in Jornal Público
Os hospitais públicos vão receber no próximo ano menos 300 milhões de euros, uma redução de 5 a 7%, anunciou hoje o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, durante o IV Fórum sobre a Gestão do Medicamento, promovido pela Associação dos Administradores Hospitalares.
Em declarações aos jornalistas à margem do mesmo encontro, o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, admitiu que as unidades vão viver com dificuldades, mas que estão disponíveis para “responder ao esforço que o país está a fazer para resolver o problema das contas públicas”. “A área da saúde e hospitalar é determinante para o problema das contas públicas. O nosso papel é dar o nosso melhor contributo. Nós estamos disponíveis para acompanhar as medidas determinadas pelo Ministério, moldando o orçamento dos hospitais ao que nos é pedido, mas dentro das possibilidades de cada hospital”, afirmou.
Pedro Lopes lembrou, contudo, que os hospitais trabalham para o doente, que não pode deixar de ser atendido em quantidade ou em qualidade”. “Estes dois pontos não são tocáveis”, frisou. O administrador manifestou também discordâncias face à aplicação generalizada dos cortes a todos os hospitais: existem unidades “que têm feito um grande esforço de há muito tempo nesta matéria e seria injusto exigir que fizessem mais esforços quando já o fizeram até ao momento”.
No encontro o secretário de Estado da Saúde chamou a atenção para o aumento da despesa com medicamentos em meio hospitalar e classificou como “muito preocupante” que esta tenha crescido 3,3%, segundo os dados do mês de Agosto passado. O governante advertiu que este aumento “não é sustentável” num quadro de “limitação do financiamento hospitalar” e numa altura em que o Estado irá Dar menos 300 milhões de euros aos hospitais em 2012, num montante de financiamento global de cerca de 4,5 mil milhões.
Pedro Lopes reconheceu que a despesa não deveria ter aumentado, mas considerou que o aumento de 3,3% registado em dados de Agosto de 2011 será menor no final do ano. Segundo Manuel Teixeira, a aumento da despesa dos hospitais com medicamentos surpreendeu o Ministério da Saúde, ainda mais quando o montante da comparticipação estatal em remédios no ambulatório diminuiu 19,3% no mesmo período.
Para o crescimento da despesa com fármacos em meio hospitalar, contribuíram sobretudo os antivíricos (cresceram 9%) e os medicamentos considerados inovadores, cuja despesa cresceu 48%. “As condições financeiras que o Serviço Nacional de Saúde enfrenta obrigam a olhar para isto de forma muito rigorosa. Temos de conciliar a introdução da inovação com custos que o sistema consiga suportar”, declarou.
O governante propõe, por exemplo, que as compras dos medicamentos inovadores passem a ser centralizadas, mediante as necessidades manifestadas por cada hospital. É necessário ser “muito profissional” na negociação dos preços dos medicamentos com os laboratórios para conseguir “ganhos imediatos”, acrescentou.


