23.7.09

Centro de Reabilitação do Norte garante hoje os 40 milhões para a construção

Andrea Cunha Freitas, in Jornal Público

No final de 2011 deverá estar concluído o projecto que vai ficar situado nos terrenos do ex-sanatório marítimo de Francelos, em Gaia. O Centro de Reabilitação terá vista para o mar


O futuro Centro de Reabilitação do Norte (CRN) garante hoje os 40 milhões de euros necessários à sua construção com a assinatura do contrato de financiamento pelo QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), que assegura 70 por cento da verba. "Acabaram-se os problemas, dúvidas e dificuldades", anuncia Fernando Araújo, vice-presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN). Na próxima segunda-feira deverá ser lançado o concurso para a empreitada cuja conclusão está prevista para o final de 2011.

Só faltava o Norte. O mapa de referenciação nacional de Medicina Física e de Reabilitação, desenhado em 2002 e revisto há dois anos, estava incompleto e o projecto para a região já estava prometido. "Sentíamos já alguma ansiedade e anseio. Está muita gente à espera que este projecto se concretize", admite Fernando Araújo, explicando que o equipamento assegura uma resposta assistencial que ainda não existe na região que é uma das áreas do país mais traumatizadas por acidentes de viação e trabalho.

O plano prevê uma obra durante cerca de três anos e meio no terrenos do ex-sanatório marítimo de Francelos, em Gaia, para receber cerca de 22 mil consultas por ano. Existirão consultas das várias especialidades (Medicina Física e de Reabilitação, Neurologia, Reumatologia, Psiquiatria, Urologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, etc.) e a possibilidade de avaliações conjuntas da equipa de reabilitação coordenada pelo médico fisiatra. "Pretende-se que o doente não repita deslocações evitáveis", assegurando que a calendarização das consultas, realização de exames complementares de diagnóstico e de tratamentos sejam "centradas no doente" (conceito da 'one-day clinic'), sem o submeter a "marcações múltiplas", explica o resumo do projecto que garante ainda uma resposta dirigida à reabilitação pediátrica.

O internamento vai oferecer um total de 100 camas (a maioria reservada para as lesões graves, como as vertebromedulares ou o acidente vascular cerebral), para acolher casos que actualmente são encaminhados para o domicílio ou para estruturas de apoio social e instituições particulares de solidariedade social (IPSS). Além do investimento em casos graves, o CRN vai dedicar especial atenção à reabilitação cognitiva, tratando situações como autismo. A partir de 2011, as transferências de doentes para outras unidades no país serão limitadas aos casos que necessitem de um programa de reabilitação numa área especializada.

"Queremos apostar na formação e na componente de assistência social", acrescenta Fernando Araújo. "Queremos que as associações de doentes participem activamente no projecto. E queremos também incentivar os doentes a criar um espírito que ajuda num processo de reabilitação, estimulando por exemplo a formação de equipas de futebol entre outras actividades de grupo", explica o responsável da ARSN. Além da formação de médicos, também profissionais de saúde como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros de reabilitação, psicólogos, assistentes sociais, técnicos ortoprotésicos deverão beneficiar deste equipamento.

Fernando Araújo reafirma que a espera pelo CRN só se pode justificar com a "inércia do sistema": "Não há outra razão possível, quando existiam todas as razões e condições - até políticas - para que este centro já existisse", conclui.