4.7.19

Trabalho Infantil de Crianças Refugiadas Sírias

in National Geographic

Na Turquia, milhares de crianças refugiadas trabalham com salários baixos para ajudar as suas famílias a sobreviver.

MERSIN, TURQUIA – Xunava é uma refugiada síria de 16 anos que sonha em regressar à escola. A última vez que Xunava esteve numa sala de aulas, em 2013, em Alepo na sua cidade natal, estava no quarto ano. Na altura, antes da sua família fugir para a Turquia, sonhava em ser médica.

Hoje, é uma criança trabalhadora na cidade costeira de Mersin, o ganha-pão de uma família de seis pessoas, a trabalhar seis dias por semana numa fábrica de costura. Não é a vida que ela ou os seus pais desejariam, mas quando as necessidades básicas são urgentes os desejos são luxos.

Noutra parte da Turquia, na cidade de Gaziantep, no sudeste do país, Mahmoud, de 11 anos, não sonha. (Por questões de segurança, apenas os primeiros nomes são referidos neste artigo.) A única esperança que ele tem é a de regressar a casa, em Alepo. O seu irmão mais velho, Ahmad, de 15 anos, diz que a sua ambição é ter um carro, para regressar à Síria, país de onde ambos fugiram em 2014 devido à guerra. Até recentemente, os dois rapazes trabalhavam na garagem de um mecânico. Agora, Mahmoud regressou à escola e Ahmad trabalha numa empresa de saneamento.

O trabalho infantil é ilegal na Turquia e, embora o governo turco e a Organização Internacional do Trabalho tenham declarado 2018 como “o ano para combater o trabalho infantil”, a dimensão do problema é desconhecida. Não existem estatísticas para o número de jovens sírios a trabalhar em indústrias como a agricultura, reparação de automóveis ou manufaturação, e os números mais recentes do governo para as crianças turcas datam de 2012. (Nesse ano, 893.000 crianças turcas, com idades entre os 6 e os 17 anos, estavam a trabalhar.)

Na Síria, mais de oito anos de guerra deslocaram – internamente ou além fronteiras – pelo menos metade dos 21 milhões de habitantes do país. Dos mais de 5.6 milhões de sírios que fugiram da sua terra natal, 3.6 milhões foram acolhidos pela Turquia, país com uma população de mais de 80 milhões de pessoas. A Turquia abriga agora a maior população de refugiados do mundo. Mais de 70% dos sírios na Turquia, que não estão confinados aos 13 campos que acolhem 137.000 compatriotas seus, vivem abaixo da linha de pobreza. Quase metade dos refugiados sírios na Turquia são crianças, mas apenas 590.000 frequentam a escola.

Esquerda: Ao longo dos anos, os enormes períodos de tempo a trabalhar na máquina de costura deixaram Xunava com problemas de saúde, incluindo um inchaço atrás dos joelhos e varizes que requerem cirurgia. Xunava diz que não pode perder tempo a procurar tratamentos. "Se eu não for trabalhar, quem é que vai ganhar dinheiro por mim?"


Direita: Até há pouco tempo, Mahmoud (à esquerda) trabalhava na garagem de um mecânico, das 08:00 às 19:00, seis dias por semana. O rapaz de 11 anos fugiu de Alepo com a sua família em 2014. Agora, frequenta a escola, mas ainda trabalha numa garagem com o seu tio, Hisham, aos sábados.

Há 3 anos, quando Xunava tinha apenas 13 anos e se sentou pela primeira vez atrás de uma máquina de costura, já tinha sobrevivido a bombardeamentos aéreos, helicópteros de guerra, bombas e homens armados a deambularem pelo seu bairro de Aleppine. Ela lembra-se do dia em que cinco bombas atingiram a padaria onde o pai, Khalil, trabalhava. Os estilhaços atingiram-lhe a cabeça, cortaram-lhe o pulso esquerdo e também o cegaram no olho esquerdo. Estávamos a 22 de outubro de 2012. Xunava e a sua mãe Jihane, juntamente com a sua irmã mais nova Lava, o irmão Ahmed e a irmã bebé Rojbeen, souberam do ataque através dos vizinhos que viram as notícias na televisão. Naquele dia, morreram 23 pessoas na padaria.

