Crise mundial gerou nove milhões de novos pobres

in Diário de Notícias

O ex-Presidente do Peru Alejandro Toledo afirmou hoje, durante um encontro com o Presidente da República, Cavaco Silva, que a actual crise económica mundial já terá gerado na América Latina cerca de nove milhões de novos pobres.
Alejandro Toledo e o ex-chefe de Estado do México Vicente Fox estiveram hoje reunidos com o Presidente da República de Portugal - uma audiência que antecedeu a realização da última sessão plenária da XIX Cimeira Ibero-Americana e na qual também participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, argentino, Jorge Taiana, salvadorenho, Hugo Martinez, e o secretário-geral Ibero Americano.

Toledo e Vicente Fox entregaram ao Presidente da República um relatório com propostas para uma agenda social para a democracia na América Latina, tendo em vista os próximos 20 anos.

Perante o chefe de Estado português, Toledo disse que o grupo que esteve na origem da elaboração do relatório "tem diferentes orientações políticas".

"Estamos com esta iniciativa a dar uma contribuição modesta, mas temos convicções firmes. Espero que o tema desta cimeira, dedicado à inovação e do conhecimento, não seja obscurecido por outras questões", afirmou o ex-Presidente peruano, numa referência implícita à questão política das Honduras.

Segundo Alejandro Toledo, em consequência da actual crise económica e financeira mundial, "a América Latina está a pagar um custo alto", estimando em "nove milhões" o número de novos pobres.

"Precisamos de apostar na inovação e no conhecimento, em novas soluções, para dar energia e água potável a todos os cidadãos", acrescentou, antes de o ex-chefe de Estado mexicano declarar que este grupo "está empenhado em procurar novos caminhos".

Num período mais descontraído da conversa, Cavaco Silva recordou a Vicente Fox o encontro que ambos tiveram há dois anos, em Montevideu, durante a penúltima Cimeira Ibero Americana.

O ex-chefe de Estado mexicano dirigiu depois palavras simpáticas a Cavaco Silva, dizendo-lhe que "Portugal é um país muito bonito com boa comida e bom vinho".

"Quando fui governador de Guanajuato [1995-2001] estive em Portugal para visitar as produções de vinho e de celulose", observou.