderem estar mais equilibradas. Não é à toa que, no ano passado, eu tive quase 600 processos só no atendimento jurídico e agora estamos no início de Abril e eu estou já com 200 e tal processos", conta a responsável do Instituto de Apoio à Criança, já com 25 anos de existência.

Ana Perdigão atende todos os casos que lhe chegam por telefone ou de forma presencial. Nesta altura, é só por ela que passam as queixas e denúncias para atendimento jurídico do Instituto de Apoio à Criança. A maior parte chega pela Linha SOS Criança.

"Quando as pessoas fazem um apelo, se os meus colegas se apercebem que há alguma situação que requer uma resposta no âmbito jurídico, imediatamente reencaminham para mim. Mas depois também temos denúncias anónimas, as próprias escolas, hospitais, centros de saúde, profissionais de comissões de protecção, simples cidadãos e depois as próprias famílias", conclui Ana Perdigão.