30.12.09

Prestação da casa desceu 26% em 2009

Paula Cordeiro, in Diário de Notícias

O ano de 2009 poderá não se repetir tão cedo, no que respeita à factura paga pelos portugueses com o seu empréstimo à compra de casa. Num ano, houve quem poupasse 2500 euros, com quedas na prestação que se situaram entre os 20% e 30%. Mas atenção: os primeiros sinais de subida dos juros estão aí. Em Janeiro, a prestação sobe, ainda que pouco.

Em 2009, os portugueses viram a prestação média do seu empréstimo à habitação cair 26%, graças à queda acentuada das taxas de juro. Num ano, a taxa mais usada nestes créditos, a Euribor a seis meses, baixou 70%.

No entanto, as boas notícias nesta matéria parecem ter chegado ao fim. A taxa média da Euribor a seis meses a ser usada para o cálculo das taxas dos novos empréstimos e das revisões que ocorrerem em Janeiro de 2010 vai subir, ainda que ligeiramente, face ao valor usado em Dezembro. Este pode ser o início da inversão do ciclo, ou seja, Janeiro poderá marcar o fim da queda das taxas de juro.

O valor médio da Euribor a seis meses em Dezembro (faltando um dia de negociação desta taxa interbancária) é de 0,996%, contra 0,993% de média em Novembro.

Embora seja uma subida de três milésimas - que se traduz num aumento de apenas um euro na prestação, de acordo com uma simulação feita pelo DN - é a primeira subida do valor médio do indexante em mais de um ano. No entanto, na Euribor a três meses, verifica-se ainda uma ligeira descida, passando de 0,716% em No- vembro para um valor médio de 0,713% em Dezembro.

A subida dos indexantes já era previsível, face ao comportamento destas taxas ao longo dos últimos dias, marcado por pequenas subidas. Analistas e outros responsáveis têm vindo a assinalar a subida das taxas directores do Banco Central Europeu para o segundo semestre do próximo ano, à medida que a retoma da economia europeia começar a acelerar.

Mas será necessário esperar pelo comportamento das taxas Euribor em Janeiro para se poder concluir que o ciclo da queda dos juros chegou ao fim.

Ao longo de 2009, as prestações médias de um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de um ponto percentual desceram de 748,04 euros em Janeiro de 2009, para 554,13 euros em Janeiro próximo. Ou seja, uma diferença de quase 200 euros e uma queda de 25,6%.

Embora o ano de 2009 tenha sido caracterizado por taxas de juro historicamente baixas, tal não significou uma maior procura de crédito à habitação por parte das famílias portuguesas. Perante a crise, os bancos fecharam a torneira do crédito, apertando significativamente os critérios de concessão de novos empréstimos. Isto foi conseguido com a subida dos spreads.

A análise do risco de cada cliente passou assim a ser feita à luz da actual situação socioeconómica, tentando prevenir o aumento do incumprimento, em resultado da subida do desemprego.

Até Outubro, o saldo do crédito à habitação crescia apenas 3%, ao mesmo tempo que o malparado disparava 21,7%. No entanto, a concessão de novos empréstimos começou a registar ligeiros aumentos a partir do Verão.