31.12.09

2010 que nos trazes tu?

in Correio do Minho

O novo ano está aí à porta. Como será o ano de 2010? Melhor, igual ou pior que 2009? Muitas perguntas, poucas respostas, embora não faltem nesta altura as previsões do costume, em que sociólogos, economistas, comentadores políticos, videntes e muitos outros, avançam com as suas apostas para o Novo Ano.

Sabemos que em termos internacionais, o ano de 2010 será o Ano Internacional da Biodiversidade, pelo que algumas iniciativas a nível interno e internacional haverá a registar, para lembrar a importância crescente que a Natureza e a sua salvaguarda devem merecer da parte de todos. Contudo, não deixa de ser irónico que este ano Internacional da Biodiversidade surja na sequência do falhanço da Cimeira do Clima de Copenhaga.

A nível europeu, o Parlamento Europeu e o Conselho resolveram eleger o ano que se avizinha, como o Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social.

O Relatório Conjunto sobre Protecção Social e Inclusão Social de 2008, considera que 78 milhões de pessoas na União Europeia, das quais, 19 milhões são crianças, vivem em risco de pobreza. Por outro, lado existem grandes desigualdades a nível da União Europeia em termos de riqueza e pobreza extrema. A crise económica e social que assola o Mundo, já tem sido comparada com a Grande Depressão que atingiu de forma particularmente grave a Europa e a América no final da década de 20 do século XX.

Conhecemos regiões que são particularmente afectadas pela crise, como sejam o caso das regiões do Vale do Cávado ou Ave, devido ao encerramento de inúmeras empresas industriais que faliram ou se deslocalizaram.

As acções previstas a nível comunitário e nacional para assinalar este ano europeu de combate à pobreza e à exclusão passam pela realização de eventos e reuniões; campanhas informativas, promocionais e educativas; inquéritos e estudos à escala comunitária e nacional, nos termos da Decisão n.º 1098/2008/CE do Par lamento Europeu e do Conselho, de 22/10/2008.

Sem deixar de sublinhar a importância que o tema merece, parece evidente que o combate à pobreza e à exclusão social merece mais da parte de todos.
De um modo ou de outro, todos sentimos que uma parte do Mundo tal como o conhecemos está a ruir.

Ninguém sabe ao certo como será a Europa e o Mundo daqui a 10 anos. Ninguém sabe ao certo como será o ano de 2010. Mas uma coisa é certa. Temos todos a responsabilidade de fazer muito mais, pela preservação de uma sociedade inclusiva, que combata efectivamente as enormes e gritantes disparidades sociais e económicas que o país conhece.

Infelizmente, os sinais não são animadores e os políticos parecem mais interessados em colocar na ordem do dia outros assuntos, quiçá para desviar as atenções do essencial, que seria o combate à pobreza, ao desemprego e às desigualdades.

Contrastando, os salários e rendimentos dos gestores das grandes empresas prestadoras de serviços públicos essenciais, dos Bancos ou de empresas participadas pelo Estado, não pararam de crescer. Os escândalos sobre corrupção, gestão danosa, tráfico de influências, são uma constante.

Talvez os irlandeses tenham razões para estar mais optimistas que eu em relação ao futuro dos seus filhos.

A Irlanda defronta-se com os mesmos problemas económicos e sociais que Portugal. Contudo, há poucos dias, o governo irlandês anunciou, como medida para combater o défice excessivo do sector público e o grande endividamento do país, o corte em 10% dos salários dos funcionários públicos. O corte nos salários dos membros do governo chegou mesmo aos 20%. Entre nós, tirando os mass media, não ouvi, do governo à oposição, ninguém comentar este assunto. Porque será? Estaremos nós numa situação melhor que a Irlanda? Ou pura e simplesmente ninguém tem coragem de apresentar medidas difíceis, mas necessárias para salvar o país?