Por Isabel Gorjão Santos, in Jornal Público
Quatro crianças ciganas, com idades entre os quatro e os onze anos, morreram num incêndio num acampamento ilegal na periferia de Roma. O presidente da autarquia, Giovanni Alemanno, disse que a “maldita burocracia” tem impedido o desmantelamento dos acampamentos ilegais.
As crianças – três rapazes de quatro, cinco e onze anos e uma rapariga de oito – estavam já a dormir quando, na noite de domingo, a barraca de plástico onde dormiam no acampamento cigano junto ao aeroporto de Ciampino foi devastada pelas chamas. A sua morte gerou fortes protestos contra as autoridades locais, depois de o presidente da autarquia ter anunciado que iria pôr fim a este tipo de acampamentos até ao final de Agosto, após outro incêndio que causaou a morte de uma criança.
Nas barracas de plástico atingidas pelas chamas viviam cerca de 20 pessoas, que foram entretanto alojadas numa estrutura de acolhimento da autarquia. Alemanno visitou o local e decretou um dia de luto, enquanto um porta-voz da autarquia respondeu às inúmeras críticas ao referir o plano do presidente da câmara para realojar cerca de 6000 cidadãos de etnia cigana, a viver numa dezena de acampamentos ilegais, até ao final deste ano, adiantou a AFP.
O presidente da autarquia de Roma manifestou aos familiares “a solidariedade de todos os romanos e italianos”, adiantou que esta tragédia “pesa dolorosamente sobre todos” e alertou para os riscos daqueles alojamentos precários que qualificou como “um problema grave em termos humanos e cívicos”, adiantou o “El País”. Mas o Partido Democrático em Roma, na oposição, criticou Alemanno por “encarar sempre a situação da população cigana como um mero problema de ordem pública”.
O pai de três das quatro crianças que morreram garantiu à agência francesa que “nem a autarquia nem qualquer outra entidade lhe propuseram qualquer alojamento”. Estas mortes indignaram várias organizações não governamentais e de defesa dos direitos humanos, como a Comunidade de Santo Egídio, que tem sido muito activa no apoio aos ciganos e considerou o que aconteceu “uma vergonha para a cidade de Roma e para a Itália”.
A causa do incêndio terá sido um aquecedor a lenha que tinha sido ligado para aquecer a família durante a noite, adiantou o diário italiano “Corriere della Sera”. As chamas terão deflagrado num momento em que os pais das crianças tinham saído para comprar comida e uma tia se afastara para ir buscar água, adiantou a BBC. Os familiares já pediram que os corpos sejam trasladados para a Roménia.
Em Itália vivem cerca de 150 mil ciganos e há cerca de 100 acampamentos na região de Roma.


