10.7.09

Mais de 600 empresas fecharam no distrito do Porto em dois anos

in Jornal Público

Sindicato afirma que existem 24 mil desempregados no sector do comércio e serviços e que 30 por cento dos trabalhadores no activo estão em situação precária


Mais de 600 micro e pequenas empresas de comércio e serviços do distrito do Porto encerraram nos últimos dois anos, lançando no desemprego mais de 24 mil trabalhadores, denunciou ontem o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal. Jorge Pinto, daquele sindicato, afirmou à Lusa que, dos trabalhadores no activo, "cerca de 30 por cento está em situação de precariedade".

Para o sindicato, o "forte abalo" sofrido pelo sector no Porto - com o encerramento, nos últimos anos, de "empresas de referência" como a António M. Rua, Tito Cunha, Casa Forte, Supermercado Vilares, Gomes Parente, Maluka, Don Coletto e Macmoda - resultou "das políticas neoliberais desenvolvidas na Europa" e das "políticas do Governo, que não soube tomar as medidas necessárias de apoio e incentivo ao pequeno comércio".
Jorge Pinto denuncia ainda a "falta de coragem política do Governo, ao não clarificar o encerramento do comércio ao domingo e feriados, criando desigualdades entre o comércio, com consequências sérias para todo o comércio a retalho". O sindicalista diz que, neste momento, continua a registar-se o encerramento de muitas empresas do sector, "ainda que a um ritmo menor", a que se soma o recurso ao despedimento colectivo em empresas como a Makro, o Automóvel Clube de Portugal e a Papelaria Fernandes e a não renovação dos contratos a termo certo nos supermercados e grandes superfícies.

De acordo com o sindicato, "nos centros comerciais o desemprego também aumentou, assim como o trabalho precário". Paralelamente, "verifica-se o crescimento dos contratos individuais de trabalho, onde não é salvaguardado o princípio do tratamento mais favorável, o que provoca uma enorme discriminação entre os trabalhadores".

Ainda assim, o sindicato defende que "existem potencialidades para reanimar o sector do comércio, quer na Baixa portuense, quer no distrito". "Mas, para isso, é preciso que a Câmara do Porto seja mais proactiva na atracção de investimento para a cidade, de forma a abrir novas lojas nas principais ruas da baixa", sustentou, apontando como mau exemplo da actuação camarária a não fixação do El Corte Inglés no Porto.