16.7.09

Norte absorve maioria de vagas no profissional

Helena Teixeira da Silva, in Jornal de Notícias

No próximo ano lectivo metade dos cursos de ensino secundário terão natureza profissional


Se a iniciativa Novas Oportunidades lançada por este Governo foi aposta ganha, os cursos profissionais serão os principais responsáveis por isso: entre 2006 e 2009, o número de inscritos aumentou 185%. E Sócrates já prometeu mais vagas neste ano.

No ano lectivo de 2009/2010 haverá 126 mil vagas - 48.693 mil novas - para alunos que pretendam frequentar cursos de ensino profissional. As escolas profissionais disponibilizarão mais 14.390 vagas, o que significa um aumento de 38,2% relativamente ao ano anterior. E as escolas públicas mais 23.818, a que corresponde um aumento de 46,7%.

O Norte é a região do país onde o número de vagas mais cresceu. Até ao primeiro dia deste mês, estavam disponíveis 47.701 lugares. Segue-se a zona Centro (33.187) e Lisboa (30.794). No Alentejo há pouco mais de dez mil vagas e no Algarve cerca de quatro mil.

O crescimento do número total de vagas na oferta do que é designado como sendo uma dupla qualificação, permitirá que a meta de 50% de alunos a frequentar este tipo de ensino secundário seja atingida já neste ano lectivo.


Os cursos profissionais estão disponíveis em 472 dos cerca de 500 estabelecimentos de ensino com oferta de cursos de nível secundário, o que representa uma cobertura de quase 90% - e mais de 70 mil vagas. A este universo, somam-se ainda 48 entidades privadas (colégios e externatos), onde também é possível frequentar o ensino profissional, correspondendo a cerca de 50 mil vagas.

Relativamente aos cursos, o maior crescimento de vagas no próximo ano lectivo, regista-se nas áreas da Construção e Engenharia Civil (160,9%), Electricidade e Energia (140%), Hotelaria e Restauração (115,2%), Audiovisuais e produção dos media (94,15%), Electrónica e Automação (81,6%) e Trabalho e orientação (76,2%). Os cursos de Turismo e Lazer (63,1%) e Serviços de apoio a crianças e jovens (60%) registaram também um aumento.

De acordo com a Agência Nacional para a Qualificação, que estruturou a oferta, o aumento de vagas nestas áreas "reflecte o esforço de adequação da oferta às necessidades do mercado de trabalho em sectores de grande dinâmica e de grande potencial de empregabilidade".

No próximo ano lectivo, há também áreas mais improváveis, que deverão ganhar maior relevo. O curso de artesanato, por exemplo, que não existia no ano passado, passará a ter 76 vagas. Também o curso de materiais (madeira, cortiça, papel, plástico, vidro, etc), que até aqui dispunha apenas de 18 vagas, passará a ter 77. E mesmo áreas que parecem sobrelotadas no ensino regular, como Ciências dentárias (mais 30 vagas) ou Arquitectura e urbanismo (mais 122 vagas) têm aqui uma séria oportunidade de crescimento. Em 38 cursos profissionais, apenas um, o de Ciências Informáticas, oferece menos vagas (menos 660), e mesmo assim estamos perante uma oferta de 7656 lugares.

Em 2006, a totalidade dos cursos profissionais dispunham apenas de 44 mil vagas. E - como fez questão de recordar anteontem o primeiro-ministro -, no último ano do Governo de coligação PSD/CDS-PP, em 2004/2005, eram menos dez mil. Para José Sócrates, este aumento de vagas corresponde à "correcção de um erro histórico: a desvalorização dada aos cursos profissionais nas últimas décadas de democracia".