18.3.11

Burlões confundem idosos de meios rurais usando coletes semelhantes aos dos recenseadores

in Público On-line

A entrega dos inquéritos dos Censos 2011 está a ser dificultada em freguesias rurais das Caldas da Rainha e Alcobaça onde se registaram casos de burlas a idosos, efectuadas por indivíduos usando coletes semelhantes aos dos recenseadores e identificando-se como sendo da Segurança Social.

“Há uma semana que acompanho os recenseadores a todas as casas porque os idosos ficaram com medo de abrir a porta aos recenseadores”, disse à Lusa Maria João Querido, presidente da Junta de Freguesia de Carvalhal Benfeito, no concelho das Caldas da Rainha.

O receio instalou-se na freguesia com cerca de 650 fogos e 1700 habitantes depois de, a 9 de Março, uma idosa ter sido burlada por um homem envergando um colete amarelo, semelhante aos distribuídos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) aos recenseadores.

“Não fala nos Censos, mas as pessoas associam, por causa do colete”, explica a autarca e coordenadora do recenseamento na freguesia adiantando que “daí para a frente os idosos ou não abrem a porta ou, alguns, aparecem com um pau na mão ou soltam os cães” para receber o recenseador.

O mesmo tipo de burla foi registado na freguesia de Alvorninha, também no concelho das caldas da Rainha, disse Susana Costa, directora técnica da associação de desenvolvimento local.

Num dos casos “uma idosa entregou 160 euros, outra disse que só tinha 20 euros para o padeiro e, como chegou o marido, o homem acabou por se ir embora”, acrescenta a técnica responsável pelo centro de dia e apoio domiciliário na freguesia de Alvorninha.

Além destes casos, a GNR registou uma queixa se burla com recurso ao mesmo método na freguesia de Bárrio (concelho vizinho de Alcobaça), neste caso “envolvendo um casal que entregou dinheiro e ouro”, disse à Lusa o comandante do destacamento das Caldas da Rainha, capitão Carneiro.

Nas freguesias urbanas do concelho das Caldas não foi feita qualquer queixa às autoridades, mas o coordenador dos Censos na freguesia de Santo Onofre, Abílio Camacho, disse ter sido informado de que “um indivíduo fazendo-se passar por recenseador bateu a diversas portas pedindo o número de telefone das pessoas e questionando a que horas estariam em casa para entregar os inquéritos”.

Contactado pela Lusa, o INE esclareceu que “de uma forma geral os recenseadores têm sido bem recebidos” apesar de ter conhecimento de “situações em que as pessoas receiam abrir a porta por razões de segurança”.

Segundo o INE, nessas situações “a entrega dos questionários tem sido resolvida localmente, pelas equipas em campo”.

O INE relembra que os recenseadores são portadores de cartões de credenciação e usam coletes amarelos devidamente identificados com os logótipos do INE e dos Censos e sublinha a “excelente colaboração da PSP e da GNR em matéria de segurança à volta da operação Censos”.