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11.5.20

Pandemia tira 8,2% aos rendimentos do trabalho, mesmo com apoios do Estado

Margarida Peixoto, in Negócios on-line

As famílias mais jovens serão as mais afetadas, porque são as mais dependentes dos rendimentos do trabalho. As mais ricas também são, genericamente, as que mais perdem.

A pandemia de covid-19 vai tirar, no curto prazo, 8,2% ao rendimento do trabalho, em termos médios e mensais, das famílias em Portugal. Isto, mesmo considerando que são mobilizadas todas as medidas de apoio disponibilizadas pelo Estado para reagir à crise. Os cálculos são do Banco de Portugal e foram divulgados esta quarta-feira, 6 de maio, no âmbito do Boletim Económico.

Antes da pandemia, o rendimento médio mensal líquido, fruto do trabalho, das famílias em Portugal era de 871 euros. Com o impacto da covid-19 – nomeadamente, a necessidade de muitas empresas colocarem trabalhadores em layoff por não terem faturação para fazer face aos custos fixos – o rendimento médio mensal das famílias cai para 800 euros.

Olhando para o rendimento disponível, a queda estimada é menor, na ordem dos 5,3% – passa de um rendimento mensal líquido disponível de 1.566 euros, para 1.482 euros mensais.

Estes impactos são estimados para o curto prazo, não incorporando outros efeitos de equilíbrio geral da economia, nomeadamente o "contágio entre a redução de atividade nos diversos setores, a ligação entre as quedas de rendimento das famílias e a procura dirigida às empresas", a interação com a banca ou mesmo os custos orçamentais das medidas de apoio em causa. Estes efeitos podem ser "particularmente significativos", assumem os economistas do banco central.

Os cálculos do Banco de Portugal também não têm em conta outro tipo de rendimentos, como por exemplo de rendas, negócios ou ativos financeiros, porque os dados indicam que têm um peso negligenciável (cerca de 4%) no conjunto dos rendimentos das famílias, em termos médios.

Famílias mais jovens e mais ricas perdem mais

O estudo do Banco de Portugal permite ainda concluir que são as famílias mais jovens, e as mais ricas, que perdem mais rendimento. Isto acontece porque estas famílias dependem mais dos rendimentos do trabalho, que são particularmente afetados na pandemia. No caso das famílias mais ricas, a maior perda também decorre do facto de medidas como o layoff terem um limite máximo para o valor do apoio.

Há, contudo, uma exceção: cerca de um terço das famílias muito pobres, que ficam até ao percentil 20 de rendimentos. Neste patamar, o peso das famílias que dependem dos rendimentos do trabalho é comparativamente baixo (34,1% contra, por exemplo, 75,9% no percentil de rendimento médio).

Mas estas famílias estão particularmente vulneráveis: perdem 8,6% do seu rendimento líquido do trabalho, acima da média. Só as famílias mais ricas (acima do percentil 90) perdem mais (11,1%) do que este grupo. Uma possível explicação é que estas famílias têm empregos em setores muito afetados pela pandemia, como o da restauração e alojamento. Aliás, o estudo do Banco de Portugal permite concluir que a pandemia atira cerca de um terço das empresas deste setor para uma situação de défice de liquidez, em que não tem verbas suficientes para pagar os seus custos fixos.

Outra conclusão do estudo é que há, ainda assim, cerca de metade das famílias em Portugal que não veem os seus rendimentos afetados como consequência da pandemia. Isto acontece por dois fatores: ou porque não têm rendimentos do trabalho, ou porque trabalham em setores que não são significativamente atingidos.

17.5.16

Rendimento médio por família cresceu em 2014, mas com níveis de há 10 anos

In "RTP Notícias"

O rendimento monetário disponível médio por família foi de 17.017 euros anuais em 2014, representando um aumento de 82 euros face ao ano anterior, mas recuando aos níveis de há 10 anos, segundo dados do INE divulgados hoje.

"Dez anos antes, o rendimento monetário disponível médio por agregado familiar era de 16.999 euros, o que equivale a situar o nível de rendimento de 2014 no patamar de 2004", refere o inquérito do Instituto Nacional de Estatística, precisando que, em 2014, cada família tinha em média por mês 1.418 euros.

Os resultados definitivos do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do INE identificam um período de crescimento contínuo deste rendimento até 2009 (10,2%) e quebras nos anos subsequentes em todas as classes de rendimento.

