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2.8.17

Mulheres da ilha de Santa Maria, nos Açores, viram no desemprego oportunidade de negócio

in Diário de Notícias

Aos 23 anos, depois de passar pela fase do emprego-desemprego-emprego-desemprego, Érica Sousa, jovem residente em Santa Maria, nos Açores, decidiu arriscar e criar o seu próprio negócio com o apoio do Governo Regional.

"Não estava a arranjar emprego fixo", afirmou Érica Sousa, confessando que já era uma questão de estabilidade, que queria encontrar em Santa Maria, a ilha do grupo oriental do arquipélago onde hoje o executivo regional termina uma visita estatutária de dois dias.

A jovem arriscou e concorreu ao CPE Premium, um programa destinado a desempregados beneficiários de prestações de desemprego para criação do próprio emprego, e em janeiro de 2016 criou o seu restaurante com "take away".

"Foi uma boa opção, mas no inverno é muito complicado" dada a diminuição de pessoas, disse Érica Sousa, uma das empreendedoras que reuniu hoje com o presidente e vice-presidente do Governo Regional.

O CPE Premium permite que o beneficiário receba, de uma só vez, o valor do subsídio de desemprego a que tem direito, mais um apoio de três mil euros.

Como Érica Sousa, Ana Botelho contabilizava, nos últimos anos, uma história de "dois anos desempregada, nove meses empregada" e, de novo, o desemprego, outros seis meses.

"Não é vida para ninguém, é complicado par organizar uma vida", contou a mulher de 38 anos e mãe de duas filhas que decidiu, também, avançar com a criação do seu próprio negócio, que inclui limpezas, serviços administrativos e restauração.

Já Joana Braga, de 25 anos, resumiu, desta forma, a decisão de se lançar também como empresária: "Temos de tentar".

No mercado de Vila do Porto, único concelho da ilha de Santa Maria, abriu em maio uma loja onde vende trabalhos em feltro, aliando o jeito e gosto por uma atividade a um negócio que, embora recente, lhe dá uma segurança laboral que não encontrou antes.

"Estava sempre nisto, fora, dentro, fora, dentro. E cansei-me", declarou, por seu turno, Ana Sousa, de 42 anos, que é agora responsável por um 'snack-bar'.

Satisfeita, a empresária diz agora que já está a pensar em contratar alguém, embora reconhecendo que na ilha o inverno "reduz um bocadinho" em termos de negócio.

A Laura Couto, de 33 anos, o CPE Premim permitiu-lhe ser distribuidora de pão.

Os três mil euros que recebeu foram uma ajuda para comprar a viatura com que todos os dias, a partir das 05:30, calcorreia Santa Maria.

"Comecei porque tive os apoios, porque senão não teria como começar", disse a jovem ao presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, havendo ainda quem, contudo, confessasse dificuldades no início do negócio.

Aos jornalistas, Vasco Cordeiro declarou que "o êxito e o sucesso desses programas não se mede pela ausência de dificuldades, mede-se pelo facto de eles ajudarem a vencer essas dificuldades e a dificuldade maior é a falta de emprego".

"Na ilha de Santa Maria, este é um bom exemplo pelo facto de serem principalmente mulheres que agarraram esta oportunidade", adiantou, destacando outros indicadores no âmbito do desemprego.

Segundo Vasco Cordeiro, no final de 2014 havia 291 inscritos no centro de emprego, número que era de 120 na segunda-feira.

No arquipélago, o CPE Premium contemplou 364 pessoas; em Santa Maria 18.

22.1.15

Produção de fumeiro gera oportunidades de emprego

Eduardo Pinto, in Jornal de Notícias

Rui Duarte, Anabela Vassalo e Márcio Azevedo são do concelho de Montalegre, que acolhe mais uma feira do fumeiro, até domingo. Licenciados em áreas diferentes, têm em comum a arte de criar porcos e produzir presuntos, chouriças e salpicões. São três dos 76 expositores destas iguarias do Barroso no certame.

"O facto de a nossa terra ser muito fria garante caraterísticas diferenciadoras ao nosso fumeiro", realça Rui Duarte. Tem na produção de enchidos e presuntos uma atividade complementar à criação de suínos de raça bísara e bovinos de carne. "É que o fumeiro é uma atividade sazonal", justifica, esclarecendo que passar a produzir e comercializar todo o ano significaria "enveredar por uma atividade industrial e não é o que se pretende". Para transformação em fumeiro, Rui abate 25 porcos por ano, com uma média de 180 quilos cada.

Anabela Vassalo inspirou-se no avô para começar a atividade, há quatro anos, como complemento ao emprego numa gráfica de Montalegre. "O povo do Barroso tem uma identidade muito entranhada, que faz com que queiramos fazer mais e melhor, pela nossa terra", justifica.

É uma ideia que Márcio Azevedo partilha. Por isso, desenvolve com o irmão Tomás, engenheiro agrónomo no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a criação de porcos, produção de fumeiro e de mel. "Há seis anos, participámos na feira de Montalegre e a partir daí foi sempre a crescer. Começámos com três porcos e hoje temos 30 para abate", sublinha.

Ideias de crescimento

Márcio concorda com Rui Duarte quando este diz que o setor da criação de porcos e fumeiro, embora sendo uma atividade bonita e rentável, "exige muito trabalho e dedicação, absorvendo muitas horas de trabalho". "Ainda não dá para viver só dela", acentua o primeiro, mas, "ganhado maior escala e se houver melhor associativismo, haverá condições para viver só disto, e de uma forma desafogada, a curto prazo".

É o que quer fazer Rui Duarte, que, para já, tem 20 porcas reprodutoras, mas está à espera do novo quatro comunitário de apoio para ver se consegue financiamento para aumentar a exploração para 120 porcas. Anabela, que abate 20 porcos para fumeiro, também pensa ampliar a sua, "a curto prazo", contando com a ajuda da família para levar o projeto avante.

Em tempo de poucas oportunidades de trabalho, não há muito que pensar: "Ou os jovens desta zona emigram ou agarram-se às tradições e ao que sabem fazer bem feito, pois, aqui, indústria é quase zero", concordam.

Produzir fumeiro de qualidade atrai cada vez mais jovens. Como atividade principal ou complemento a outro emprego. Trabalhar na agricultura e pecuária deixou de ser mal visto, para passar a ser moda.