A família de Xunava permaneceu em Alepo durante as muitas reviravoltas do conflito sírio, desde os protestos pacíficos contra o presidente Bashar al Assad, em 2011, passando pela rebelião armada, até ao aparecimento de grupos extremistas como a Al Qaeda e o ISIS. Esses grupos lutaram ao lado dos rebeldes anti-Assad, lutaram contra os rebeldes e, noutras situações, também lutaram entre si. Na Síria, as guerras dentro da própria guerra aumentaram o perigo no campo de batalha, campo de batalha esse que já de si era confuso e sombrio.

A família de Xunava conseguiu subsistir em casa até que, numa manhã de fevereiro, em 2014, o perigo atingiu níveis insuportáveis. Dos céus, os helicópteros de Assad lançaram bombas que explodiram à sua volta. A família fugiu a correr sem levarem nada, pensando que estavam perante algo temporário. Agora, vários anos depois, Rojbeen ainda pergunta pelos seus blocos de brincar coloridos, e Ahmed anseia pela sua bicicleta.
A família procurou inicialmente refúgio junto de um familiar, na zona rural de Aleppine, mas os combatentes do ISIS controlavam a aldeia. "Nós tínhamos ainda mais medo", diz Xunava. O grupo extremista não tolerava dissidentes e puniu todos os que não respeitavam a sua interpretação estrita da lei islâmica com detenções, flagelações públicas e decapitações.

Mahmoud parece mais novo do que é na realidade. A sua mãe acredita que o crescimento de Mahmoud foi afetado pelo trabalho na garagem. “O meu coração fica destroçado quando envio os meus filhos para o trabalho”, diz a mãe. “Sinto que lhes falhei.”
Com o pai parcialmente cego e incapaz de andar mais do que alguns metros, devido ao agravamento de um problema nas costas, e com a mãe a enfrentar as sufocantes restrições dos extremistas em relação às mulheres, foi Xunava quem frequentemente se aventurou para comprar pão. Um dia, Xunava viu cabeças decapitadas no mercado. “Cabeças de homens”, diz, “exibidas perto da mesquita, e havia a cabeça de um homem caída no chão. Eles cortaram as suas cabeças. Eu vi aquilo.” Quando isto aconteceu, Xunava tinha 10 anos.

Para os seus pais foi o limite. A família abandonou a casa do familiar e mudou-se para uma tenda, num acampamento para os deslocados internos do país. Depois, em outubro de 2014, na esperança de encontrarem uma vida melhor, infiltraram-se todos pela fronteira turca, auxiliados por um contrabandista.

“Caminhámos cerca de uma hora, no escuro e no frio”, relembra Xunava. “Eu estava com muito medo – com medo de sermos apanhados pelos soldados turcos e regressar à Síria. Eu não queria voltar para a Síria e morrer.”
A família passou a primeira noite na Turquia, a dormir no chão da estação de autocarros de Gaziantep, a cerca de 100 km a norte de Alepo. Um turco desconhecido comprou-lhes sandes.
“Estava com muito medo de sermos apanhados pelos soldados turcos e regressar à Síria. Não queria voltar para a Síria e morrer.”
por XUNAVA, 16 ANOS

"Não sabíamos para onde ir ou o que fazer", diz Khalil, mas sabia que não queríamos viver num campo de refugiados. “Na Síria, vivíamos em tendas. Vimos como é essa vida”, diz o pai, “e eu não queria viver noutro acampamento”.