"O rendimento monetário disponível mediano por adulto equivalente foi, em termos nominais, de 8.435 euros em 2009 face a 2004), a que se sucederam quebras no rendimento nos anos de 2010 a 2013 (-9,6% em 2013 quando comparado com 2009)", refere o inquérito realizado em 2015 sobre o rendimento das famílias no ano anterior.

Em 2014 e 2013 registaram-se variações anuais positivas do rendimento monetário disponível por adulto equivalente: 0,6% em 2013 e 2,5% em 2014, ano em que "o crescimento dos rendimentos monetários equivalentes foi abrangente a todas as classes".

O estudo do INE aponta também que, em 2014, 19,5% da população residente estava em risco de pobreza, mantendo-se o valor estimado para 2013.

Nesse ano, o risco de pobreza afetava principalmente os desempregados (42%), as crianças e jovens (24,8%), as famílias com crianças dependentes (22,2%) e as mulheres (20,1%).

De acordo com o inquérito, o limiar de pobreza, que corresponde a 60% da mediana da distribuição rendimento monetário disponível mediano por adulto equivalente, foi de 5.061 euros em 2014 (cerca de 422 euros por mês).

10.12.13

Rendimento das famílias já é muito inferior ao de 2004

Por António Ribeiro Ferreira, in iOnline

Novo índice do INE revela que o bem-estar das famílias melhorou até 2011 com menos rendimentos. O pior veio a seguir. E falta ainda 2013

Os rendimentos das famílias estão em queda livre e já baixaram dos níveis verificados em 2004. Segundo o INE, partindo do ano-base de 2004 com o índice 100, em 2011 esse valor baixou para 89,2. Mas se as condições materiais evoluíram negativamente entre 2004 e 2011, a qualidade de vida apresentou uma "evolução continuamente positiva". É o que revela novo índice de bem-estar para Portugal (IBE). Com a crise instalada e a troika em Portugal, os sucessivos pacotes de austeridade agravaram ainda mais a estranha equação registada entre 2004 e 2011. E os primeiros dados só referentes a 2012 levam o INE a prever que as condições materiais das famílias portuguesas voltem a baixar. É natural que na análise do próximo ano, já com elementos referentes a 2013, a situação piore de forma significativa e afecte tanto a qualidade de vida, o chamado bem-estar, como as condições materiais, que podem levar Portugal para níveis próximos dos de 2002, ano da entrada no euro.

IBE vai ser anual Realizado pela primeira vez, o estudo foi de- senvolvido ao longo dos últimos três anos e abrange o período de 2004 a 2011, apresentando resultados preliminares para 2012, sendo objecto de actualização e divulgação anual.

Vamos então aos números do INE. O IBE "evoluiu positivamente" entre 2004 e 2011, atingindo o valor de 108,1 em 2011, estimando-se uma redução para 107,6 em 2012 devido à "quebra das condições materiais de vida".

Trabalho e salário a cair Dos dez domínios que integram o índice, o trabalho e remuneração e a vulnerabilidade económica foram os que apresentaram a "evolução mais desfavorável", ao contrário da educação, da saúde e do ambiente, que apresentam a evolução mais favorável. As duas perspectivas de análise do bem-estar - os índices sintéticos "condições materiais de vida" e "qualidade de vida" - evoluíram em sentidos opostos, com o primeiro a evidenciar uma tendência decrescente, que se acentuou de 2010 para 2012, e o segundo a apresentar uma tendência crescente. O índice das condições materiais de vida atingiu o valor de 89,2 em 2011 (na comparação com o ano-base de 2004 = 100), enquanto o da qualidade de vida atingiu em 2011 o valor de 116,2.

2012 piora tudo Os dados preliminares de 2012 "reforçam esse contraste": o índice das condições materiais de vida - que avalia o bem-estar económico dos portugueses, a vulnerabilidade económica, trabalho e remuneração - "teve novo agravamento com uma desvalorização de 13,2 pontos percentuais entre 2004 e 2012".

A evolução positiva da qualidade de vida entre 2004 /2008 (9,5 pontos percentuais) continuou no período 2008/2012, mas com menor intensidade (7,0 p. p.), estimando-se para 2012 uma variação de 16,5 p. p. face ao ano-base de 2004. Saúde, balanço vida-trabalho, relações sociais, participação cívica, segurança pessoal e ambiente são os indicadores avaliados neste índice. A vulnerabilidade económica é a que apresenta "a evolução mais desfavorável", traduzindo "uma progressiva vulnerabilidade das famílias fortemente induzida" pelo seu afastamento do mercado de trabalho, pelos elevados níveis de endividamento e pela intensificação da dificuldade em pagar os compromissos com a habitação. É o empobrecimento geral. Com Lusa