25.2.11

Saiba como ler os E's nos rótulos dos alimentos

in Jornal de Notícias

Uma vista de olhos rápida pelos rótulos dos alimentos revela, em alguns casos, a presença da letra E, seguida de 3 números. São os famosos E’s, muitas vezes acusados de «fazerem mal à saúde». Mas o que são afinal os E’s?

Com o objectivo de dar cor, realçar o sabor, aumentar o prazo de validade ou proporcionar uma melhor consistência dos alimentos, a indústria alimentar usa várias substâncias a que se dá o nome genérico de «aditivos». Os aditivos podem ser substâncias simples e de origem “natural” (como o sal usado nas carnes/peixes secos em sal) ou podem ser substâncias “artificiais” (como os edulcorantes usados para substituir o açúcar ou realçar o sabor dos alimentos).

Para garantir que os aditivos usados nos alimentos são seguros para a saúde, criou-se um sistema de avaliação da segurança destas substâncias. Assim, os aditivos passam por um conjunto alargado de testes e, se considerados seguros, é-lhes atribuído um código – a letra E, seguida de 3 algarismos. Para cada aditivo é definida uma dose segura e quantidades máximas permitidas. Além disso, a presença de aditivos deve vir obrigatoriamente descrita no rótulo, sendo à partida a indicação E-XXX uma garantia da segurança. Os aditivos são divididos por grupos, de acordo com as suas funções e a cada grupo é destinado um conjunto de números. Por exemplo, os números E entre 100 e 199 são corantes, enquanto os E200 a E299 são conservantes.

Existe alguma polémica relativamente à segurança de alguns aditivos e é frequente circularem na net boatos de que certos 'E’s' devem ser evitados. À semelhança do que acontece com outras substâncias presentes nos alimentos (glúten, lactose, etc.), alguns aditivos podem gerar reacções de «alergia» ou hipersensibilidade nalgumas pessoas. Por exemplo, benzoatos, sulfitos e nitratos podem desencadear reacções de intolerância, sobretudo em populações mais frágeis – crianças, idosos ou grávidas. Existe ainda o perigo de consumir aditivos não autorizados pela UE (logo, sem código E) através de produtos étnicos ou importados paralelamente - esta situação é particularmente grave em corantes industriais do tipo Sudão e Parared que estão associados a potencial risco carcinogénico.

Em conclusão, o facto de um alimento ou bebida conter E’s não significa que seja um produto “artificial” ou perigoso para a saúde. Os códigos “E” foram criados precisamente para que os consumidores pudessem identificar os aditivos testados e considerados seguros. Pode consultar a lista de E’s e conhecer melhor cada um deles na página da Agência Europeia para a Segurança Alimentar .

Rodrigo Abreu, nutricionista
geral@saber-comer.com