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2.9.22

Índice alimentar da FAO cai pelo quinto mês consecutivo

Isabel Aveiro, in Público online

Indicador que mede os preços dos bens alimentares essenciais nos mercados de exportação recuou 1,9% em Agosto.

O índice de preços alimentares da Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO, na sigla inglesa) recuou 1,9% em Agosto, para 138 pontos, face a Julho.

Foi o quinto mês, consecutivo, em que houve uma redução do indicador que resulta numa média de cinco subíndices de preços de bens alimentares (carne, lacticínios, cereais, óleos vegetais e açúcar) ponderados pela média das quotas de exportação mundial de cada um dos grupos no período de 2014-2016.

O índice, que atingiu o valor mais elevado da sua história de 32 anos em Março passado – em consequência do impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia e dos efeitos que a guerra iniciada a 24 de Fevereiro teve nos mercados de cereais, óleos vegetais e fertilizantes –, terminou Agosto 7,9% acima de igual mês de 2021.

Diz a FAO (sigla em inglês para Food and Agriculture Organization of the United Nations), no seu comunicado emitido esta sexta-feira, que “todos os cinco subíndices” do índice agregado “caíram moderadamente em Agosto, com decréscimos percentuais mensais que variam entre 1,4% para os cereais e 3,3% para os óleos vegetais”.




Reinício das exportações da Ucrânia alivia preço dos cereais

“Em Agosto”, explica a FAO, “os preços internacionais do trigo caíram 5,1%, marcando o terceiro decréscimo mensal consecutivo”, que se justifica com “melhores perspectivas de produção, especialmente no Canadá, Estados Unidos da América e Federação Russa”; por uma “maior disponibilidade sazonal à medida que as colheitas prosseguiam no hemisfério norte”; e pelo retomar das “exportações dos portos do Mar Negro na Ucrânia, pela primeira vez em mais de cinco meses de interrupção”.

“Contudo”, sublinham os responsáveis da agência da ONU para a alimentação mundial, “os preços globais do trigo permaneceram 10,6% acima dos seus valores em Agosto do ano passado”.

A queda mais expressiva, de 3,3%, ocorreu no índice que mede o preço dos óleos vegetais disponíveis para exportação nos mercados internacionais. E, aqui também, há um efeito directo da guerra: “os valores mundiais do óleo de girassol diminuíram” devido a uma menor procura de importação global, “que coincidiu com a retomada gradual dos carregamentos dos portos marítimos da Ucrânia”.

Além disso, o recuo “contínuo do índice foi impulsionado pelos preços mundiais mais baixos dos óleos de palma, girassol e colza”, que “mais do que compensaram as cotações mais elevadas do óleo de soja”. Os preços internacionais do óleo de palma, acrescenta a organização, “caíram pelo quinto mês consecutivo em Agosto”, impulsionados pelo aumento da oferta da Indonésia, “principalmente graças a impostos de exportação mais baixos”, conjugado com o aumento sazonal da produção no Sudeste Asiático.

Nos lacticínios (leite, manteiga e queijo), o recuo do subíndice foi de 2% e na carne de 1,5%. O indicador que monitoriza os preços internacionais do açúcar registou uma queda de 2,1%, em cadeia, face a Julho passado, situando-se agora no patamar mais baixo desde Julho de 2021, acrescenta a FAO.


15.6.22

Com milhões de pessoas afectadas, líderes da ONU querem medidas na OMC contra a crise alimentar

in Expresso das Ilhas

As responsáveis das Nações Unidas Rebeca Grynspan e Michelle Bachelet defenderam hoje um acordo na Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) para evitar que a guerra na Ucrânia agrave a crise alimentar para milhões de pessoas.

Numa carta aberta, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e secretária-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Rebeca Grynspan, escrevem que as negociações que decorrem esta semana em Genebra devem conduzir a um acordo que possa melhorar a escassez de alimentos que milhões de pessoas enfrentam nos países mais pobres, nomeadamente africanos.

Citada pela agência Efe, a carta aberta defende que deve ser acordado o fim das restrições à exportação de alimentos para os países menos desenvolvidos e aos importadores líquidos da cesta básica, e reclamam também apoio financeiro e técnico para que esses países possam tomar medidas de proteção social para evitar um agravamento da crise alimentar.

O objectivo, defendem, é “abrir caminho para o fortalecimento do sistema multilateral da agricultura”.

No texto, também se mostram esperançadas que a OMC garanta a obrigação de não impor restrições às exportações com fins humanitários para o Programa Alimentar Mundial, algo a que 80 países se comprometeram em 2021 mas que se tornou uma questão urgente este ano devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, que cortou o fornecimento de cereais a vários países africanos dependentes, o que causou ou agravou uma crise alimentar.

A guerra “aumentou a escassez de alimentos e a fome para dezenas de milhões de pessoas”, lê-se na carta aberta de Grynspan e Bachelet, que recordam que os países africanos são obrigados a importar cerca de 80% dos seus alimentos e 92% dos cereais a economias de outros continentes.

A Rússia e a Ucrânia concentram cerca de 25% das exportações de trigo e uns 15% das exportações de cevada, entre outros produtos básicos, pelo que a guerra entre os dois países, em conjunto com as sanções e o bloqueio marítimo russo no Mar Negro, agravou a crise alimentar mundial que começou durante a pandemia de covid-19.

A organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) calcula que os preços do trigo tenham aumentado cerca de 56% num ano, com os óleos vegetais a subirem 45% e os fertilizantes, outro produto muito exportado por estes dois países e fundamental para os países africanos, aumentaram 128%.