4.7.19

A Inteligência Artificial irá criar 58 milhões de postos de trabalho

Nuria Oliver, in Expresso

Nuria Oliver vê na evolução das máquinas uma oportunidade que não devemos deixar passar: "É muito importante que vejamos a Inteligência Artificial como uma oportunidade para melhorar a sociedade, para sobrevivermos enquanto espécie. No entanto, temos de nos preparar e de nos formar, para que isso possa ser uma realidade”.

Entre a desconfiança, a piada fácil e o medo absoluto, a extensão da inteligência artificial a todas as vertentes da nossa vida não deixa ninguém indiferente. Antes de morrer, o físico britânico Stephen Hawking afirmou que “o desenvolvimento de uma inteligência artificial completa pode significar o fim da espécie humana”. Outras figuras de relevo da área da tecnologia, como Elon Musk ou o cofundador da Apple, Steve Wozniak, comungam dessa preocupação. E, se as opiniões dos que estão destinados a abrir caminho neste terreno são tão pouco tranquilizadoras, ninguém pode censurar aqueles que, de posições mais desfavorecidas, olham com receio para umas máquinas que, a curto prazo, podem vir a pôr em causa o seu posto de trabalho.

Também não ajudaram os filmes em que os robôs se lançavam à conquista do mundo, aniquilando ou escravizando a humanidade. A propósito deste ódio — menos irracional — o professor da universidade de Loyola, em Chicago, Steve Jones, afirmava num artigo para a revista Forbes que a população tem “a sensação de que há uma força não humana, chamada tecnologia, que é uma ameaça”. Jones assegurava existir o risco real de aparecer um movimento neoludita que, à imagem e semelhança dos Britânicos do século XVIII, encete uma luta contra as máquinas por porem em perigo o seu emprego. Um movimento que — realça Jones — não acredita que a política e a economia sejam as vias para lidar com o inevitável avanço das novas tecnologias.

Nuria Oliver, prémio nacional de Informática 2016 e diretora de pesquisa de ciência de dados na Vodafone, crê que a inteligência artificial "terá um enorme impacto positivo na sociedade". E dá como exemplo o campo da saúde, onde as possibilidades que as novas tecnologias oferecem em áreas como a sequenciação do genoma humano ou a análise radiológica comparativa eram impensáveis há poucos anos. A inteligência artificial e os robôs serão, garantidamente, protagonistas daquilo a que já se chama quarta revolução industrial.

Não obstante, Oliver está consciente do receio que esta difusão rápida das máquinas em tão pouco tempo desperta, particularmente no que diz respeito ao emprego: "todos os estudos antecipam uma transformação radical que vai implicar a extinção de milhões de postos de trabalho; no entanto, serão criados muitos mais. Segundo o Foro Económico Mundial, criar-se-ão 58 milhões de postos de trabalho”. Este otimismo que abre um leque de possibilidades deve ser acompanhado de uma adequada política educativa, visto que ser utilizador de tecnologia não é o mesmo que entender como funciona, e atualmente as crianças não são preparadas para virem a ocupar esses novos postos de trabalho que serão exigidos nos próximos anos. Oliver vê na evolução das máquinas uma grande oportunidade que não devemos deixar passar: "É muito importante que vejamos a inteligência artificial como uma oportunidade para melhorar a sociedade, para sobrevivermos enquanto espécie. No entanto, temos de nos preparar e de nos formar, para que isso posso ser uma realidade”.

Entrevista e edição: Azahara Mígel, Maruxa Ruiz del Árbol, David Giraldo

Texto: José L. Álvarez Cedena