Isabel Vicente, in Expresso
Em maio a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação em Portugal superou os 4% pela primeira vez em 11 anos. Já nos depósitos a taxa média subiu para 1,26%, registando o valor mais elevado em oito anos
A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação registou uma subida de 3,97% para 4,15%, sendo a primeira vez em 11 anos que ultrapassa os 4%, segundo os dados do Banco de Portugal divulgados esta quarta-feira.
Era uma evolução expectável tendo em conta o aumento das taxas por parte do Banco Central Europeu (BCE) no seu combate à inflação.
Os dados do Banco de Portugal revelam que “o aumento das taxas de juro médias foi mais moderado nas finalidades consumo (de 8,69% em abril para 8,72% em maio) e outros fins (de 5,18% em abril para 5,19% em maio)”.
Na análise do Banco de Portugal limitada aos empréstimos relativos a habitação própria permanente, a taxa de juro média ascendeu a 4,2% nos créditos com taxa variável, indexada à Euribor, e a 4,19% nos novos empréstimos a taxa fixa.
A concessão de crédito novo a particulares no período em análise cresceu em todas as frentes. Totalizou 1189 milhões de euros, mais 495 milhões do que em abril, tendo os novos empréstimos à habitação subido 353 milhões, o crédito ao consumo 90 milhões e o crédito para outros fins 53 milhões de euros.
Também o crédito concedido às empresas registou um aumento de 267 milhões em maio, totalizando 1796 milhões de euros nesse mês.
Neste segmento a taxa de juro média dos novos empréstimos a empresas aumentou de 5,13% para 5,42%. Nos empréstimos até 1 milhão de euros a taxa média subiu de 5,44% para 5,55%, e nos empréstimos acima de 1 milhão de euros de 4,76% para 5,22%, especifica o Banco de Portugal.
TAXAS NOS DEPÓSITOS SOBEM MAS AINDA ESTÃO LONGE DA MÉDIA EUROPEIA
Apesar do aumento na taxa de juro média nos depósitos a prazo de particulares ter subido para 1,26%, e este valor ser o mais elevado em oito anos, é o quarto juro mais baixo da área do euro, revelam as estatísticas do Banco de Portugal. Com taxas médias mais baixas do que as praticadas em Portugal estão a Croácia, Eslóvenia e Chipre. A média da área do euro está nos 2,44%.
O montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares totalizou 7490 milhões de euros, mais 1276 milhões do que no mês anterior, informou o BdP.
Na desagregação por prazo, os novos depósitos com prazo até 1 ano representam 76% dos novos depósitos e foram remunerados em média a 1,18%, quando em abril tinham sido remunerados a 0,95%.
Já os novos depósitos de 1 a 2 anos, segundo os dados divulgados, registaram uma remuneração média de 1,47% quando em abril tinham sido pagos a 1,29%.
Com prazos acima de 2 anos, os quais representam apenas 9% das novas operações de depósitos a prazo, encontram-se as remunerações mais elevadas, ao atingirem 1,61%, quando em abril esses depósitos eram remunerados a 1,12%.
Verifica-se assim uma tendência de subida mês após mês.
Nas empresas os novos depósitos a prazo em maio totalizaram 5732 milhões de euros , menos 163 milhões face a abril. A remuneração destes novos depósitos a prazo foi de 2,37% em maio, um aumento marginal de 0,03% face a abril, e segundo os dados do Banco de Portugal “menos expressivo do que o registado em meses anteriores”.