por Rudolfo Rebêlo, in Diário de Notícias
Os preços desceram 0,6% em Novembro face ao mesmo mês do ano passado, mas este mês (Dezembro) a variação já será nula. Com o preço dos combustíveis a aumentar, nos próximos meses a inflação vai subir, o que poderá agravar o nível de vida das famílias.
Em Novembro, os bens alimentares estavam 5,1% mais baratos do que no mesmo mês do ano passado. O peixe e a carne custavam menos 9% e quase 2%, respectivamente do que há um ano. Mas o ponto de viragem nos preços pode estar a dar-se neste momento. A alimentação e o vestuário estão a subir de preço e a tabela dos combustíveis, à saída das bombas, já está acima do praticado no ano passado.
Em Novembro, os preços estavam ainda 0,6% mais baixos do que em igual mês de 2008 e "em Dezembro, provavelmente, teremos uma inflação homóloga próximo de zero", refere Rui Constantino, economista chefe do Banco Santander de Negócios. A inflação média - a relevante para efeitos salariais - foi de -0,8%, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No final do ano, a queda dos preços médios deverá oscilar entre os 0,9% e 1%, a avaliar pelas previsões do Banco de Portugal e da Comissão Europeia.
A "inversão da inflação" vai continuar nos próximos meses, o que afasta definitivamente o cenário de uma baixa de preços continuada. A culpa vai para a evolução dos preços dos combustíveis - em Novembro já estavam 2,5% acima do praticado no mesmo mês do ano passado - mas a razão principal do aumento dos preços será provocada pelo chamado "efeito base" dos preços deste ano.
Ou seja, como os preços desceram este ano, qualquer pressão no sentido da alta produz inflação, o que deverá acontecer em todos as classes de inflação, desde a alimentação aos transportes. Assim, as últimas previsões para 2010 - da autoria da Comissão Europeia e da OCDE - indicam que os preços deverão crescer entre 0,8% e 1,3% em comparação com 2009.
Mas nem mesmo com os preços dos produtos e serviços mais baratos, as famílias gastam mais, num ano em que existiram aumentos salariais (na Função Pública) e poupanças nas taxas de juro. Com a confiança em baixa, os consumidores portugueses estão preocupados com a crise e com a alta do desemprego.


