16.2.11

Igreja quer mais voluntários no combate ao isolamento de pessoas idosas

Por Andreia Sanches e António Marujo, in Jornal Público

Utentes da teleassistência das misericórdias adiaram entrada em lares em dois anos

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão, disse ontem que são necessários mais voluntários para combater o isolamento dos idosos e prestar-lhes "apoio de proximidade familiar".

Comentando os casos noticiados de pessoas que morrem sozinhas, e permanecem mortas em casa durante dias (ou anos, como aconteceu com uma idosa descoberta na semana passada, em Rio de Mouro), Manuel Morujão disse que eles devem envergonhar e questionar a sociedade: "Como é que pessoas (...), para além de viverem sós, morrem sós, sem apoio algum e como é que se nota a sua falta tanto tempo depois?", perguntou no final da reunião do conselho permanente da CEP, citado pela agência Lusa. São situações como estas que devem levar à criação de "serviços de apoio às pessoas que vivem com dificuldades e na solidão", afirmou. E lembrou iniciativas de paróquias, juntas de freguesia ou associações.

Precisamente para reforçar o combate ao isolamento, também a Segurança Social já fez saber que está a trabalhar numa proposta de reforço do apoio à distância dos idosos que envolva as entidades que têm os meios tecnológicos necessários, bem como as instituições de solidariedade. Algo que Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), estranha. Em 2004, lembra, as misericórdias de Coimbra lançaram uma experiência de teleassistência com 400 idosos e a Segurança Social apoiou com 150 mil euros. Um dos resultados foi este: "Atrasámos a institucionalização [entrada nos lares] das pessoas em dois anos."

"Temos um aumento brutal do envelhecimento, não temos respostas institucionais, sobretudo lares. E temos pessoas que podem estar em casa, assim se sintam seguras, até porque não podemos transformar o país num gigantesco lar", diz. Por tudo isto, mas também perante o "sucesso" da experiência de Coimbra, outras misericórdias foram aderindo - e hoje há "cerca de 1500 cidadãos seniores com acesso a teleassistência domiciliária patrocinada por Santas Casas ou apoiadas por estas". Que agora se esteja a preparar uma proposta nesta área sem "dialogar" com a UMP, é algo que Manuel Lemos não entende. "Até pode haver experiências melhores do que a nossa, não é essa a questão, mas o Estado tem de dialogar. E àquele que é o seu maior parceiro na prestação de apoio a idosos, não perguntou nada. É o Estado no seu melhor.