Seguindo o conselho de um amigo sírio, em Mersin, a família instalou-se na região. Jihane conseguiu trabalho numa fábrica de costura, mas o seu salário mensal de 350 liras turcas (cerca de 30 euros) mal dava para pagar a renda. A colher citrinos e outros produtos sazonais, desde o amanhecer ao anoitecer, ganhava mais dinheiro – cerca de 15 euros por dia – mas o trabalho era penoso. Jihane saiu rapidamente dos pomares para trabalhar numa fábrica de embalamento de citrinos, terminando muitas vezes o dia de trabalho muito para além da hora de dormir dos filhos. "Os anos passaram-se assim", diz Jihane.

Apesar de na Turquia as matrículas escolares serem gratuitas, Xunava e os seus irmãos não frequentavam a escola local – não falavam turco. E não conseguiam pagar uma das escolas privadas de língua árabe para sírios.
Em 2015, os pais de Xunava solicitaram, através das Nações Unidas, o realojamento para um terceiro país, não especificando um destino. A sua candidatura caiu na pilha de papéis de pessoas que procuravam refúgio nos Estados Unidos. Depois de inúmeras entrevistas, sendo que a mais recente foi no dia 2 de setembro de 2016, foram informados de que a sua inscrição tinha sido aprovada condicionalmente, aguardando novas verificações de segurança.

Pouco tempo depois, Donald Trump foi empossado como presidente e o seu governo introduziu a Ordem Executiva 13769 que, entre outras coisas, suspendeu por tempo indeterminado a entrada de refugiados sírios no país.
"Ouvimos falar sobre a interdição de muçulmanos, ficou tudo congelado para nós", diz Jihane. Em 2017, os EUA aceitaram 3.024 refugiados sírios; em 2018, apenas 41.

Em 2016, enquanto a candidatura da família estava a ser avaliada, e com Jihane exausta e incapaz de trabalhar diariamente, Xunava foi enviada para uma fábrica de costura. Sem saber costurar, foi colocada a entregar peças já cortadas aos operadores das máquinas, e a remover itens costurados da sua zona de trabalho. Xunava começava a trabalhar às oito da manhã, mas ficava até mais tarde, muito para além de todos os outros saírem às seis e meia da tarde, para limpar a oficina. O seu salário, de cerca de 70 euros por mês, era o mais inferior na sua posição.

Desejando mais, a adolescente aprendeu a costurar, esgueirando-se para ter lições de uma amiga, durante o intervalo de uma hora para almoçar e dois intervalos de 15 minutos. Xunava ficou assim habilitada a operar uma máquina de costura, duplicando o seu salário mensal.

Xunava aprendeu a falar turco com as suas novas amigas turcas, costureiras que mais tarde viriam a ser substituídas por mão-de-obra adolescente, mais barata, vinda da Síria. Em 2018, a irmã mais nova de Xunava, Lava, juntou-se a ela durante alguns meses, carregando tecidos entre os operadores de máquinas. Mas desistiu rapidamente, não só pelo medo que tinha de agulhas, mas também pelas dores que tinha nas costas e por não conseguir suportar o barulho. Entretanto, Xunava aprendeu a usar outras máquinas sozinha, aumentando o seu salário mensal para os atuais 150 euros. Xunava diz que pretende dominar mais de uma dezena de aparelhos de costura da fábrica para subir o seu ordenado até ao limite – cerca de 245 euros por mês.

A saúde de Xunava também paga um preço por tudo isto. O seu pulso direito, com ligaduras, costuma palpitar. As suas costas estão doridas. E perdeu a conta às vezes que já picou os dedos nas agulhas. O inchaço atrás dos joelhos e as veias varicosas, consequência dos longos períodos na cadeira, deixam-na com uma sensação nas pernas de “aprisionamento, congelada; não as consigo mexer, às vezes durante muito tempo.” Xunava precisa de uma cirurgia, mas tem medo de ficar incapacitada como o seu pai.

As gémeas de 14 anos de idade, Sidra (à esquerda) e Shahed, lembram-se das bombas lançadas em Alepo que as forçaram a sair de casa em 2013. "Ficámos felizes em abandonar as bombas e os aviões de guerra", diz Sidra. As irmãs matricularam-se em escolas de língua árabe, em Gaziantep, e estão agora em escolas turcas. "No momento em que perdemos tudo, fiquei determinado na educação das minhas filhas", diz o pai, Mahmoud.

