22.3.16

Guimarães lidera o acolhimento de refugiados no Norte do país

In "Diário do Minho"

Guimarães quer ser «exemplar» no acolhimento a refugiados DM Guimarães é o concelho que lidera o acolhimento de refugiados na região Norte do país. O concelho já acolheu 17 pessoas, 15 adultos e duas crianças, oriundas da Síria e Eritreia.

Rui de lemos Guimarães foi das primeiras comunidades do país a disponibilizar-se, a mobilizar-se e organizar-se para acolher refugiados de guerra.

A Câmara Municipal lançou um repto a organizações e entidades e depressa construiu um plano integrado de respostas para o acolhimento de 35 pessoas com necessidade de proteção internacional. «Estamos a acolher bem, vamos ser exemplares e referência. Tenho a certeza que vamos ser referência a nível nacional», considerou o presidente do Município, Domingos Bragança.

O autarca falava, ontem, na sessão de formalização do programa “Guimarães Acolhe”, que envolve 19 instituições, disponibilizando alojamento, serviços de saúde, apoio social, apoio jurídico, processo de legalização, ensino da língua, oferta de emprego, atividades culturais e recreativas. O programa visa proporcionar condições de bem-estar e segurança a 35 pessoas com REFUGIADOS ANSEIAM POR REUNIR A FAMÍLIA As primeiras impressões recolhidas junto dos três grupos de 17 pessoas com necessidade de proteção internacional acolhidos em Guimarães evidenciam «um forte desejo de reunir a família».

Segundo a vereadora responsável pela Ação Social vimaranense, todos os grupos de refugiados começam por «evidenciar um normal cansaço», mas depressa tentam estabelecer contacto com a família que se desagregou na fuga dos cenários de guerra. «A primeira preocupação é quando é que poderemos ter connosco os restantes elementos da família», revelou Paula Oliveira. Por isso, os alojamentos vimaranenses estão equipados com redes wi-fi, tentando fornecer acesso a equipamentos de telemóvel e computadores. Percebendo o desejo de manter um contacto permanente com os familiares, os responsáveis pelo consórcio “Guimarães Acolhe” tentam viabilizar o contacto permanente dos refugiados com as suas famílias, bem como «fazer tudo o que estiver ao nosso alcance» para ajudar a viabilizar o reencontro.

Necessidade de proteção internacional.

Aquele acordo de cooperação para o Plano de Ação do Município de Guimarães para o Acolhimento de Pessoas com Necessidade de Proteção Internacional sustenta o consórcio de instituições, coordenado tecnicamente pelo Município de Guimarães, em cooperação com o Conselho Português para os Refugiados e um conjunto de instituições que integram a Rede Social de Guimarães, o qual foi denominado “Guimarães Acolhe”.
O acordo estabelece o modo de funcionamento e os compromissos assumidos pelas organizações e serviços que o subscrevem, tendo em conta os compromissos definidos pelo Estado Português e os recursos locais que foram mobilizados. Guimarães já acolheu, até ao momento, 17 pessoas, que se encontram em alojamentos cedidos pela Santa Casa da Misericórdia de Guimarães e Venerável Ordem Terceira de S. Francisco.
«Temos capacidade para garantir imediatamente o bom acolhimento de 35 pessoas, mas já temos disponibilidade de outras instituições com condições para integrar o consórcio, que aumentam esta capacidade, inicialmente projetada para até 60 pessoas», apontou Paula Oliveira, vereadora do pelouro de Ação Social.

O Município de Guimarães está empenhado em que a integração de refugiados no seu território se faça «de forma plena». «Acolher não é só disponibilizar o alojamento, mas uma rede que se construiu, com IPSS, organismos como o Centro de Emprego, Agrupamento de Centros de Saúde, e outras estruturas informais da comunidade para que este acolhimento seja pleno e efetivo», valorizou Paula Oliveira, revelando que todos grupos acolhidos já têm médico de família, aulas de ensino de português e até duas ofertas de emprego.
O propósito é que todos os que sejam acolhidos em Guimarães com necessidade de proteção internacional, durante os próximos dois anos, «se sintam plenamente vimaranenses como nós». Neste momento, existe disponibilidade para mais alojamento de refugiados no Lar de Santa Estefânia, Centro Juvenil de S. José e Associação de Apoio à Criança.

Segundo o presidente da Câmara de Guimarães todo aquele plano surge da necessidade de «reação à desumanização» porque estão a passar milhares de pessoas que «fogem ao drama da guerra».