2.10.14

Luta contra a pobreza na UE "não tem projecto comum"

por Ana Rodrigues, in RR

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza não tem dúvidas: falta estratégia na União Europeia para o combate à pobreza. Em entrevista à Renascença, Sérgio Aires diz-se muito preocupado com a forma desordenada como são gastos os fundos estruturais. E afirma que “cada país faz o que quer, porque faltam medidas concretas".

A União Europeia quer tirar 20 milhões de pessoas da situação de pobreza até 2020. É o objectivo concreto dos fundos estruturais atribuídos para o combate à pobreza e à exclusão social. Os Estados-membros são obrigados a canalizar, para esse fim, 20% do Fundo Social Europeu, o mais antigo dos fundos estruturais.

Por cá, exemplo disso, é o Programa de Apoio ao Emprego, que terá mais de dois mil milhões de euros. Mas, será que o dinheiro está a ser bem aplicado? Esta foi uma das dúvidas colocadas no 13º encontro de pessoas em situação de pobreza que decorreu em Bruxelas, este ano dedicado ao financiamento do combate à pobreza e à exclusão.

Portugal marcou presença com uma delegação composta por técnicos e com 3 mulheres que representaram os “rostos anónimos” da exclusão social no nosso país.

A jornalista Ana Rodrigues foi conhecer estas histórias de vida e falar com duas delas. Vivem em diferentes zonas do país, têm histórias de vida diferentes, mas são mulheres em situação de pobreza.

A Ana tem mais de 40 anos e é mãe. A Marina está na casa dos 20. Ambas apostaram na formação académica, licenciaram-se, mas não conseguem fugir ao desemprego. Em Bruxelas ouviram falar muito do combate à pobreza e de fundos estruturais para apoiar uma luta difícil.

Quem sente na pele o que é viver numa situação de pobreza quer ter voz nos programas de combate a este flagelo e foram estes testemunhos que foram levados a Bruxelas.

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza também esteve presente. É português. Sérgio Aires, sociólogo, é também responsável pelo Observatório da Luta Contra a Pobreza na cidade de Lisboa.

Em entrevista à Renascença coloca o dedo na ferida, para dizer que “a União Europeia não tem uma estratégia eficaz de combate à pobreza” e acrescenta que este é o momento ideal para se fazerem mudanças.