2.6.07

Durão Barroso alerta para "sombra de divisão"

Francisco Mangas, in Diário de Notícias

Durão Barroso disse ontem, no Porto, que o "impasse institucional" está a provocar "uma sombra de divisão sobre a Europa, a qual deve ser afastada definitivamente e com urgência". Para isso, "é fundamental" que os Estados membros assinem um "novo tratado" constitucional, afirmou o presidente da comissão Europeia, no encerramento da conferência "A Europa e as Regiões", integrada no programa de comemorações dos 120 anos do Jornal de Noticias.

Um acordo sobre o problema institucional "torna a União Europeia (UE) eficaz na defesa dos seus valores" e mais credível no exterior, sublinhou Barroso. Aos jornalistas - antes de entrar para o Salão Árabe, no Palácio da Bolsa - o presidente da Comissão Europeia referiu que a presidência portuguesa da UE será uma boa oportunidade para o País mostrar capacidade de "gerar consensos", dando um impulso ao debate e à definição do futuro "tratado simplificado europeu".

Sem este instrumento institucional, realçou, a UE não poderá defender, com eficácia, "seus valores e interesses" na cena mundial. "Existe um problema de credibilidade: como podemos dizer que somos capazes de resolver problemas globais (como o terrorismo ou as alterações climáticas), quando não conseguimos resolver os arranjos internos necessários para o novo tratado?".

Além de contribuir para mudar e reforçar a imagem a nível mundial, a assinatura e ratificação dos 27 estados membros do novo tratado, segundo o presidente da Comissão, surgirá também como "um momento de consolidação do último alargamento ", porque será a primeira vez que os novos Estados membros "negociarão, assinarão e ratificarão um tratado como membros plenos".

Barroso iniciou a sua intervenção a falar da política de coesão para 2007/2013, que complementa a Agenda de Lisboa. Graças a essa complementaridade, disse, "200 mil milhões dos 350 mil milhões que constam do orçamento da política de coesão" serão utilizados em investimentos associados à Agenda de Lisboa, que tem como prioridades o crescimento económico sustentado e criação de emprego. Espera-se que, até final de 2013, a política de coesão, "só por si, contribua para a criação de 2 milhões de novos postos de trabalho na Europa".