Xunava não tem seguro de saúde no trabalho. (“Não, não temos nada disso, pelo menos os sírios”, diz Jihane.) Embora a Turquia ofereça assistência médica gratuita nos hospitais públicos, Xunava receia que os seus cuidados de saúde lhe façam perder horas de trabalho. “Depois, precisava de recuperar em casa durante algum tempo. E não vou conseguir trabalhar ”, diz Xunava. "Se eu não trabalhar, quem é que vai ganhar dinheiro por mim?"
Para Mahmoud e Ahmad, a Síria era má, mas a Turquia foi pior. Mahmoud, que parece muito mais jovem do que os seus 11 anos, lembra-se da Síria em excertos: o dia em que um míssil aterrou perto da escola; os pombos e vasos de plantas que a família tinha no telhado; estar reunido com a família, em torno de um fogão, numa tenda coberta de lama que inundou com uma forte tempestade; a família a ser contrabandeada para a Turquia em 2014.

Assim que se instalaram em Gaziantep, foram abandonados pelo pai que decidiu regressar à Síria porque, segundo a sua esposa: "Ele não suportava a situação aqui". Desde essa altura nunca mais receberam notícias dele.
Mahmoud acredita que o pai morreu. A mãe de Mahmoud, Ahmad (que não quis ser identificada com o seu nome de família por temer pela sua segurança) apoiou os quatro filhos (o mais novo tinha apenas dois), fazendo todos os trabalhos possíveis: a colher produtos nos campos, a lavar pratos e a fazer limpezas em fábricas. A mãe aprendeu a falar turco sozinha, e consegue falar bem, para servir clientes numa loja de mobiliário a uma curta distância do seu apartamento de dois quartos.

As longas horas de trabalho e os salários baixos foram desmoralizantes, mas não foram a pior exploração que Ahmad viveu. O mais doloroso e aterrorizante foi o assédio sexual e as insinuações, tanto de empregadores como de clientes. Ahmad, com 40 anos, até se arrepia quando se lembra dos números de telefone que lhe caíram nas mãos, associados a comentários como: "Cinquenta liras devem chegar." Esta mãe desistiu de vários empregos por causa disso.

“Fiquei devastada por me falarem dessa forma. Eu sou considerada barata porque sou pobre", diz. “Eles não olharam para mim e disseram: 'Esta mulher síria está a trabalhar porque tem orgulho e não vai pedir nada a ninguém'. Isto aconteceu muitas, muitas e muitas vezes. Demasiadas vezes. Apenas porque sou síria, mas não sou a única a quem isto acontece. Existe muita dor. Temos muitas mágoas, nem todas são visíveis.”
O seu salário mal dava para sustentar uma família de cinco pessoas, razão pela qual Ahmad e Mahmoud foram trabalhar, ao passo que as suas duas irmãs ficaram em casa. “O meu coração estava destroçado quando enviei os meus filhos para o trabalho”, diz Ahmad. “Eu sinto que lhes falhei. Mahmoud tinha apenas sete ou oito anos.”

Os irmãos trabalharam numa garagem, das oito da manhã às sete da tarde, seis dias por semana. "Eu varria o chão, fazia chá, entregava as ferramentas aos trabalhadores e guardava as ferramentas", diz Mahmoud. Ele diz que o seu chefe turco guardava as gorjetas que podiam aumentar o seu salário diário de cerca de 8 euros por dia. Um dia, Ahmad pisou um prego que se alojou no seu pé esquerdo. Em vez de cuidar da criança, o seu supervisor turco demitiu-o e abandonou-o à porta de casa. Pouco tempo depois, Ahmad encontrou o seu emprego atual, numa empresa de saneamento, a instalar tubos de canalização em edifícios em construção.

