Catarina Craveiro, in Jornal de Notícias
Energias limpas vão permitir poupança de 13 mil milhões de euros até 2015.
A aposta nas energias renováveis vai reflectir-se no crescimento da riqueza nacional, com o sector a representar 2,4% no PIB até 2015. Portugal poderá ainda poupar 13 mil milhões de euros em importações de energia.
O contributo das energias renováveis para a economia nacional deverá duplicar até 2015. A conclusão é de um estudo apresentado ontem pela Deloitte e pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Segundo o estudo "Impacto Macroeconómico do Sector das Energias em Portugal", em cinco anos, o peso do sector no Produto Interno Bruto (PIB) nacional será de 2,4%, atingindo os 4 mil milhões de euros, face aos dois mil milhões registados em 2008. No ano passado, a energia hídrica e a eólica, com um contributo de 1190 milhões e de 640 milhões, respectivamente, foram as que mais impulsionaram o sector.
Para António Sá da Costa, presidente da APREN, o desenvolvimento das renováveis em Portugal "traduz-se num conjunto de benefícios económicos, ambientais e sociais". Ao nível do emprego, entre 2005 e 2008, o sector registou um aumento médio de 9%, face à taxa anual média de 0,3% no emprego nacional, estimando-se que em 2015, o sector seja responsável por mais de 60 mil postos de trabalho directos e indirectos, o que representa 6% do nível de desemprego actual.
A aposta nas energias limpas (energia hídrica, eólica, bioenergia, solar fotovoltaica, geotérmica e ondas) irá permitir ao país grandes poupanças na importação de electricidade e de combustíveis fósseis para produção de energia. Em 2008, as importações evitadas por este sector representaram 1270 milhões de euros, um montante que corresponde a uma redução em 6% do saldo negativo da balança comercial nacional. Entre 2005 e 2015, o estudo estima uma poupança acumulada de mais de 13 mil milhões de euros em importações.
No que diz respeito ao ambiental, o impacto mais directo é na redução das emissões de CO2, com uma poupança global de cerca de 430 milhões de euros, e a aproximação às metas de Quioto. A redução das importações energéticas permitirá uma poupança de 1900 milhões de euros e a redução da dependência energética nacional.
O Protocolo de Quioto estabelece como meta para Portugal um total de emissões de 76 milhões de toneladas de CO2 até 2012. Tendo em conta o crescimento previsto entre 2008 e 2015, o estudo prevê que as energias renováveis evitem a emissão de 14 milhões de toneladas até 2012. Uma redução que irá permitir poupar mais de 2 mil milhões de euros. No total, somando as poupanças geradas pelas importações e pela redução de emissões, Portugal irá amealhar mais de 15 mil milhões de euros.
Ainda dentro de cinco anos, o sector das energias renováveis representará, de acordo com o estudo, - que tem como base a análise o período entre 2005 e 2008, e uma previsão de evolução do sector até ao ano de 2015 -, cerca de 50% do consumo nacional de electricidade, traduzindo-se numa taxa de crescimento de cerca de 8%. As perspectivas de Portugal superam os valores para a Europa e para o Mundo, com uma taxa de crescimento de 6%. António Sá da Costa acredita que o crescimento previsto para 2015 se estenderá por mais anos. "O crescimento para além de 2015 vai continuar a verificar-se, porque entre 2015 e 2020 é quando vão ser concluídas as grandes centrais hidroeléctricas", concluiu.


