1.6.07

Misericórdias querem mais intervenção social

Magalhães Costa, in Jornal de Notícias

O Governo e a União das Misericórdias apostam no reforço da cooperação institucional ao nível do apoio social. Se por um lado, o papel das Misericórdias já é significativo na sua acção "caritativa" de apoio aos mais carenciados, representando já cerca de um quinto do esforço de cooperação com o Estado, o passo seguinte centra-se na expansão da rede de Cuidados Continuados.

Um desafio, de resto, lançado ontem por Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, na abertura do VIII Congresso Nacional das Misericórdias, que decorre até amanhã, em Braga. Numa alusão à temática do encontro - Modernidade e Boas Práticas -, Manuel Lemos manifestou a disponibilidade das Misericórdias para cooperar com o Estado no domínio dos cuidados de saúde, tendo em vista, um dos objectivos anunciados, "acabar com as listas de espera", no domínio da cirurgia.

Um propósito, de resto,que mereceu a "concordância" do ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José Vieira daSilva, que, na sua intervenção, recordou o chamado "Pacto de Cooperação Social", assinado há já um ano, envolvendo o Estado, Assciação Nacional de Municípios, Misericórdias e outras instituições de solidariedade social, tendo em vista "a afirmação da qualidade das políticas sociais".

E, neste domínio, o membro do Governo anunciou novos desafios no trabalho de cooperação entre o Estado e as Misericórdias, nomeadamente, na área da família, ao nível da primeira infância, que considerou "dos principais défices" da área social.

Outro objectivo enunciado por José Vieira da Silva tem a ver com o combate à pobreza, num trabalho que apelou a uma participação mais activa dos poderes locais. "O nosso Estado Social fez ainda pouco para combatar a pobreza e os problemas dos mais carenciados", sublinhou.

Na abertura do congresso, o padre Vitor Melícias enalteceu, ao longo do tempo, o papel das Misericórdias, cuja actividade é vista, em sua opinião, como "sinal de excelência de cidadania pela participação. As Misericórdias são hoje obras da comunidade com a Igreja e com o Estado".

Concluiu, dizendo que "souberam vencer a precaridade do tempo e afirmar-sa como um ideal de vida".