Entretanto, Mahmoud abandonou o emprego e assumiu a gestão da oficina do tio Hisham. Mas a sua asma piorou com a sujidade e poeira no espaço de trabalho. Em 2018, o seu tio, também ele refugiado sírio, ofereceu-se para pagar a renda e as despesas da mãe, Ahmad, dando a possibilidade aos dois rapazes e duas irmãs de frequentarem a escola pela primeira vez em anos. Ahmad, no entanto, preferiu continuar a trabalhar, para conseguir mais um salário para ajudar a sua mãe. Mahmoud foi para a escola, mas aos sábados ainda ajuda o tio para ganhar algum dinheiro.
A mãe preocupa-se com os efeitos psicológicos de todos estes eventos na vida dos filhos. Ela diz que, depois de deixarem a Síria, ambos desenvolveram um problema na fala e costumam ter pesadelos frequentemente. "Eles preocupam-se com assuntos de adultos, não com sonhos de infância", diz. “Os meus filhos não têm sonhos; eles estão devastados por dentro. Que Deus não perdoe todos aqueles que nos expulsaram dos nossos lares e fizeram isto connosco. Destruíram uma geração.”
As esperanças de alguma ajuda financeira para os sírios deslocados surgiram em novembro de 2016, quando o governo turco – em colaboração com a União Europeia, o Crescente Vermelho Turco e o Programa Alimentar Mundial – criou o programa Rede de Emergência de Segurança Social (ESSN na sigla em inglês). Ao seu abrigo, os refugiados sírios recebem pagamentos mensais de cerca de 18 euros por pessoa.
O dinheiro é alocado através de um instrumento de débito conhecido como o cartão Kizilay. Em maio de 2017, foi complementado com um programa chamado Transferência Condicional para a Educação, liderado pela UNICEF e pelo governo turco. Este programa oferece às famílias vulneráveis dos refugiados um incentivo financeiro para terem – e manterem – os seus filhos nas salas de aula.

Ahmed, 15 anos, de Idlib, na Síria, trabalha até tarde para produzir azeite virgem artesanal, em Hatay. O trabalho infantil é ilegal na Turquia, mas não existem estatísticas sobre o número de jovens sírios empregados em indústrias como a agricultura, mecânica ou manufaturação.
Para as crianças que perderam vários anos de educação compensa frequentar regularmente as escolas turcas, ou programas de aprendizagem acelerados, em centros de educação públicos e juvenis, com pagamentos em dinheiro bimestrais a rondar os 6 euros e os 10 euros, dependendo da idade e sexo da criança. Para incentivar a sua participação, as raparigas recebem mais do que os rapazes. Resumindo, o número de matrículas de refugiados nas escolas turcas tem aumentado constantemente.
Graças ao programa ESSN, a família de Mahmoud recebe agora mais 88 euros por mês, e Mahmoud está de regresso à escola. A família de Xunava ganha mais 146 euros por mês de ambos os programas, embora ela continue a trabalhar. O dinheiro extra ajuda, mas não é suficiente para sustentar todos.
"Ela devia estar na escola com os irmãos", diz Jihane sobre a filha mais velha. Na maioria das famílias de refugiados sírios, diz Jihane, “se o pai não está a trabalhar, existem filhos que vão trabalhar – mas nós dependemos de Xunava”.
Xunava diz que às vezes reflete sobre a forma como a guerra e o estatuto de refugiada lhe roubaram a infância. “Eu olho para os turcos, vejo como eles estão confortáveis e felizes no seu próprio país, e desejo o mesmo para mim, para a minha família e para todos os sírios.” Xunava anseia agora por duas coisas: o fim do conflito sírio e regressar à escola.
Quando Xunava chega a casa, já de noite, lê frequentemente os livros escolares da sua irmã Lava. "Já que eu não posso ir à escola, pelo menos fico feliz por os meus irmãos poderem”, diz. “Quando estávamos na Síria, eu odiava a escola. A minha mãe lembra-se de como era difícil tirar-me da cama pela manhã. Agora, arrependo-me disso. Eu adorava regressar à escola. Eu quero mesmo regressar, mas as nossas circunstâncias não o permitem.”

Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com