Bárbara Wong, in Jornal Público
Currículos mais flexíveis que possibilitem ter outras actividades que não apenas as curriculares e maior cooperação entre escolas, pais e comunidade são algumas das recomendações de um conjunto de professores europeus que desenvolveram o projecto All Aboard. As conclusões deste programa europeu foram ontem apresentadas, em Lisboa.
O All Aboard (que significa "Todos a bordo") reúne escolas da Bélgica, Noruega, Polónia, Portugal e República Checa e tem como objectivo o desenvolvimento da educação inclusiva, ou seja, integrar crianças com necessidades especiais nas escolas regulares. O projecto foi desenvolvido durante três anos no âmbito do programa europeu Comenius.
A escola portuguesa participante, a básica dos 2.º e 3.º ciclos Lindley Cintra, em Lisboa, identificou como principal problema a inclusão de crianças com necessidades educativas e de diferentes etnias. A receita para o sucesso escolar pode passar pela realização de actividades extracurriculares, onde os alunos desenvolvam competências e se sintam valorizados, sublinha Maria Adelaide Brito, coordenadora do projecto.
Durante a execução do All Aboard, todas as escolas europeias foram visitadas pelos parceiros. O que aprenderam as professoras portuguesas nesses encontros? Que há países com um currículo mais flexível, com legislação adaptada e com melhores condições de trabalho que Portugal. Salas com dez a 12 alunos e ateliers de música ou arte são outras das diferenças encontradas por Alexandra Costa, responsável no projecto.
A Lindley Cintra adoptou várias práticas de inclusão: no início do ano, cada um dos alunos mais velhos "adoptou" um mais novo, pelo qual é responsável; realizou actividades desportivas onde juntou todas as crianças; e criou um clube de aconselhamento para prevenir situações de risco. "São gestos simples que se traduzem em práticas de inclusão", explica Alexandra Costa.
Adelaide Brito preocupa-se com a integração dos alunos no mercado de trabalho e aponta o exemplo checo, cuja escola vocacional prepara os jovens para uma profissão. Após a conclusão do projecto, os cinco parceiros já voltaram a candidatar-se ao Comenius. Desta vez, querem integrar as experiências de mais dois países: Turquia e Letónia.