Andrea Cunha Freitas, in Jornal Público
Programa Eneas vai custar um milhão e 200 mil euros e é apoiado pela Agência Europeia do Ambiente, mas ainda espera apoio do Governo português
Mais de 15 escolas secundárias e cinco câmaras municipais, do norte ao sul do país, já aderiram ao projecto Eneas (European Network for Environement Assessment Services), que quer monitorizar o ambiente de Portugal.
Os parceiros da primeira fase do programa, que ambiciona a criação de uma rede transeuropeia, vão receber equipamentos, desde medidores de ozono a GPS, que permitem a recolha e tratamento de dados ambientais validados. O Eneas partiu de um professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), José Rocha Silva, e já garantiu o financiamento de um milhão e 200 mil euros.
O arranque para o terreno está marcado para Setembro, altura em que deverá iniciar-se a primeira ronda de 11 acções de formação dirigidas aos docentes encarregues do projecto nas escolas. Para já, há 15 estabelecimentos de ensino e cinco autarquias (Matosinhos, lagos, Almada, Póvoa do Lanhoso e Mirandela) integradas no projecto, com duração prevista de quatro anos e meio.
Mas José Rocha Silva quer mais. "Quantos mais melhor", desafia o docente da FEUP, que apresenta uma longa lista de atractivos no Eneas. Oferecendo uma base científica para uma análise ambiental do país, o projecto deverá seduzir autarcas e escolas que, desta forma, garantem o cumprimento dos pressupostos da Agenda 21 (plano estratégico para o desenvolvimento sustentável local e escolar). Por outro lado, professores e alunos terão aqui uma porta aberta para o "ensino experimental" aplicado e os docentes podem ainda somar pontos com a formação. Nas salas de aula, a experiência deverá envolver temáticas tão diversas como a física, a química, a biologia, a matemática, a informática e a electrónica.
Com microscópios, GPS, medidores de ozono, radiómetros e fotómetros, entre outros equipamentos, as autarquias e escolas vão recolher dados relacionados com áreas tão diversas como atmosfera, hidrologia, solos, cobertura de terrenos.
"Os aparelhos mais sofisticados, como um equipamento de captação de partículas, podem custar até cerca de 50 mil euros. Com simples radiómetros e fotómetros, que custa cerca de 150 euros, garantimos uma medição indirecta mas fiável da poluição", explica o docente da FEUP.
Todas as informações recolhidas, serão validadas e tratadas na FEUP, por uma equipa multidisciplinar composta por quatro pessoas, e posteriormente transmitidas para diversas agências europeias, entre as quais a Agência Europeia do Ambiente, que já aprovou a candidatura deste projecto. "Teremos, pelo menos, uma pintura genérica da qualidade do ambiente no país que queremos depois publicar os dados na Internet, quer na sua forma bruta, quer numa forma trabalhada com mapas e gráficos", adianta José Rocha Silva.
Mais do que uma mera base de dados científica e representativa, o Eneas aspira promover uma "modificação de atitudes da sociedade", refere o docente da FEUP. Assumidamente ambicioso, o projecto ambiental quer ainda servir de exemplo a outros países e, desta forma, ser ponto de partida para uma rede transeuropeia de escolas secundárias, universidades e autarquias.
1,2
milhão de euros foi quanto José Rocha e Silva já garantiue servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo