10.10.11

Museus vão deixar de ser gratuitos aos domingos

in Jornal de Notícias

O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, afirmou, este sábado, que vai acabar com a entrada grátis dos museus ao domingo, admitindo reservar apenas um dia por mês para as visitas gratuitas.

"Provavelmente vamos reservar um dia por mês", disse Francisco José Viegas em entrevista à SIC Notícias, questionado sobre a revisão do regime de gratuitidade dos museus.

O secretário de Estado sublinhou que a percentagem de entradas pagas nos museus é, actualmente, de 36%, e que o nível ideal para a sustentabilidade destas instituições seria de 80%.

Segundo Viegas, as entradas pagas são "necessárias para conservar" os museus, e permitiriam que estes obtivessem mais receitas para financiar horários mais alargados de abertura ao público.

Na entrevista à SIC Notícias, o secretário de Estado falou várias vezes na necessidade de poupar, e considerou que "o facto de haver menos dinheiro é uma oportunidade para administrar melhor o dinheiro do contribuinte".

O secretário de Estado afirmou que "não percebe o receio" suscitado pela reavaliação pedida à colecção Berardo e salientou que "os contribuintes têm o direito de saber o estado real do investimento do Estado".

A Secretaria de Estado da Cultura solicitou à leiloeira internacional Sotheby"s uma nova avaliação do acervo da Colecção da Fundação Berardo, avaliado pela Christie"s em 316 milhões de euros em 2006, antes da criação do museu, mas o investidor Joe Berardo está contra e diz que é o único habilitado a avaliar o seu património.

Para o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, entrevistado na noite de sábado pela SIC Notícias, "é natural que a colecção seja reavaliada" para saber qual o valor actual de mercado desta colecção, em que o Estado terá direito de opção em 2016.

"Não percebo o receio da avaliação. De repente, toda a gente tem medo. Porque é que não pode ser reavaliada?", perguntou.

Viegas adiantou que "surgiram dúvidas" suscitadas por relatórios de entidades oficiais e que, por isso, decidiu averiguar.

Considerou também "estranho" que um protocolo que impede o Estado de avaliar a colecção e recordou que "em 2009, se dizia que 75% dessa colecção foi dada como garantia colateral de empréstimos bancários".

"A colecção está cativa ou não? Essa questão pode colocar-se. Se, em 2016, vamos ser confrontados com a questão de ficar, ou não, com a colecção temos de nos acautelar", frisou o governante.

Questionado sobre se está em causa a participação do Estado na Fundação Berardo, respondeu que o que está em causa é a participação "nas fundações".

"Não há dinheiro", destacou Francisco José Viegas, acrescentando que as fundações também estão a ser avaliadas.

"Temos de repensar [a nossa participação] em função das nossas disponibilidades financeiras, de acordo com o trabalho que tem sido feito", declarou o responsável da pasta da Cultura.