30.7.09

Crise belisca fortunas

Catarina Craveiro, in Jornal de Notícias

Riqueza dos milionários portugueses desceu 8,5% em valor, mas ainda totaliza 17,7 mil milhões


As grandes fortunas nacionais estão a diminuir. Os ricos de Portugal estão menos ricos. Apesar da queda de 8,5%, as 25 maiores fortunas equivalem a 10,7% do PIB de 2008. Américo Amorim foi o que mais perdeu.

De acordo com o ranking da revista "Exame", que revela a lista dos 25 mais ricos de Portugal, 2009 fica novamente marcado pelo ano em que os ricos ficaram menos ricos.

Pelo segundo ano consecutivo, Américo Amorim continua a liderar, mas é o que mais perde. O "Rei da cortiça" tornou-se no ano passado no homem mais rico de Portugal, ao ver a sua fortuna crescer 11,6% para os 3106 milhões de euros. Agora, apesar de manter o primeiro lugar, a sua fortuna caiu 35,4% para dois mil milhões de euros, à custa da performance dos investimentos na área financeira, em que se destaca a Galp.

Destronado por Amorim, Belmiro de Azevedo perdeu metade da fortuna em dois anos. O patrão da Sonae tem agora um património avaliado em 1,4 mil milhões, uma queda de 16,5% face ao ano anterior. Em relação a 2007, o último ano em que liderou a tabela, o empresário nortenho perdeu 51% da sua fortuna, pressionado pelas perdas na bolsa.

A ocupar o terceiro lugar está a família Guimarães de Mello, com um património avaliado em 1245,4 milhões. Segue-se a mulher mais rica do país: 731,8 milhões de euros é a fortuna de Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo Silva, tendo como principais activos o Grupo Espírito Santo e o Grupo Santogal.

A média de idades dos milionários das 25 grandes fortunas é de 65 anos, mas há excepções. Aos 44 anos, João Nuno Macedo Silva, líder do grupo RAR, é o milionário mais novo de Portugal, com uma fortuna de 494,46 milhões de euros.

Américo Amorim, O mais rico de Portugal

A sua fortuna teve início numa pequena empresa familiar, em Santa Maria da Feira, dedicada à cortiça. Começou a trabalhar aos 19 anos - após o curso comercial -, e hoje, aos 75 anos, Américo Amorim assume a liderança mundial no sector corticeiro, com subsidiárias em todos os continentes e exportando para mais de 100 países. Dono de uma das maiores multinacionais portuguesas, o grupo Amorim conta com participações na Galp e no Banco Popular, e é um dos principais accionistas do Banco Internacional de Crédito de Angola. Fortuna: 2005,7 milhões de euros (1.º lugar)

Belmiro de Azevedo, O segundo mais rico

Filho de uma modista e de um carpinteiro, é o mais velho de oito irmãos. Belmiro começou a trabalhar desde cedo para pagar a licenciatura em Engenharia Química. Parte integrante do grupo desde 1963, começou como técnico na indústria têxtil até chegar à presidência da Sonae Indústria e Investimentos. Foi em 1999 que assumiu a presidência da Sonae SGPS. Um exemplo de liderança transformou uma pequena empresa naquele que é hoje o maior grupo privado português. Chegada a hora do descanso do guerreiro, passou o testemunho ao filho do meio. Fortuna: 1437,8 milhões de euros (2.º Lugar).

João Nuno Macedo Silva, O jovem mais rico

Filho mais novo do fundador da RAR, Macedo Silva - grande mecenas no Porto, membro fundador da Fundação de Serralves -, João Nuno assume a liderança da empresa após a morte do pai. Há nove anos a conduzir os negócios, João deu uma nova dimensão ao grupo. Com uma forte presença na Europa, a RAR emprega 5400 pessoas, 3250 das quais estão fora do país. A RAR é um dos únicos grupos de base industrial com vendas acima dos 1000 milhões de euros. Actualmente, as suas áreas de actuação estão distribuídas por alimentação, embalagem, imobiliária, serviços e turismo. Fortuna: 494,46 milhões de euros.

Maria do Carmo, A mulher mais rica

Nunca deu entrevistas, não se deixa fotografar pela imprensa e só comparece em eventos em que pode permanecer discreta. As assembleias-gerais ou as grandes reuniões do Grupo Espírito Santo são algumas das ocasiões em que Maria do Carmo Alzira Moniz Galvão Espírito Santo Silva, 75 anos, convive socialmente. Maria do Carmo recebeu a herança de uma tia, mas o seu património foi reforçado com o casamento, em 1954, com o primo em segundo grau Manuel Ricardo Espírito Santo Silva, que foi presidente do BESCL. Há muitos anos optou por viver nos arredores de Lausanne junto ao lago Genebra. Fortuna: 731,8 milhões de euros (4.º lugar).