17.3.16

Draghi: “Desemprego jovem é uma tragédia”

Liliana Coelho, in "Expresso"

Presidente do Banco Central Europeu entende que o combate ao desemprego jovem e a reforma do mercado laboral devem ser prioridades da União Europeia

Mario Draghi manifesta-se preocupado quanto ao elevado desemprego jovem na Europa. Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) sustenta que o combate ao desemprego entre os mais novos e a reforma do mercado de trabalho devem ser prioridades da política europeia.

“O desemprego jovem é uma tragédia e não permite que as pessoas desempenham um papel com significado na sociedade. Isso coloca a economia em risco e ameaça a harmonia social”, declara o líder do BCE.

Afirmando que os jovens são frequentemente mal remunerados e têm contratos de trabalho temporários, quando não se encontram no desemprego, Draghi frisa que “isso significa também que os empregadores estão relutantes a investir em jovens, pelo que os proveitos para esta geração continuam escassos ao longo da sua vida.”

O regulador europeu lembra ainda que está em causa a sustentabilidade da Segurança Social em muitos Estados-membros e a falta de qualidade de vida de milhares de cidadãos europeus. “Ninguém fica eternamente jovem. A questão crucial é se uma pessoa pode participar inteiramente na economia ao longo da sua vida – de ter acesso a uma boa educação, encontrar um emprego e comprar casa para a família”, acrescenta.

Esta não é a primeira vez que Mario Draghi aponta para as consequências do desemprego jovem. Há três anos, o responsável já defendia que se o desemprego não é uniforme e afeta mais os mais jovens, na sua origem estão sobretudo problemas estruturais das economias europeias.

“Essa é uma das razões pelas quais os países precisam de levar a cabo reformas. A política monetária não pode fazer muito a esse nível”, disse então Draghi aos jornalistas, após uma reunião mensal do Conselho de Governo do BCE.

Esta quinta-feira, o líder do BCE anunciou a redução da taxa de juro para 0,00% e a expansão do programa de compra de ativos, com vista a estimular a concessão de crédito e o crescimento económico.