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A emigração é uma solução que muitos irlandeses estão a escolher perante as dificuldades de encontrar emprego ou pagar as despesas com a família ou a hipoteca da casa, na sequência da crise financeira que atinge o país.
As últimas estatísticas oficiais revelaram a mais elevada taxa de emigração desde os anos 1980, ao mesmo tempo que o número de imigrantes caiu quase metade entre abril de 2009 e abril de 2010.
Em 12 meses, terão saído da Irlanda 65.300 pessoas e prevê-se que a tendência continue, afirmou à agência Lusa o economista Alan McQuaid, da corretora Bloxham.
O instituto irlandês de Investigação Económica e Social calcula que sairão do país cerca de 100 mil pessoas entre 2010 e 2012.
“A história mostra que a Irlanda sempre exportou a população”, justificou, referindo-se à longa tradição de emigração, nomeadamente para o Reino Unido e EUA, onde há várias gerações de irlandeses.
Todavia, acrescentou, desta vez os destinos preferidos poderão ser Austrália e Canadá, que têm melhores perspetivas económicas.
A elevada emigração, indicou um relatório da Bloxham, poderá ser essencial na manutenção da taxa de desemprego à volta dos 14 por cento.
As principais razões para este êxodo são, além da falta de trabalho causada pela recessão, a dificuldade em pagar os encargos mensais.
Foi a bolha imobiliária que forçou o país a procurar ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2010 para impedir o colapso dos bancos.
Muitas pessoas aproveitaram o crédito barato dos últimos anos para comprar habitações ou investir em imobiliário para alugar, mas entretanto o valor caiu a pique.
A agência Moody’s estimou em fevereiro que seis por cento das hipotecas têm mais de três meses de prestações em atraso, fazendo crescer o fantasma de incumprimento e insolvência pessoal.
Receia-se que a situação tenha piorado à medida que é sentido o impacto das medidas de austeridade, nomeadamente o corte nas pensões e nas subvenções sociais.
E aumento das taxas de juro pelo Banco Central Europeu esperado para a próxima semana irá também aumentar as mensalidades pois a maioria dos empréstimos está indexado ao BCE.
“Vai colocar ainda mais pressão sobre o consumidor cujo orçamento já está esticado”, acredita McQuaid.


