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4.8.23

Número de pessoas sem médico de família volta a ultrapassar 1,6 milhões

Alexandra Campos, in Público online

Bastou que saíssem do Serviço Nacional de Saúde seis especialistas de medicina geral e familiar para que quase dez mil pessoas perdessem médico de família.

O número de cidadãos sem médico de família atribuído no Serviço Nacional de Saúde (SNS) voltou a ultrapassar a barreira de 1,6 milhões em Julho, só porque nesse mês havia menos seis clínicos desta especialidade nos centros de saúde do que em Junho, indicam os dados que acabam de ser actualizados na plataforma Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários.

No mês passado, o número de utentes sem médico de família aumentou, assim, ligeiramente (eram mais 9455 pessoas a descoberto, como se diz na gíria), depois de em Junho ter descido de forma substantiva face a Maio – mês em que 1.764 mil inscritos não tinham clínico assistente atribuído nos centros de saúde, um total que representa um recorde nos últimos anos.

Esta diminuição de mais de 170 mil pessoas sem médico de família de Maio para Junho ficou a dever-se à contratação dos novos especialistas em medicina geral e familiar que ocuparam as vagas abertas no primeiro concurso de recrutamento deste ano. Mas, em Julho, o total de médicos de família com listas de utentes nos centros de saúde passou de 5506 para 5500, ao que tudo indica porque as entradas de jovens especialistas não terão compensado as saídas por aposentação, que este ano, tal como em 2022, estão a ocorrer em grande número.

(...)

O problema tem-se agravado nos últimos anos não só porque o SNS não consegue atrair e reter uma parte dos novos especialistas e porque o país estará atravessar um período de picos de aposentações de médicos de família, mas também porque o número de inscritos nos centros de saúde tem vindo a aumentar, com a chegada de imigrantes e o registo de muitas pessoas no SNS, por causa da vacinação, durante a pandemia de covid-19.

O Ministério da Saúde avisa, porém, que os números de Julho podem ser alterados nos próximos dias, uma vez que “a extracção e consolidação de dados do RNU [Registo Nacional de Utentes] está em curso”, prevendo-se que este trabalho “esteja concluído na próxima semana, devido à “tolerância de ponto” concedida esta quinta e sexta-feiras aos funcionários públicos no concelho de Lisboa, no âmbito da visita do Papa.

[artigo disponível na íntegra só para assinantes]

24.1.18

Esperar mil dias por uma consulta é “tempo excessivo”

in RR

Secretário de Estado da saúde pede que se encontrem soluções de "equilíbrio" e se aposte "no trabalho programado".
 
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, disse, esta terça-feira, que esperar cerca de mil dias por uma consulta é "tempo excessivo", depois de uma visita ao hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria (CHL).

À margem da visita, o secretário de Estado mostrou-se descontente com os indicadores do portal do Serviço Nacional de Saúde, denunciados na segunda-feira pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e que referem que os utentes dos hospitais públicos chegam a esperar mais de dois anos por uma primeira consulta prioritária de oftalmologia e um ano e meio por uma de pneumologia.

"É seguramente tempo excessivo. Temos de combater isso. Não podemos ficar descansados nem satisfeitos com esses resultados. Significa que estão pessoas à espera mais daquilo do que deviam. Temos é também de ter a força e determinação para encontrar boas soluções", salientou Fernando Araújo.

Os sindicatos já propuseram o "aumento do número de horas semanais alocadas à consulta dos médicos hospitalares", refere o SIM, lembrando que actualmente "praticamente metade do horário semanal normal de um médico hospitalar" está alocado à urgência.

Confrontado com estas exigências, o governante afirmou que "reduzir o horário de urgência e passá-lo para a consulta externa, para a cirurgia e para o internamento é uma das áreas" que tem de ser trabalhada, "mas isso não pode ser feito sem desfalcar os serviços de urgência", advertiu.

A solução terá de passar por um "equilíbrio" e por uma aposta "no trabalho programado", como as cirurgias.

Na visita ao hospital de Leiria, Fernando Araújo foi confrontado com algumas das vulnerabilidades desta unidade, nomeadamente a falta de médicos.

"Essa foi uma das questões que o presidente do conselho de administração me colocou. Gostava de sublinhar o profissionalismo e a motivação dos profissionais, que, apesar de algumas limitações de número dos recursos humanos, têm tido um excelente desempenho".

Em Leiria, a Medicina Interna é uma das especialidades com mais carência de médicos, revelou Fernando Araújo, apontando como uma das soluções de fixação de clínicos a contratação de médicos de outros hospitais.

Na sua intervenção, o presidente da administração, Hélder Roque, pediu à tutela que "reconheça a realidade em que se transformou a instituição", onde os seus colaboradores têm uma acção "dura, esforçada, empenhada e muito dedicada para assegurar o nível de desempenho" já atingido.

"É tão pouco o que pedimos. Permitam-nos que com autonomia e sem interferências que condicionam o elevado potencial que possuímos, responsavelmente, possamos acrescentar valor aos recursos humanos e financeiros colocados ao nosso dispor. Só queremos mais e melhor, colmatar as deficiências, as carências e as insuficiências que ainda temos. E achamos que merecemos porque conquistámos de pleno direito, daí a nossa angustia por não sentirmos reconhecido o mérito dos nossos colaboradores."